Luis Rogelio Nogueras
(poeta cubano) – poeticous.com
Oración por el hijo que
nunca va a nacer
Luis Rogelio Nogueras
Éramos tan pobres, oh hijo mío,
tan pobres
que hasta las ratas nos tenían compasión.
Cada mañana tu padre iba a la ciudad
para ver si algún poderoso lo empleaba
- aunque tan sólo fuera para limpiar los establos
a cambio de un poco de arroz-.
Pero los poderosos
pasaban de largo sin oír quejas
ni ruegos.
Y tu padre volvía en la noche,
pálido, y tan delgado bajo sus ropas raídas
que yo me ponía a llorar
y le pedía a Jizo, (*)
dios de las mujeres encintas
y de la fecundidad,
que no te trajera al mundo, hijo mío,
que te librara del hambre
y la humillación.
Y el buen dios me complacía.
Así fueron pasando los años sin alma.
Mis pechos se secaron,
y al cabo
tu padre murió
y yo envejecí.
Ahora sólo espero el fin,
como espera el ocaso a la noche
que habrá de echarle en los ojos
su negro manto.
Pero al menos
gracias al buen Jizo
tú escapaste del látigo de los señores
y de esta cruel existencia de perros.
Nada ni nadie te hará sufrir.
Las penas del mundo no te alcanzarán
jamás,
como no alcanza la artera flecha
al lejano halcón.
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Oração pelo filho que nunca vai nascer
Luis Rogelio Nogueras
Éramos tão pobres, oh meu filho,
tão pobres
que até os ratos de nós se compadeciam.
A cada manhã teu pai ia à cidade
p’ra ver se algum “poderoso” o empregava
- ainda que fosse tão somente para limpar os
estábulos
em troca de um pouco de arroz.
Mas os poderosos passavam adiante
sem ouvir queixas
e rogos.
Teu pai voltava pela noite,
pálido e tão magro, sob suas roupas gastas,
que eu me punha a chorar.
Então pedia a Jizó, (*)
deus das mulheres grávidas
e da
fertilidade,
que não te trouxesse ao mundo, filho meu,
que te livrasse da fome
e da humilhação.
E o bom deus me compreendia.
Assim foram
passando os anos, sem alma.
Meus seios secaram.
Por fim, teu pai morreu
e eu envelheci.
Agora espero apenas o fim
como o crepúsculo espera a noite
que virá cobrir-lhe os olhos
com seu negro manto.
Pelo menos,
graças ao bom Jizó,
tu escapaste ao chicote dos senhores
e desta cruel existência dos cães.
As aflições do mundo não te alcançarão,
jamais.
Assim como a astuta flecha não alcança
o distante falcão.
(Tradução de Sergio de Sersank)
Londrina-PR, Brasil, 08/07/2023
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(*) Jizō (地蔵), el
dios de los niños
En el panteón
budista se encuentra Jizō, una de las deidades más queridas. Este tipo de
deidades que fungen como padres y madres universales, seguramente fueron
producto del deseo de las madres tanto occidentales como orientales de proteger
a sus hijos aún desde el Más Allá.
Jizō es tan sabio como Buda, pero este no
alcanzó el estado de nirvana; se sacrificó para permanecer cerca de los niños.
Él es el protector de las almas más pequeñas, tanto las que habitan cuerpos
humanos como las que abandonaron la tierra prematuramente o nunca pudieron
nacer (mizuko 水子). También Jizō reconforta a las madres
embarazadas y a las que han perdido a sus hijos, sólo él puede hacerlo. Por eso, las
mujeres japonesas escriben oraciones en tiras de papel que dejan en ríos para que su corriente las lleve hasta el mar, donde habita Jizō
y aguarda por ellas.
Fuente:
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Biografía
Luis Rogelio Rodríguez Noguera, também conhecido como “Wichy”, el rojo, foi um poeta, escritor e dramaturgo cubano. Nasceu em Havana em 17 de novembro do ano 1944. Descobriu seu amor pela literatura desde pequeno, em parte devido à influência de sua família: seu tio, Alfonso Hernández Catá, era um reconhecido escritor. Seu pai foi jornalista e sua mãe escrevia também, por inclinação à arte literária. Por outro lado recebeu lições particulares de Letras durante os anos de formação básica. Do gosto pela leitura passou a criar rapidamente seus próprios relatos e poemas, alguns dos quais não tinha dúvidas em publicar ainda na infância.
Cabe, ressaltar que o Cinema foi
outra de suas paixões. Ele trabalhou durante algum tempo em um grupo amador de
atores e chegou a ocupar diversos postos numa companhia cinematográfica tanto
atuando quanto por detrás das câmeras. Mais tarde incursionou pela produção de
roteiros e aprendeu a técnica de capturar imagens com as câmeras, além de aprimorar
suas habilidades de desenhista para aproveitá-las na produção de curtas
animadas à mão.
Lamentavelmente, sua saúde não o
deixou ir muito longe. Veio a falecer em 06 de julho de 1985. Artista versátil,
escreveu diversos livros, dentre os quais se destacam: “El último caso del inspector”, “Exposicuba”, “Cabeza de
Zanahoria” e “Historia de una batalla”.
Fuente:
https://www.poemas-del-alma.com/luis-rogelio-nogueras.htm
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