Poemas, sim, mas de fogo
devorador.
Redondos como punhos
diante do perigo. Barcos decididos
na tempestade.
diante do perigo. Barcos decididos
na tempestade.
Cruéis. Mas de uma
crueldade pura: a do nascimento,
a do sono, a da morte.
Poemas, sim, mas rebeldes.
Inteiros como se de água, e,
como ela, abertos à geometria
de todos os corpos. Inteiros
apesar do barro e da ternura
do seu perfil de astros.
Poemas, sim, mas de sangue.
Que esses poemas brotem do
oculto. Que libertem o seu pus
na praça pública. Altos, vibrantes
como um sismo, um exorcismo
ou a morte de um filho.
crueldade pura: a do nascimento,
a do sono, a da morte.
Poemas, sim, mas rebeldes.
Inteiros como se de água, e,
como ela, abertos à geometria
de todos os corpos. Inteiros
apesar do barro e da ternura
do seu perfil de astros.
Poemas, sim, mas de sangue.
Que esses poemas brotem do
oculto. Que libertem o seu pus
na praça pública. Altos, vibrantes
como um sismo, um exorcismo
ou a morte de um filho.
Casimiro de Brito
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4 comentários:
Transcrevo o comentário, a seguir:
"Casimiro de Brito. Esse português de Loulé, nascido em 1938 e pouco conhecido dos brasileiros, é um aprendiz sensorial da vida. Todo ele tato e antenas, é o observador quase distraído que canta a poeira equilibrada no raio de luz matinal, as sombras matizadas do verão e os subsolos, os largos dias e, principalmente, o Sol.
Apolíneo e fascinado com as imagens e sensações que o mundo entrega para logo mais retomar, Casimiro de Brito é, acima de tudo, um poeta de paixões: mesmo quando fala em amor e em permanências, está louvando o momentâneo, o sentimento que queima, está brindando pela vida, chama ligeira, e pelas revelações avassaladoras que contêm todo o tempo em um mísero instante.
E, como devoto de Apolo — saiba ele ou não —, os momentos extremos da paixão estão também em seus ‘versos de fogo’: neles, nascimento e morte formam um único clarão cujo entremeio é composto pelas surpresas das descobertas de que há universos escondidos sob a pele por vezes grosseira da realidade."
Maurício Bonas
É assim que eu gosto deles, sabes?
Fortes. Impregnados de vida. Gosto de poemas que falam das coisas que nos gritam n'alma, que dizem o que está na voz do pássaro, no sonho da criança, na fúria do tsunami, na estrada sob o luar... Poemas feitos de fogo, de um fogo devorador... É desses que me alimento pra suportar o caminho das pedras reais.
Sobre os poemas, de modo geral.
Nossa que mundo que você tem aqui!!
Cada palavra que leio aqui ou que busco quando saio daqui me deixa extasiada de tanto prazer sinto vontades de devorar cada palavra.
Devorar literalmente devorar.
Fico feliz em poder compartilhar contigo essas preciosidades, Enide.
Fique à vontade e explore o blog.
Bj!
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