(Manhã)
Sersank Kojn
Numa nesga de céu, no horizonte em brumas, via faiscarem relâmpagos ao rumor descompassado dos trovões que -imaginava – outra coisa não eram senão a manifestação da cólera de Deus pelos pecados do mundo.
Agasalhado no peito, de repente, o coraçãozinho afligiu-se: as rosas do nosso canteiro estavam expostas à fatalidade! Por certo não resistiriam, perder-se-iam, para sempre, nessa terrível manhã!...
Passei a ver, então, que, de alguma forma, assemelhava-me a elas, assim como a tudo que vive e respira, por idêntica sujeição à austeridade das estranhas e transcendentes leis que regem as orquestrações da vida neste mundo. Temia pelos de casa, por seus destinos, temia por mim...
Como alguém que, a insistentes rumores externos, se vê despertado de edênico sonho, fiquei por um tempo a ver, pela vidraça, as coisas que o mau tempo ia, em torno, desnudando; as coisas todas, desprovidas de magia...
Era de uma tristeza inesquecível aquela manhã...
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Imagem:
http:fotologando.blogspot.com/2008/10/34-lindas-imagens-com-o-tema-da-chuva.html
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