Croatia-by Stankina-via BEAUTIFUL PLANET EARTH (Facebook)
TARDE DE DOMINGO
A vida escorrendo pela minha janela:
rio de águas barrentas, preguiçoso.
Sei que ele se move,
porque, na parede,
minha mãe tem um sorriso de moça.
A Morte vestiu o movimento
e passeia, fingindo ser a Vida,
nas ruas do mundo que vejo todo dia.
Mas, para mim ela está desnuda.
É por isso que estou triste.
E por isso, quando
pedaços das mortes de outras vidas caem
- cinzas fugidas da fogueira –
na minha vida,
tenho vontade de me derramar sobre o mundo
como um copo que se derrama sobre a toalha...
Moacir Félix
(Cubo de Trevas, 1947)
Félix, Moacyr (1926) |
Biografia
Moacyr Felix de Oliveira (Rio de Janeiro RJ, 1926). Termina o curso de Direito em 1948, mesmo ano em que é lançado seu primeiro livro de poesia, Cubo de Trevas. Entre 1950 e 1953 estuda na Faculdade de Letras da Universidade de Sorbonne, em Paris (França), onde também faz estudos de Filosofia no Collége de France. Até 1954 é redator e locutor de um programa da Radiodifusão e Televisão Francesa para a América Latina. De volta ao Brasil, trabalha como redator da revista literária Marco e redator e locutor de um programa semanal sobre poesia e literatura na Rádio Ministério da Educação e Cultura. Ainda nos anos 50 colabora em vários periódicos, entre os quais Correio da Manhã, Diário de Notícias,Alguma Poesia e Revista do Brasil. Em 1962 e 1963 é organizador e prefaciador dos três volumes da série Violão de Rua, para o Centro Popular de Cultura da UNE. É preso pelo regime militar, em 1966, por suas manifestações a favor da liberdade de expressão. Dirigiu a coleção Poesia Hoje, da Ed. Civilização Brasileira, entre 1963 e 1971. Colabora na revista Le Scarabée International, em 1982. É sócio-fundador da Associação Brasileira de Crítica Literária. Entre suas obras estão O Pão e o Vinho (1959), com o qual ganha o prêmio Alphonsus de Guimaraens de melhor livro de poesia, em 1960, e Em Nome da Vida, que recebe o prêmio de melhor livro de poesia no país em 1982, concedido pela APCA. Moacyr Félix pertence à segunda geração do modernismo brasileiro. Segundo o crítico Alceu Amoroso Lima, "o socialismo poético-libertário de Moacyr Félix representa uma face perene do sentimento de solidão do poeta, como todo exílio, mas também o protesto e a reivindicação social de um futuro melhor para sua gente e sua terra".
Fonte:
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