ACÉDIA
“Não sou nada
Nunca serei nada.
À parte isso, tenho em mim
todos os sonhos do mundo...”
FERNANDO PESSOA (“Tabacaria”)
Queria, esta noite,
embrenhar-me na estepe
que encobre as cidades
longe, a luzir...
Como o urutau, mãe-da-lua,
monarca indigente,
a ver por estrelas
azuis vaga-lumes.
Razão mais nenhuma,
alçar-me... Sumir...
Queria romper
a cortina da noite,
de vez adentrar-me
na bruma longínqua
do incerto porvir...
Como a ave impoluta,
senhora da noite,
alçar-me, expandir-me
e, p’ra sempre, sumir...
Sergio de Sersank
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