Tela de Pierre
Edouard Frere
Thiago de Mello
Como sei pouco, e sou pouco,
faço o pouco que me cabe
me dando inteiro.
Sabendo que não vou ver
o homem que quero ser.
Já sofri o suficiente
para não enganar a ninguém:
principalmente aos que sofrem
na própria vida, a garra
da opressão, e nem sabem.
Não tenho o sol escondido
no meu bolso de palavras.
Sou simplesmente um homem
para quem já a primeira
e desolada pessoa
do singular - foi deixando,
devagar, sofridamente
de ser, para transformar-se
- muito mais sofridamente -
na primeira e profunda pessoa
do plural.
Não importa que doa: é tempo
de avançar de mão dada
com quem vai no mesmo rumo,
mesmo que longe ainda esteja
de aprender a conjugar
o verbo amar.
É tempo sobretudo
de deixar de ser apenas
a solitária vanguarda
de nós mesmos.
Se trata de ir ao encontro.
( Dura no peito, arde a límpida
verdade dos nossos erros. )
Se trata de abrir o rumo.
Os que virão, serão povo,
e saber serão, lutando.
2 comentários:
Acho que letras, são o alimento das palavras, que alimentam as frases que me deixam com fome de ler então leio uma, duas, três vezes uma mesma frase a mesma poesia esperando me satisfazer, mas fico com dó de deixa-las mesmo sabendo que tenho outras para ler.
Ler poesia é um ato especial, diferenciado da leitura comum. Há que se captar o espírito das letras.
"Se os líderes lessem poesia, seriam mais sábios. " Octavio Paz (México,1914-1998)- Premio Nobel de Litreratura em 1990.
Postar um comentário