quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Convite: No dia Internacional da Mulher, 08/03/13 - Lançamento da obra ESTADO DE ESPÍRITO.



O autor SÉRGIO DE SERSANK e a Editora Íthala, têm o prazer de convidá-lo para a sessão de autógrafos e coquetel de lançamento da obra ESTADO DE ESPÍRITO.

Data: 8 de março, sexta-feira (Dia Internacional da Mulher)
Horário: A partir das 20:00 horas.
Local: Biblioteca Municipal de Londrina

Av. Rio de Janeiro, 413 | Centro| Londrina| PR
(43) 3371-6500


segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

PARA OS QUE VIRÃO



Tela de Pierre Edouard Frere




Thiago de Mello

Como sei pouco, e sou pouco,
faço o pouco que me cabe
me dando inteiro.
Sabendo que não vou ver
o homem que quero ser.

Já sofri o suficiente
para não enganar a ninguém:
principalmente aos que sofrem
na própria vida, a garra
da opressão, e nem sabem.

Não tenho o sol escondido
no meu bolso de palavras.
Sou simplesmente um homem
para quem já a primeira
e desolada pessoa
do singular - foi deixando,
devagar, sofridamente
de ser, para transformar-se
- muito mais sofridamente - 
na primeira e profunda pessoa
do plural.

Não importa que doa: é tempo
de avançar de mão dada
com quem vai no mesmo rumo,
mesmo que longe ainda esteja
de aprender a conjugar
o verbo amar.

É tempo sobretudo
de deixar de ser apenas
a solitária vanguarda
de nós mesmos.
Se trata de ir ao encontro.
( Dura no peito, arde a límpida
verdade dos nossos erros. )
Se trata de abrir o rumo.

Os que virão, serão povo,
e saber serão, lutando.

domingo, 17 de fevereiro de 2013

PABLO NERUDA - A voz que o tempo não cala.








O GENERAL FRANCO NOS INFERNOS

Pablo Neruda


Desgraçado, nem o fogo, nem o azeite fervendo
em um ninho de bruxas vulcânicas,
nem o gelo devorador,
nem a tartaruga pútrida
que ladrando e chorando com  voz de mulher morta
te escarve a barriga
buscando uma aliança
ou um brinquedo de criança degolada,
serão para ti apenas uma porta escura,
arrasada.

Na verdade, de inferno a inferno, o que há?
No uivo de tuas legiões ,
no leite santo das mães de Espanha,
no leite e nos seios pisoteados pelos caminhos,
tem uma aldeia a mais,
um silêncio mais,
uma porta quebrada.

Aqui estás. Triste pálpebra,
estrume de sinistras galinhas de sepulcro
pesado escarro,
emblema da traição que o sangue não apaga.
Quem, quem és?
Ó miserável folha de sal,
Ó cão da terra,
Ó bastarda covardia da sombra.

Retrocede a chama sem cinza,
a sede salina do inferno.
Os círculos da dor empalidecem.

Maldito, que só o humano te persiga.
Que dentro do absoluto fogo das coisas
não te consumas. Que não te percas
na escala do tempo
e que não te perfure o vidro ardente,
nem a feroz espuma.

Só, sozinho, para as lágrimas todas reunidas,
para uma eternidade de mãos mortas
e olhos apodrecidos,
só, em uma cova de teu inferno,
comendo pus silencioso e sangue
por uma eternidade maldita e solitária.
Não mereces dormir
ainda que teus olhos sejam cravados de alfinetes.

Deves estar desperto, caudilho,
desperto eternamente
entre a podridão das recém-paridas,
metralhadas no outono.
Todas, todas as tristes crianças esquartejadas,
rígidas, enforcadas,
esperam no teu inferno
o dia da festa fria: tua chegada!

Crianças negras pela exlosão,
pedaços vermelhos de miolo,
corredores de brancas vísceras
te esperam todos, todas,
na mesma atitude
de atravessar a rua,
de chutar a bola,
de comer uma fruta,
de sorrir ou nascer.

Sorrir!
Há sorrisos já demolidos pelo sangue
que esperam com dispersos dentes exterminados
e máscaras de confusa matéria,
rostos ocos de pólvora perpétua
e os fantasmas sem nome,
os obscuros escondidos,
os que nunca saíram de sua cama de escombros.

Todos te esperam para passar a noite.
Enchem os corredores
como algas corrompidas.

São nossos, foram nossa carne,
nossa saúde, nossa paz de forjas,
nesse oceano de ar e pulmões.
Através deles as terras secas refloriam.
Agora, para além da terra,
feitos substância destruída,
matéria assassinada, farinha morta,
te esperam em teu inferno.

Como o agudo espanto ou a dor se consomem
nem espanto, nem dor te aguardam.
Só e maldito sejas!
Só e desperto sejas entre os mortos.
E que o sangue desabe sobre ti como a chuva
e que uma agonizante rio de olhos cortados
resvale e te percorra, mirando-te sem fim.

Tradução de OLGA SAVARY(*)


“Pablo Neruda, como García Lorca, morreu oprimido pela brutalidade totalitária. Mas os portas do povo – e seus versos – ficam, enquanto o som e a fúria dos caudilhos e ditadores morrem com eles. “

LEIA O TEXTO  EN ESPAÑOL:

El general Franco en los infiernos 

Desventurado, ni el fuego ni el vinagre caliente
en un nido de brujas volcánicas,
ni el hielo devorante,
ni la tortuga pútrida
que ladrando y llorando con voz de mujer muerta
te escarbe la barriga
buscando una sortija nupcial
y un juguete de niño degollado,
serán para ti nada sino una puerta oscura
arrasada.

En efecto:
de infierno a infierno, que hay?
En el aullido de tus legiones,
en la santa leche de las madres de España,
en la leche y los senos pisoteados
por los caminos, hay una aldea más,
un silencio más,
una puerta rota.

Aquí estás. Triste párpado,
Estiércol de siniestras gallinas de sepulcro,
pesado esputo,
cifra de traición que la sangre no borra.
Quien, quien eres,
oh miserable hoja de sal,
oh perro de la tierra,
oh mal nacida palidez de sombra.

Retrocede la llama sin ceniza,
la sed salina del infierno,
los círculosdel dolor palidecen.

Maldito, que sólo lo humano te persiga,
que dentro del absoluto fuego de las cosas,
no te consumas, que no pierdas
en la escala del tiempo,
y que no te taladre el vidrio ardiendo
ni la feroz espuma.

Solo, solo, para las lágrimas todas reunidas,
para una eternidad de manos muertas
y ojos podridos,
solo en una cueva de tu infierno,
comiendo silenciosa pus y sangre
por una eternidad maldita y sola.

No mereces dormir
aunque sea clavados de alfileres los ojos:
debes estar despierto,
general, despierto eternamente
entre la podre dumbre de las recién paridas,
ametralladas en Otoño.
Todas, todos los tristes niños descuartizados,
tiesos, están colgados, esperando en tu infierno
ese día de fiesta fría: tu llegada.

Niños negros por la explosión,
trozos rojos de seso,
corredores de dulces intestinos,
te esperan todos, todos, en la misma actitud
de atravesar la calle,
de patear la pelota,
de tragar una fruta,
de sonreír o nacer.

Sonreír.
Hay sonrisas ya demolidas por la sangre
que esperan con dispersos dientes exterminados
y máscaras de confusa materia,
rostros huecos de pólvora perpetua,
y los fantasmas sin nombre,
los oscuros escondidos,
los que nunca salieron de su cama de escombros.

Todos te esperan para pasar la noche. 
Llenan los corredores
como algas corrompidas.

Son nuestros, fueron nuestra carne,
nuestra salud, nuestra paz de herrerías,
nuestro océano de aire y pulmones.
A través de ellos las secas tierras florecían.
Ahora, más allá de la tierra,
hechos substancia destruida,
materia asesinada, harina muerta,
te esperan en tu infierno.

Como el agudo espanto o el dolor se consumen,
ni espanto ni dolor te aguardan.
Solo y maldito seas,
solo y despierto seas entre todos los muertos,
y que la sangre caiga en ti como la lluvia,
y que un agonizante río de ojos cortados
te resbale y recorra mirándote sin término.

Pablo Neruda
España en el corazón
1936-1937


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Leia aqui a biografia do General Francisco Franco:




UM POEMA DE NERUDA



  

 

https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgHEOlQ01sV6P35XgrEBJpjDzul4BskA-6mC-0nxHflGTTJY9zj8OcBs4x2cFTnp73wUSrgDM3BVdI0xsAYLD3K-25OvgHMCIxwhTCGAs131j2d2Hp_IUDQWQedTkB23z9OoOJPFW6aseto/s400/20070113-pablo_neruda_400.jpg

Pablo Neruda


  


Em sua obra poética  “Canto Geral”, uma das mais belas da literatura de nosso continente, o poeta chileno Pablo Neruda dedica o poema abaixo transcrito ao nosso imortal Poeta dos Escravos.



XXIX - CASTRO ALVES DEL BRASIL

Pablo Neruda

Castro Alves del Brasil, tú para quién cantaste?
¿Para la flor cantaste? Para el agua
cuya hermosura dice palabras a las piedras?
¿Cantaste para los ojos, para el perfil cortado
de la que amaste entonces? Para la primavera?

Sí, pero aquellos pétalos no tenían rocío,
aquellas aguas negras no tenían palabras,
aquellos ojos eran los que vieron la muerte,
ardían los martirios aun detrás del amor,
la primavera estaba salpicada de sangre.

– Canté para los esclavos, ellos sobre los barcos
como el racimo oscuro del árbol de la ira
viajaron, y en el puerto se desangró el navío
dejándonos el peso de una sangre robada.

Canté en aquellos días contra el infierno,
contra las afiladas lenguas de la codicia,
contra el oro empapado en el tormento,
contra la mano que empuñaba el látigo,
contra los directores de tinieblas.

Cada rosa tenía un muerto en sus raíces.
La luz, la noche, el cielo se cubrían de llanto,
los ojos se apartaban de las manos heridas
y era mi voz la única que llenaba el silencio.

Yo quise que del hombre nos salváramos,
yo creía que la ruta pasaba por el hombre,
y que de allí tenía que salir el destino.
Yo canté para aquellos que no tenían voz.
Mi voz golpeó las puertas hasta entonces cerradas
para que, combatiendo, la Libertad entrase.

Castro Alves del Brasil, hoy que tu libro puro
vuelve a nacer para la tierra libre,
déjame a mí, poeta de nuestra pobre América,
coronar tu cabeza con el laurel del pueblo.
Tu voz se unió a la eterna y alta voz de los hombres.
35. Cantaste bien. Cantaste como debe cantarse.





XXIX - CASTRO ALVES DO BRASIL

Pablo Neruda

Castro Alves do Brasil, para quem cantaste?
Para a flor cantaste? Para a água
cuja formosura diz palavras às pedras?
Cantaste para os olhos para o perfil cortado
da que então amaste? Para a Primavera?

Sim, mas aquelas pétalas não tinham orvalho,
aquelas águas negras não tinham palavras,
aqueles olhos eram os que viram a morte,
ardiam ainda os martírios por detrás do amor,
a primavera estava salpicada de sangue.

“– Cantei para os escravos, eles sobre os navios
como um cacho escuro da árvore da ira,
viajaram, e no porto se dessangrou o navio
deixando-nos o peso de um sangue roubado.

– Cantei naqueles dias contra o inferno,
contra as afiadas léguas da cobiça,
contra o ouro empapado de tormento,
contra a mão que empunhava o chicote,
contra os dirigentes de trevas.

– Cada rosa tinha um morto nas raízes.
A luz, a noite, o céu, cobriam-se de pranto,
os olhos apartavam-se das mãos feridas
e era a minha voz a única que enchia o silêncio.

– Eu quis que do homem nos salvássemos,
eu cria que a rota passasse pelo homem,
e que daí tinha de sair o destino.
Cantei para aqueles que não tinham voz.
Minha voz bateu em portas até então fechadas
para que, combatendo, a liberdade entrasse.”

Castro Alves do Brasil, hoje que o teu livro puro
torna a nascer para a terra livre,
deixam-me  a mim, poeta da nossa América,
coroar a tua cabeça com os lauréis do povo.
Tua voz uniu-se à eterna e alta voz dos homens.
Cantaste bem. Cantaste como se deve cantar.



Extraido de
GONZAGA, Vera Lígia Mojaes Migliano – A Poesia Plural de Pablo Neruda, Tese de Doutorado. Araraquara – SP, 2009


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quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

NA FACE OCULTA DO MUNDO




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Deixai-os, se agora dançam
ao som de velha sanfona
a música interminável
da infelicidade alheia.

Nela, entre um riso e outro,
imersos em devaneios,
pisam com bêbados passos
a sua escondida dor.


Sergio de Sersank
Carnaval de 2013.

domingo, 3 de fevereiro de 2013

A MULHER QUE VIVE E FAZ POESIA




Imagem do Google





Que te move a escancarar
as portas do coração
mesmo o ego enclausurado
qual de monja medieval?

Ora te mostras - sereia
na praia do mar bravio,
enchendo a noite de luz.
Ora sofres como a noiva
à espera do combatente
que o mar nunca devolveu.

Ah,tanges a lira da alma
entre os júbilos que sonhas,
à volta do teu amado.
Sim, eu bem sei que sofres
a dor de todos os seres
no mundo envolto em magia.

Bem sei, já desceste o rio
dos beijos enluarados
na barca de um trovador.
Frágil rosa de Malherbe,
passarás. Mas serás sempre
anunciadora de vida.
Vens dar sentido ao amor.

Sergio de Sersank 





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COMENTÁRIO DE ISABEL FURINI, laureada poeta e escritora sobre a obra poética "Estado de Espírito"

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Letra: Sersank (Sergio S. Cunha)
Música: Irineu Santa Catarina


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ESPERANTO: La solvo (A solução)

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Veja aqui a NOTA da Prefeitura Municipal de Londrina sobre o lançamento doLivro de SERSANK

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EL VIAJE DEFINITIVO - Poema de Juan Ramon Jimenez

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