Catulo da Paixão Cearense
(Poema humorístico, em memória de Catullo da Paixão Cearense)
O mundo, agora, é concreto,
não tem luar, nem seresta.
Amar virou palavrão...
Hoje em dia, camarada,
poesia é uma charada,
o poeta um charlatão.
Seus versos – termos dispersos –
não têm ritmo ou cadência.
Se lhes sobra inteligência,
ressentem-se de emoção.
Aplaudem-nos, acadêmicos,
como linguagem de escol.
E a eles, horas a fio,
dedicam-se. É um desafio...
Que tempo “chove-não-molha”!
Que dias de insosso sol!
Será que uma vez na vida
essa gente esclarecida
parou pra ver a alvorada,
as aves em revoada,
o campo, sob o arrebol?
Poeta de hoje, a contento,
não dá azo a sentimento,
não provoca frenesi.
Cultiva a verve sistêmica;
está mais para a polêmica
do que para a arte em si.
Já não escreve, “digita”.
Não sofre. Não explicita
o que propõe-se a escrever.
São-lhe madrastas as musas,
e suas odes, confusas,
só louco as pode entender...
(Da coletânea "Estado de Espírito", de Sersank)
(Direitos autorais registrados e protegidos)
2 comentários:
Sobre o poema “DESAFOGO”
De Rosa Maria J.Fagotti
rj.fagotti@yahoo.com.br
Boa noite, meu amigo.
Vai um verso, confirmando a tua poesia"DESAFOGO":
Os versos que hoje leio,tão ausentes de desejo,emoção.
Não expressam os anseios, nem tocam o coração.
São tão frios como lápides, coisas desta geração.
Nicéia Fagotti
13-¬¬11-¬2011
Obrigado, Nicéia!
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