Fonte:
- Tânatos!... (grita em silêncio...)
O filho da noite eterna,
com seu coração de ferro,
tomou-lhe de assalto o reino -
este mesmo que, sem muros,
sem súditos, sentinelas,
e em ruinas, ia a tombar.
Nem mesmo bateu-lhe à porta.
Entrando, assim, sem alarde,
ao fim de uma fria tarde,
adormeceu-lhe o cãozinho
nos braços, a agonizar...
Mais só do que nunca esteve
precisará doravante
mudar a velha rotina
curvar-se à sorte, esperar...
Perdido o cão, neste assalto,
soluça, indo e vindo em casa.
A dor que sente extravasa
falando às plantas, à sós...
Se almas de antigos afetos
o podem ouvir soluçam,
soluçam talvez bem alto
porque perderam a voz...
Se almas de antigos afetos
o podem ouvir soluçam,
soluçam talvez bem alto
porque perderam a voz...
Por que morremos se o mundo
perde, assim, todo o sentido?
Que esperam de nós os deuses?
Que escondem nos seus desígnios?
- De que lhes servem - indaga
à flor que deixa caída:
- Ai, diz-me, de que lhes servem
os nossos restos de sonho,
as dores da nossa vida?
(Da coletânea "Estado de Espírito", de Sersank)
DIREITOS AUTORAIS PROTEGIDOS PELA LEI Nº 9610/98, de 19/02/1998
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