“Suave é viver só. Grande e nobre é viver simplesmente.”
Fernando Pessoa
Vejo, com certa freqüência,
nalgum ponto da cidade,
o velho Tião Verdureiro,
um desses heróis anônimos
que faz a adversidade.
Negro esquálido, sozinho,
de voz já quase inaudível
e prosa fluente e boa.
Enquanto sabe possível,
leva a custo o seu carrinho
sob sol, sob garoa.
Nele, no seu passo lento,
corporifica-se o tempo,
refém de alguma saudade.
Vejo-o como Jean Valjean,
guerreiro de alma-criança,
a levar viva no peito,
como um archote, a esperança.
Detém, bem sei, esse dom
de crer que, dia após dia,
vai melhor a humanidade.
Nem o fantasma da morte
o estorva, assim, de sonhar.
Por isso, em lugar de triste,
é terno o seu caminhar...
Ah, velho Tião verdureiro,
por viveres, simplesmente,
ensinas a probidade!
Antes que adentres o reino
ao alto da estreita via
que a todos nos desafia,
um tanto, talvez não muito,
da tua tenacidade
há de ficar para sempre
no coração da cidade!...
(Minha homenagem ao Velho Tião, de Rolândia, um cidadão exemplar)
Imagem:
Foto extraída de um vídeo clip de José Carlos Farina, disponível no You Tube)
Um comentário:
Sobre o poema “Registro”:
-Linda homenagem!
Rosane Cherem de Abreu, por e-mail
23 de abril de 2010
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