Os anos passam e, via de regra,
percebemos que lá no íntimo
vivem em nós os infantes que fomos.
Quando menos se espera,
ei-los que surgem e acenam para nos lembrar
que por nada temos nos aborrecido,
que não valeu a pena termos depressa perdido
a vontade de brincar.
Continuamos crianças.
A diferença é que
habituamo-nos a aceitar,
sem a mesma relutância,
as coisas acres, as coisas
estranhas que a vida tem ...
E, assim como terminamos
por gostar de gilós, de cebolas
e de pimenta, à mesa,
cedo nos destemperamos:
ora deitamos amargos,
ora acordamos azedos.
Cedo aprendemos a não confiar em estranhos.
Mas ficamos estranhos também.
Poema do livro "Estado de Espírito", de Sersank Kojn
(Direitos autorais protegidos por lei)
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