LUZITA PEDROSO
Faleceu na madrugada de ontem na capital
paranaense minha querida amiga Luzita
Pedroso. Eu a conheci na década de 70, em Rolândia, norte do Paraná.
Foi cidadã honorária daquela aprazível
cidade.
Humilde por natureza, mas de invejável
cultura; dinâmica, laboriosa, oradora de reconhecidos méritos, um nobre e
imenso coração de mulher.
Luzita é (não vou dizer que era) mãe de Eliane, Waldomiro, Luisinho e Luzita; tem muitos netos e bisnetos.
Natural de Curitiba, onde nasceu em 14 de setembro
de 1931, é filha de Maria Augusta Freitas da Silva e de Francisco Pereira da
Silva. Mudou-se para Rolândia (PR) em 1953, ainda jovem e recém-casada. Pouco tempo antes brilhara nas passarelas sagrando-se Miss Curitiba. Outro fato digno de nota é que a cidade de Rolândia deve a seu pai, poeta e
escritor renomado, membro da Academia Paranaense de Letras, também conhecido
pelo pseudônimo de “Saturnino do Sul”, a autoria da belíssima letra do Hino Oficial do Município de Rolândia.
Ela e seu prestimoso marido, Dr. Luiz Carlos Pedroso, espíritas
convictos, dedicavam-se ao trabalho assistencial de inúmeras famílias carentes
do Município. Eram formidáveis as tertúlias que realizavam numa dependência anexa à residência, sempre lotada de interessados em
ouvir suas preleções do Evangelho à luz da Doutrina Espírita.
A 11 de março de 1979, com Joaquim
Norberto e Célia Xavier de Camargo, fundaram e construíram, com as dificuldades
próprias da época, a Sociedade Espírita
Maria de Nazaré, localizada no Jardim Planalto. Penso que seja importante destacar que no movimento espírita não existe a prática da cobrança de dízimo.
Dr. Luiz Carlos estabelecera ali, à
época, uma extensão do seu consultório clínico. Em dias e horários
determinados, após as consultas, o ambulatório atendia com medicamentos inúmeras
famílias carentes. Tudo era feito graciosamente por verdadeiro espírito de altruísmo
e filantropia.
Na pequena Casa, além dos estudos
doutrinários, das palestras públicas semanais, seguidas de sessões de passe, dos
primeiros cursos de formação e preparação de médiuns, dos cursos de artesanato e das atividades de assistência às gestantes, distribuía-se aos necessitados, pelas tardes de sábado, deliciosa sopa de legumes que os servidores
anônimos ao fim do trabalho tomavam também, com alegria.
A casa, apesar do reduzido
espaço, fizera-se templo, escola e oficina. Tenho por inesquecíveis as cantigas, os
folguedos e as belíssimas aulas de evangelização infantil da Célia Xavier
Camargo, ricas de histórias que surgiam espontaneamente exaltando a moral
cristã.
Em 26 de setembro de 1984 ela e o
marido, aliados a um grupo de amigos, fundaram o Movimento Assistencial Espírita – MÃE.
O trabalho continuava. Inúmeras
famílias carentes assistidas. Dificuldades enormes. Após longa enfermidade, mas
demonstrando toda a energia de sua fé raciocinada, sorrindo diante da
adversidade, resignado e terno ao tomar-lhe e beijar-lhe as mãos, em despedida,
veio a falecer o seu valoroso marido e companheiro, inolvidável médico rolandiense
Dr. Luiz Carlos Pedroso. Nem isso a
abateu. Manteve-se firme com postura missionária, diante do grande trabalho que
estava por se realizar.
Em setembro de 1995, fundou e edificou, com outros
companheiros, a Casa Espírita União,
localizada na Rua Alfredo Moreira Filho, no interior da qual implantou o Projeto
Casa do Caminho, consistindo de quatro unidades residenciais, mobiliadas,
cada uma delas abrigando sem ônus, uma senhora idosa carente, por tempo
indeterminado.
Tive o privilégio de me incluir, por
diversas vezes, sempre que passava algum tempo na cidade, ao devotado grupo de
amigos do Movimento Assistencial
Espírita – MÃE - esta exemplar Instituição benemérita nascida dos sonhos de pacificação e edificação
de um mundo melhor alicerçado nos ensinamentos do Cristo. Ali ministrei por alguns meses, um curso básico, inteiramente gratuito, de esperanto.
Vejo hoje com satisfação que os frondosos ideais de Luiz Carlos e Luzita Pedroso, com a participação de inúmeros colaboradores, ganharam forma e se consolidam na Sociedade Espírita Assistencial apta a enfrentar os desafios do futuro, considerando-se a extensão desse temerário ciclo em que nos demoramos, ciclo de sempre novas e sucessivas necessidades individuais (ou mesmo coletivas) de paz, de fraternidade e de luz.
Vejo hoje com satisfação que os frondosos ideais de Luiz Carlos e Luzita Pedroso, com a participação de inúmeros colaboradores, ganharam forma e se consolidam na Sociedade Espírita Assistencial apta a enfrentar os desafios do futuro, considerando-se a extensão desse temerário ciclo em que nos demoramos, ciclo de sempre novas e sucessivas necessidades individuais (ou mesmo coletivas) de paz, de fraternidade e de luz.
Sou e continuarei admirador inconteste
do trabalho de Luzita, a mãe dos pobres
de Rolândia. Por diversas vezes, nos meus regressos à cidade, eu a visitava.
Depois ia participar das reuniões públicas. Gostava de impregnar-me daquela sua
verdadeira alegria cristã. Devo confessar que nutria o meu pobre espírito dos
seus exemplos de fé, de devotamento, de humildade e de amor.
Ela, às vezes, me chamava a um canto e andava alguns passos comigo. Numa dessas ocasiões quando lhe falei das minhas preocupações com referência ao número de pessoas pobres que chegavam e parecia aumentar de forma desigual aos recursos do grupo, lembrou-me exemplos de Nossa Mãe, Maria Santíssima a quem humildemente reverenciava e tinha como fonte de inspiração.
Disse-me: “Sergio, não se esqueça de que sempre podemos contar com a assistência de Maria, a Mãe de Nosso Senhor. Ela estará sempre junto de cada um de nós quando assumirmos responsabilidades e compromissos em favor das criaturas que sofrem.”
Ela, às vezes, me chamava a um canto e andava alguns passos comigo. Numa dessas ocasiões quando lhe falei das minhas preocupações com referência ao número de pessoas pobres que chegavam e parecia aumentar de forma desigual aos recursos do grupo, lembrou-me exemplos de Nossa Mãe, Maria Santíssima a quem humildemente reverenciava e tinha como fonte de inspiração.
Disse-me: “Sergio, não se esqueça de que sempre podemos contar com a assistência de Maria, a Mãe de Nosso Senhor. Ela estará sempre junto de cada um de nós quando assumirmos responsabilidades e compromissos em favor das criaturas que sofrem.”
Hoje, quando nos reunimos em oração
para expressar a Deus e a ela a nossa gratidão, devemos também aplaudi-la por
sua existência plena de exemplos dignificantes, pela amizade com que nos
distinguiu a todos e a cada um, por seu profundo amor à família e por seu
devotamento exemplar à causa dos menos favorecidos.
“Ninguém acende uma
candeia, para colocá-la num lugar escondido ou debaixo do alqueire; mas
coloca-a no candelabro, para que vejam a luz aqueles que entram.” (Lc 11, 33)
Querida amiga, Maria
da Luz Silva Pedroso, que
todos conhecemos
por Luzita,
essa pequena luz contida em teu codinome
é uma afirmação de humildade, mas não nos oculta a tua grandeza de alma.
Tiveste em mãos pelos caminhos
terrestres e agora conduzes pelas sendas da Vida Sublimada a candeia que
tomaste ao Grande Archote da Esperança, o qual um dia enfraquecido flamejou no
Monte Calvário, mas depois vigorosamente ressurgiu no Tabor e incendeu a Terra.
Fizeste-a luzir pelos caminhos que trilhou. Sob essa mesma luz caminhamos e
caminharemos todos os que te amam e
admiram.
Deus te guie! Paz e Luz, querida Luzita, irmã e amiga Maria
da Luz!
O amor de Maria
ela reproduzia
no riso e no olhar.
Que fé demonstrava!
Que luz dispersava,
no instante de orar!
(Sersank)
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