terça-feira, 1 de maio de 2012

A FOME AFUGENTA O SONO


1º DE MAIO - DIA DO TRABALHADOR







Esse que traz na carne,
da luta pelo pão
as fundas cicatrizes,
não sabe dessas crises
de novo anunciadas
que afetam-lhe, de muito:
as crises inventadas.

Quer mais que essa liberdade
de dormir, de encher a cara,
de ir e vir, sem compromisso,
de cantar uma canção.
Quer mais que esse tosco circo
em que se ri, sem razão.

Mas, nada diz. Não o comove
ver ao alto embandeiradas
as esperanças do povo
em épocas de eleição.

Suporta, pois, em silêncio,
mágoas nunca mitigadas.
E segue. É trabalhador.
Que outra coisa, ele faria?
Ausculta, assim, sua dor
na dor furiosa dos martelos
e foices do dia-a-dia.

Esse que traz na carne,
sem honra, tais cicatrizes,
não sabe falar de crises.
Se soubesse, gritaria.


(Da coletânea "Estado de Espírito", de Sergio de Sersank)


11 comentários:

Sergio de Sersank disse...

A FOME AFUGENTA O SONO

Excelente teu texto. Obrigado pela leitura.
NIKI

Comentário extraído do site luso-poemas.net
Ler mais: http://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=220957#ixzz1tfDHaC8Y
Under Creative Commons License: Attribution Non-Commercial No Derivatives

Sergio de Sersank disse...

Obrigado pelo comentário, Niki.
Bom final de feriado.
Sergio

Sergio de Sersank disse...

Comentário extraído do site luso-poemas.net

*Um olhar múltiplo e cru, contundente e profundo, na verdadeira face daquele que é
trabalhador de fato.
Gosto da tua escrita.
Carinho e admiração.
Karinna*


Ler mais: http://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=220957#ixzz1tfqsfJTu
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Sergio de Sersank disse...

Karinna,
Agradeço sensibilizado teu comentário sobre o poema. Vejo que o leste com os olhos da alma e fico feliz por teres gostado.
Um abraço afetuoso do
Sersank

Sergio de Sersank disse...

Comentário extraído do site luso-poemas.net:


É verdade...

"(...) Se soubesse, gritaria."

São esses heróis anónimos que fazem, com o suor sofrido, a roda da vida girar para que o mundo não descambe vertiginosamente no completo caos.
É admirável como, sensivelmente, com impressões latentes de humanismo, na tua observância expressas mais do que ver.
Importa-te dar merecido valor aos milhares e milhares de trabalhadores, que guardando dentro de si os desencantos, à exaustão, revelam na força do braço, na teimosia do olhar e no carácter responsável, que vão, n'um esforço muitas vezes sobre-humano, empurrando a vida com a graça da honestidade de quem tem consciência dos mandamentos divinos:

"E comerás do fruto do teu suor para não seres pesado ao teu irmão."

Considero essa tua obra, amigo Sersank, uma justa tributação aos invisíveis do mundo da era do descartável. Sem eles seria impossível de se ter um passado, presente ou futuro.

"(...) Quer mais que essa liberdade
de dormir, de encher a cara,
de ir e vir, sem compromisso,
de cantar uma canção.
Quer mais que esse tosco circo
em que se ri, sem razão."

Minha sincera congratulação pela tua nobreza de espírito, mais uma vez grata pela partilha e também pela tua gentil atenção em meu perfil. Fiquei deveras tocada.
Meu fraterno abraço.
Que tenhas uma quarta-feira de muita luz e paz.

Sofia Rodrigues
Irecê - Bahia

http://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=220957&com_id=860593&com_rootid=860593&com_mode=nest&com_order=1#comment860593#ixzz1tj3s9ZMf
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Sergio de Sersank disse...

Querida Sofia,

De fato, minha intenção foi e continua sendo a de prestar, com o singelo poema em apreço, uma pálida homenagem à figura do trabalhador mais humilde, aquele que na sua condição de miserabilidade se vê praticamente excluído do contexto social. Aquele cidadão que nas estatísticas aparece como número incômodo e gritante, pois que constitui (ainda) verdadeira multidão.
Mas pretendo, também fazer, com o poema, um apelo aos governantes, magistrados e administradores de modo geral. É triste pensar que por muito tempo ainda o veremos trabalhando pela sobrevivência, praticamente sem chances de reverter ou de ver mudada sua aflitiva situação.
Você, com sua espontaneidade e ternura de poeta, sentiu-se naturalmente tocada em seu coração com a leitura dos versos porque, malgrado a pobreza estilística, eles expõem de forma um tanto contundente essa realidade.
Fico feliz com sua análise e grato pela gentileza do comentário.
Abraço afetuoso do
Sergio de Sersank
PAÍS DESENVOLVIDO É PAÍS SEM POBREZA.

Sergio de Sersank disse...

Comentário enviado por e-mail:

De:
Alberto Araujo alberto.nett@gmail.com

Estimado poeta, adorei o seu poema, um poema bastante crítico e atual, necessário para reflexão e a conscientização do momento que vivemos e das escolhas que precisamos fazer, notadamente na desgastada e corrompida representação política deste país, um verdadeiro escárnio com o erário público.

A propósito venho me debruçando poeticamente sobre este tema, vejam os poemas:
1. Terra Brasilis (acróstico)
http://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=101502

2. Corrupção: indignar-se só não basta, gente!

http://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=108561

3. Corrupção: É preciso denunciar, cobrar...
http://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=100034

4. A solidão e a corrupção do poder

http://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=182923

E mais este texto de Santo Agostinho: Bem e Corrupção.
http://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=149736


Abraço fraterno em todos do

AjAraujo, o poeta humanista.
http://www.luso-poemas.net/modules/news/index.php?uid=8346

Alberto José de Araújo, MD, PhD
Coordenador do Núcleo de Estudos e Tratamento do Tabagismo
Instituto de Doenças do Tórax - Hospital Universitário Clementino F. Filho
Universidade Federal do Rio de Janeiro

Presidente da Comissão de Tabagismo da SBPT
Membro da Comissão de Controle do Tabagismo do CFM
+55-21-25622195 Twitter: @Alberto NETT Skype: alberto.nett
Facebook: https://www.facebook.com/Alberto.NETT
Forum de Tabagismo da SBPT:
forum-comissao-tabagismo-sbpt@googlegroups.com
https://groups.google.com/group/forum-comissao-tabagismo-sbpt?hl=pt-BR
Respire Brazil Free-Tobacco:
https://www.facebook.com/Alberto.NETT#!/groups/375767032448900/

Sergio de Sersank disse...

Prezado poeta, Alberto Araújo,

Boa noite.

Agradeço, sensibilizado, o substancioso comentário ao meu poema “A fome afugenta o sono”.
Vejo que tens na alma de brasileiro, a energia, a coragem e a nobreza de caráter que vemos tão em falta hoje em dia, principalmente nas esferas da Administração Pública.
Visitei teu blog, li os poemas postados no site luso-poemas.net
e aqui estou, para te trazer um voto de incentivo.
Tua indignação é mais que justa, poeta. Porque não é só tua.
Expressas o que igualmente está a dizer por outras formas a multidão de trabalhadores deste nosso imenso país.
Não cale a tua voz. Os poetas não têm o direito de calar. Semeiam ao vento, quem sabe, mas não deixam morrer sem dar frutos os legítimos anseios do povo.
Um grande abraço do
Sergio de Sersank

Anônimo disse...

Os pregos andam silenciosos e o
martelo perdido no labirinto, pelos
sete mares de um coração.
Obrigada.
Bjs.
Vania Lopez
Pouso Alegre MG

Comentário extraído do site
http://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=220957#ixzz1tqK7XVJu
Under Creative Commons License: Attribution Non-Commercial No Derivatives

Sergio de Sersank disse...

Obrigado por comentar, Vania.
Deixo para você, com especial carinho, a palavra de um poeta de quem sempre nos lembraremos:

"Todas as coisas têm seu mistério
e a poesia é o mistério que todas as coisas têm."
García Lorca)

Sergio de Sersank disse...

Comentário enviado por e-mail:

Sérgio,
parabéns por colocar nossa realidade em poesia.
Poderia ser uma homenagem diferente se diferente fosse o dia a dia.
Grande abraço.

Rosane Cherem de Abreu
Florianópolis-SC
04mai2012

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