que o prende a um tempo e lugar,
há colibris nos canteiros
e flores que, findo o dia,
agrada-lhe cultivar.
Quase nunca queda a vê-los.
Nem sente o tempo a passar.
Move-se a crer que haja coisas
que se possa eternizar...
Como ao baú de Pandora
pudesse as depositar,
restaura, serenamente,
uma e outra, obra sem par:
restos de vidas dispersas,
suas fragrâncias no ar.
Paciente, serenamente,
ouve do tempo o rumor.
Só ele sabe o que sente,
no enlevo de seu labor,
o que lobriga, ao curvar-se,
no jardim, emurchecida,
sua mais recente flor.
(Do livro "Estado de espírito", de Sersank)
(Os direitos autorais do livro "Estado de espírito" estão registrados na Fundação Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro (Ministério da Cultura), sob o nº 366.196, Livro 677, Folha 356)
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