sexta-feira, 28 de novembro de 2025

SOB A LUZ DA LUA

 


Nossa outra face


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UMA TROVA 


 Gira a Terra - astro que pensa,

 se repensa e se recria.

Nua, a lua brilha intensa

em sua imensa nostalgia.


Sersank, 28 nov 2025





sábado, 22 de novembro de 2025

ECOS DO ROMANTISMO

 


ROMANTISMO




Imagem disponível no Google

Névoas


Nas horas tardias que a noite desmaia 
Que rolam na praia mil vagas azuis, 
E a lua cercada de pálida chama 
Nos mares derrama seu pranto de luz, 

Eu vi entre os flocos de névoas imensas, 
Que em grutas extensas se elevam no ar, 
Um corpo de fada - sereno, dormindo, 
Tranquila sorrindo num brando sonhar. 

Na forma de neve - puríssima e nua -
Um raio da lua de manso batia, 
E assim reclinada no túrbido leito 
Seu pálido peito de amores tremia. 

Oh! filha das névoas! das veigas viçosas, 
Das verdes, cheirosas roseiras do céu, 
Acaso rolaste tão bela dormindo, 
E dormes, sorrindo, das nuvens no véu? 

O orvalho das noites congela-te a fronte, 
As orlas do monte se escondem nas brumas, 
E queda repousas num mar de neblina, 
Qual pérola fina no leito de espumas! 

Nas nuas espáduas, dos astros dormentes 
- Tão frio - não sentes o pranto filtrar? 
E as asas, de prata do gênio das noites 
Em tíbios açoites a trança agitar? 

Ai! vem, que nas nuvens te mata o desejo 
De um férvido beijo gozares em vão!... 
Os astros sem alma se cansam de olhar-te, 
Nem podem amar-te, nem dizem paixão! 

E as auras passavam - e as névoas tremiam 
- E os gênios corriam - no espaço a cantar, 
Mas ela dormia tão pura e divina 
Qual pálida ondina nas águas do mar! 

Imagem formosa das nuvens da Ilíria, 
- Brilhante Valquíria - das brumas do Norte, 
Não ouves ao menos do bardo os clamores, 
Envolto em vapores - mais fria que a morte! 

Oh! vem; vem, minh'alma! teu rosto gelado, 
Teu seio molhado de orvalho brilhante, 
Eu quero aquecê-los no peito incendido, 
- Contar-te ao ouvido paixão delirante!... 

Assim eu clamava tristonho e pendido, 
Ouvindo o gemido da onda na praia, 
Na hora em que fogem as névoas sombrias 
- Nas horas tardias que a noite desmaia. 

E as brisas da aurora ligeiras corriam. 
No leito batiam da fada divina... 
Sumiram-se as brumas do vento à bafagem, 
E a pálida imagem desfez-se em - neblina!


Fagundes Varela 



Wilson Martins
Poeta maldito
Jornal do Brasil
3.12.2005
Em nossas letras, Fagundes Varela é figura paradigmática do poeta maldito, numa escala em que, aliás, não eram os poetas tenebrosos que faltavam (Melhores poemas, Sel. Antônio Carlos Secchin. São Paulo: Global, 2005). Em 1861, as Noturnas, seu livro de estréia, continham dez poemas arcaizantes, prolongando a atmosfera byroniana da Academia de São Paulo na geração anterior: “A temática do maldito e do errante, do foragido e desenraizado predomina nesses poucos poemas, escritos no período em que ele ‘escolhia’ existencialmente a sua própria biografia (O foragido, Fragmentos, Sobre um túmulo, Tristeza), descontada a espórtula que pagou à imitação literária e aos lugares-comuns da escola”, observei na História da inteligência brasileira.
Não era, contudo, e à diferença de tantos outros, uma atitude literária ou cacoete romântico: era um destino e uma condenação prometéica. Nas palavras de Antônio Carlos Sechin, “toda a sua vida foi marcada por desencontros, projetos inconclusos, infortúnios. Na vida acadêmica, não conseguiu concluir o curso de Direito (...) na vida afetiva, foi infeliz nos dois casamentos ... dois dos seus filhos morreram antes do primeiro aniversário... dependia financeiramente do pai.. zanzou, bêbado, por lugarejos e fazendas fluminenses, declamando de improviso versos que passaram à tradição oral (...)”.
Nos românticos da geração anterior, o byronismo foi uma extravagância de juventude; ele, chegando “tarde demais num mundo demasiadamente velho”, viveu a frustração de não poder competir em igualdade, menos ainda superar, os marcos que outros haviam plantado antes dele. Sua vida desregrada foi uma vingança, uma reação de ressentimento. Era também uma obsessão obscura: em 1865, prefaciando os Cantos e fantasia, Ferreira de Menezes dizia tratar-se da “ressureição de Álvares de Azevedo”, mas, acrescento por minha conta, ele apresentava sobre o autor adolescente da Lira dos vinte anos a vantagem do amadurecimento emocional e poético. O volume incorporou para sempre à nossa literatura o “Cântico do Calvário”, além de introduzir uma nota nova no lirismo amoroso: a desgraça de uma personalidade anormal, condenada sem esperança à infelicidade e ao sofrimento.
Falecendo em 1875, ele deixou no prelo Anchieta ou O Evangelho nas selvas, tentativa, ao mesmo tempo, de epopéia cristã e reafirmação de fidelidade católica e jesuítica, linha de inspiração que seria retomada por Bittencourt Sampaio, em 1882, com A divina epopéia de João Evangelista, paráfrase evangélica a colocar na mesma estante da paráfrase vareliana da história sagrada. De fato, seus mais de oito mil decassílabos brancos, escreve Antônio Carlos Secchin, “revelam um escritor de grande domínio técnico, embora o imperativo de obediência à narrativa do Novo Testamento acabe freando maiores ímpetos de imaginação, reduzindo o nível do texto a uma mediania algo tediosa ao leitor não particularmente aficionado do assunto”. É o menos que se pode dizer a respeito de um poema mais propenso a desencorajar a fé do que a estimulá-la. Para compô-lo em alto plano poético seria preciso um pensamento poderoso, uma maturidade filosófica e uma inspiração épica que lhe faltavam por completo, idealmente imagináveis na pena de um Antônio Vieira, não na do bem intencionado Anchieta.
Sua incapacidade para tratá-lo aparece desde logo na ficção de que se serviu: os Evangelhos explicados aos índios, o que corresponde a ignorar-lhes a grandeza e a essência. Sua tarefa seria, antes, a de “interpretar” e não a de parafrasear, seria, por assim dizer, “criá-los” no piano poético, como Victor Hugo criou a história da humanidade na Légende des siêcles. Quando Varela se atreve a abandonar os carreiros estreitos da paráfrase é para cair, ou na heresia teológica, apresentando Sócrates como precursor de Jesus, ou na antecipação malvinda, com a antevisão do continente americano, ou no anacronismo puro e simples, colocando os Francos na Gália ao tempo de Jesus. Nesse quadro, surpreende encontrá-lo compromissado com a realidade social e política do momento, a exemplo do poema “A estátua eqüestre”, que encerra o volume de 1861. Trata-se da enorme polêmica que agitara o país em 1855, quando Haddock Lobo propôs à Câmara Municipal do Rio erguer um monumento ao fundador do Império, na praça da Constituição. Àquela altura, o projeto não despertou nenhum antagonismo, abrindo-se o concurso em que foi escolhido o modelo do escultor Mafra, mandado executar em Paris.
Contudo, ao se aproximar a data da inauguração, os liberais mais exaltados e os republicanos viram nessa homenagem uma tentativa dissimulada de revitalizar as instituições monárquicas. Publicado no momento da inauguração, um poema célebre de Pedro Luís chamava à estátua “mentira de bronze”, opondo a Pedro I o nome de Tiradentes como verdadeiro herói da emancipação brasileira. Datado de 1861, o poema de Varela insiste nos mesmos temas, nas mesmas imagens e paralelos históricos: “Ergue-te ousado sobre o chão da praça,/ Homem de bronze – imagem de monarca / Simulacro fatal! (...) Raça de ilotas ... por que reledes o passado escuro / Quando deveras derribar os tronos / Cantando a liberdade ? // Vota-se à treva o busto dos Andradas, / Some-se a glória de ferventes mártires / Na lama do ervaçal! / Mas fria a estátua pisa a turba, como / As dura patas do corcel de bronze / O chão do pedestal!”.
O poeta também comungou na indignação coletiva por ocasião da famosa Questão Christie – “diplomata insolente, ave maldita”: “Dize, filho da sombra, – onde aprendeste / A voar como as àguias ? ”. Reconheçamos que não estava nada mal no seu gênero, inspirando-lhe ainda, com o poema “ A São Paulo”, pátria de heróis, berço de guerreiros “, uma das páginas mais belas e perfeitas de nossa literatura poética, tanto mais admirável quanto não faz a menor alusão ao incidente diplomático: ”Foi no teu solo, em borbotões de sangue/ Que a fronte ergueram destemidos bravos (...). O que, sub-reptícia e ironicamente, significava restituir a Pedro I o seu papel no processo da Independência...
                                                                              http://www.jornaldepoesia.jor.br/fvarela.html
                                                               http://www.jornaldepoesia.jor.br/wilsonmartins.html

sábado, 15 de novembro de 2025

 




SAUDAÇÃO A FLORESTÓPOLIS

(Pelo transcurso de seu 74º aniversário)

 

Sergio de Sersank (*)

 

 

Na gleba ainda em floresta,

como novos bandeirantes,

unem-se e erguem, confiantes,

os heróicos pioneiros,

a princípio, algumas casas,

pequena venda e  pensão

e o  “Patrimônio São João”

começa a acolher tropeiros.

 

Desponta, assim, promissora

a década de cinquenta,

o mundo, então, se orienta

para a pacificação.

Nasce um novo Município.

Traz no nome a sua origem.

Sobre seu solo  se erigem

o templo, a escola, a estação.

 

Às margens da rodovia

entre os verdes cafezais

das grandes áreas rurais,

ridente, cresce a cidade.

Planta-se a cana-de-açúcar,

o milho, o trigo, o algodão,

o arroz, o soja e o feijão.

E faz-se a prosperidade.

 

Surgem as oficinas,

a primeira serraria,

as casas de alvenaria,

o estádio, o clube, o cinema.

Consolida-se o comércio.

E, ante o fascínio do “novo”,

confraterniza-se o povo.

Progredir será seu lema.

 

Florestópolis é o Berço

da Pastoral da Criança.

Com esse título avança

sua  gente varonil.

É terra de bandeirantes

e, na medida em que cresce,

dignifica e engrandece

o nosso amado Brasil.

 

 

Londrina, 14 de novembro de 2025





FLORESTÓPOLIS

Sergio de Sersank

 

Tive a felicidade de (re) nascer na pequenina FLORESTÓPOLIS, (antigo Patrimônio de São João), no norte do Estado do Paraná, região sul do Brasil. O município tem atualmente 11.500 habitantes. Sua emancipação política se deu na data de 14/11/1951. Meus pais, oriundos do Estado de São Paulo (Novo Horizonte) já residiam no Município desde 1949. Curiosamente, minha irmã, Mariza e minha cunhada Laura Dias vieram à luz exatamente no dia em que nascia o Município. Mais tarde, também a 14 de novembro, porém no ano de 1988 (ano de falecimento de meu pai) nasceu o meu filho Leon Nilavac, hoje ilustrador gráfico.

Vivi em Florestópolis toda minha infância e juventude. Meu pai era sapateiro. Meu tio, Manoel Tudela foi farmacêutico e proprietário do Cinema, que se chamava CINE PARATODOS, principal meio de entretenimento local até o final da década de 70. São de saudosa memória as tardes de sol vividas às margens do ribeirão Capim, as pescarias no Rio Vermelho e as disputadíssimas partidas de futebol do valoroso ECF - Esporte Clube Florestópolis, reconhecido até hoje como uma das grandes forças do futebol parananense amador, sendo de registrar-se que foi tetra-campeão da Copa Brasil Sul de Futebol Amador.

FLORESTÓPOLIS é o Berço da Pastoral da Criança, criada pela benemérita e saudosa médica sanitarista Zilda Arns Neumann, em 1983. Esse reconhecimento se deu mediante Lei Federal. Faz-se, no entanto, preciso assinalar que este título é, infelizmente, inglório. Segundo o sociólogo e ex-Presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, em texto intitulado "A Pastoral da Criança - 20 Anos -  parte integrante do livro de Martha Mamede Batalha, "Pastoral da Criança - 20 Anos de Vidas" (Edições Loyola, São Paulo-SP, 2003)Florestópolis é uma cidade de bóias-frias. A população vive em função do corte de cana para a Usina de Álcool e Açúcar Cofercatu, antes pertencente ao Grupo Atalla,  criada na região com recursos do Programa Proálcool. Esses “Bóias-frias” também trabalham no plantio e colheita de algodão e café. (...)”

“As condições sociais, associadas à falta de informação, faziam a taxa de mortalidade infantil chegar a 127 óbitos para cada mil nascidos. (...) Vinte anos depois, a taxa de mortalidade infantil em Florestópolis caiu para 18,7 mortes para cada 1000 nascidos vivos, de acordo com dados de 2002 da Secretaria de Estado da Saúde do Paraná."

Vitória da Campanha de aleitamento materno promovida pela inesquecível missionária católica, Zilda Arns.

quinta-feira, 13 de novembro de 2025

 


COMO BOLHAS DE SABÃO



                      (Desconheço o autor)


                   As coisas todas que pensamos nossas,
                 as coisas que se quer somar,
                são como bolhas de sabão, são leves
                e se dissipam no ar.

                    As coisas todas, os seres,
                    nada se pode pegar.
                   Nós fomos feitos da terra
                     e a terra é bolha de ar.
                     Gira, incerta, ao sopro infindo
                    de um deus menino solar.

Sersank 
 


(Do livro ESTADO DE ESPÍRITO")



                                                                                                                                                                                                                                                    Direitos autorais assegurados por lei. Registro nº 366.196, livro 677, fl. nº 356, de                                              12/01/2006, junto ao EAD/Fundação Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro.

                       Imagem:
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                   http://atividadescuriosidadesaprendendobrinc.blogspot.com/

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COMENTÁRIO DE ISABEL FURINI, laureada poeta e escritora sobre a obra poética "Estado de Espírito"

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ESPERANTO: La solvo (A solução)

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EL VIAJE DEFINITIVO - Poema de Juan Ramon Jimenez

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