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Mensagem de um homem triste
Passaste por mim com simpatia, mas,
quando me viste os olhos parados, indagaste, em silêncio, porque
vagueio nas ruas. Talvez, por isso, aceleraste o passo e, embora te
quisesse chamar, a palavra esmoreceu-me na boca.
É possível tenhas suposto que desisti do
trabalho, no entanto, ainda hoje, bati, em vão, de oficina em
oficina. Muitos disseram que ultrapassei a idade para ganhar,
dignamente, o meu pão, como se a madureza do corpo fosse condenação à
inutilidade, e outro, desconhecendo que vendi minha roupa melhor
para aliviar a esposa doente despediu-me, apressado, acreditando-me vagabundo
sem profissão.
Não sei se notaste, quando o guarda me
arrancou à contemplação da vitrine, a gritar-me palavras duras, qual
se eu fosse vulgar malfeitor. Crê, porém, que nem de leve me passou
pela mente a ideia do furto; apenas admirava os bolos expostos, recordando
os filhinhos a me abraçarem com fome, quando retorno à casa.
Ignoro se observaste as pessoas que
me endereçavam gracejos, imaginando-me embriagado, porque eu tremesse encostado
ao poste; afastaram-se todas, com manifesto desprezo. Contudo, não
tive coragem de explicar-lhes que não tomo qualquer alimento, há três
dias.
A ti, porém, que me fitaste sem
medo, ouso rogar apoio e cooperação. Agradeço a dádiva que me
estendas, no entanto, acima de tudo, em nome do Cristo, que dizemos
amar, peço me restituas a esperança, a fim de que eu possa honrar, com
alegria, o dom de viver. Para isso basta que te aproximes de
mim, sem asco, para que eu saiba, apesar de todo o meu infortúnio,
que ainda sou teu irmão.
Meimei
(Mensagem
psicografada por Francisco Cândido Xavier. Do livro “Ideal Espírita”)
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