Imagem disponível no Google
Mensagem de um homem triste
Passaste por mim com simpatia, mas,
quando me viste os olhos parados, indagaste, em silêncio, porque
vagueio nas ruas. Talvez, por isso, aceleraste o passo e, embora te
quisesse chamar, a palavra esmoreceu-me na boca.
É possível tenhas suposto que desisti do
trabalho, no entanto, ainda hoje, bati, em vão, de oficina em
oficina. Muitos disseram que ultrapassei a idade para ganhar,
dignamente, o meu pão, como se a madureza do corpo fosse condenação à
inutilidade, e outro, desconhecendo que vendi minha roupa melhor
para aliviar a esposa doente despediu-me, apressado, acreditando-me vagabundo
sem profissão.
Não sei se notaste, quando o guarda me
arrancou à contemplação da vitrine, a gritar-me palavras duras, qual
se eu fosse vulgar malfeitor. Crê, porém, que nem de leve me passou
pela mente a ideia do furto; apenas admirava os bolos expostos, recordando
os filhinhos a me abraçarem com fome, quando retorno à casa.
Ignoro se observaste as pessoas que
me endereçavam gracejos, imaginando-me embriagado, porque eu tremesse encostado
ao poste; afastaram-se todas, com manifesto desprezo. Contudo, não
tive coragem de explicar-lhes que não tomo qualquer alimento, há três
dias.
A ti, porém, que me fitaste sem
medo, ouso rogar apoio e cooperação. Agradeço a dádiva que me
estendas, no entanto, acima de tudo, em nome do Cristo, que dizemos
amar, peço me restituas a esperança, a fim de que eu possa honrar, com
alegria, o dom de viver. Para isso basta que te aproximes de
mim, sem asco, para que eu saiba, apesar de todo o meu infortúnio,
que ainda sou teu irmão.
Meimei
(Mensagem
psicografada por Francisco Cândido Xavier. Do livro “Ideal Espírita”)