terça-feira, 10 de setembro de 2013

AVATAR






AVATAR

Ronald de Carvalho


Antes, a alma que tenho andou perdida.
Por que mundos rolou, que mão sutil
pôs tão nobre fulgor e estranha vida
nesse bocado de ouro e barro vil ?

De certo, árvore foi: verde jazida
de ninhos, sob o céu de espuma e anil.
E foi grito de horror, na ave ferida,
e na canção de amor, sonho febril!

Foi desespero, o sofrimento mudo,
ódio, esperança que tortura e inferna
e, depois de exsurgir, triste, de tudo

veio para chorar dentro em meu ser
a amarga maldição de ser eterna,
a dor de renascer quando eu morrer.

(“Poemas e Sonetos”- 1919 – Figuras de Cinza e Ouro)






Filho do engenheiro naval Artur Augusto de Carvalho e de Alice Paula e Silva Figueiredo de Carvalho, Ronald de Carvalho nasce na cidade do Rio de Janeiro – RJ no dia 16 de maio de 1893. No ano de 1899 inicia o curso secundário no Colégio Abílio (Rio de Janeiro), formando-se em 1907. No ano seguinte, ingressa no curso de Direito da Faculdade Livre de Ciências Jurídicas e Sociais, formando-se bacharel no ano de 1912. Nessa época já colaborava com a revista A Época e com o jornal “Diário de Notícias”, de Rui Barbosa.
Em 1913 vai para Paris estudar Filosofia e Sociologia. Nessa cidade faz sua estréia literária com a publicação da obra “Luz gloriosa”, que mostra uma a forte influência de Charles Baudelaire e Paul Verlaine.
No ano de 1914 começa a exercer atividades diplomáticas e estabelece-se em Lisboa – Portugal. Conhece então os membros do grupo modernista desse país e, em 1915, já integrado a esse grupo, participa do lançamento da revista “Orpheu”, marco inicial do modernismo português.
De volta ao Brasil, publica, em 1919, a obra “Poemas e Sonetos” que revela um certo contato com a estética parnasiana.
A experiência de fincar o marco inicial modernismo em Portugal parece ter agradado a Ronald de Carvalho, pois em 1922 participa ativamente da SAM (Semana de Arte Moderna), marco inicial do Modernismo no Brasil.
Na noite de 15 de fevereiro, segundo dia da SAM, Ronald de Carvalho causa o maior escândalo ao declamar o poema “Os Sapos”, de autoria de Manuel Bandeira. Isso ocorre porque o poema satiriza violentamente a poesia e, sobretudo os poetas parnasianos, que são comparados a sapos coachando.
Depois da sua participação explosiva na SAM, Ronald dá novos rumos sua poesia: ainda em 1922 publica “Epigramas irônicos e sentimentais”; dois anos depois, é vez de “Toda a América”. Nesta última obra percebe-se que o poeta está sob forte influência de Walt Whitman, pois seus versos agora são amplos e com ritmo livre.

Fonte:
http://ronalddecarvalho.wordpress.com/about/
Acesso em 10 set 2013

2 comentários:

Enide Santos disse...

Gostei muita da leitura amigo grata!

Sergio de Sersank disse...

Que bom saber que vc continua viajando por estas minhas páginas literárias, querida amiga. Vou continuar publicando preciosidades. Visite sempre o blog, tá bem?

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