segunda-feira, 28 de junho de 2010

DA BREVE INCURSÃO NOS DOMÍNIOS DO ETERNO

Banco de Imagens do Google




Um homem por mais atento,
sob a couraça do cargo,
sempre há de ter seu momento
de introversão, de letargo.



Nesse interstício de acesso
aos escaninhos do ser,
um lampejo o põe do avesso,
o faz, inteiro, se ver.



Essa luz indefinível,
quase vulto, quase voz,
assim, na força do rio,
em borbotância, na foz,



Rompe-lhe n'alma a tormenta
das lágrimas compungidas,
mesmo a um Nero,
a um Torquemada,
impossíveis de contidas.



E expõe ao sol, como velha estrada,
nos rastros multimilenares,
dramas de prístinas eras,
ânsias de mil avatares.




Exuma o que em negro fosso
ocultara, por ruim;
Atua como azorrague,
desperta como clarim.



Vem forçá-lo a despojar-se
de tudo o que é exterior.
Aplaca-lhe, de um só golpe,
o gênio dominador.



Um homem, sob os efeitos
desse choque passageiro,
lembra o infeliz faroleiro
num ermo e soturno cais
a ver, no seu desespero,
algumas milhas adiante,
a  nau com sua bandeira
a balouçar, soçobrante,
sob a borrasca voraz.

Desse longo instante cósmico
ninguém não há que se esquive
e n'alma, opressa, não crive
a advertência que traz.

(Do livro "Estado de Espírito", de Sersank)


http://riscosescritos.blogs.sapo.pt/arquivo/tempestade.jpg

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quarta-feira, 23 de junho de 2010

SOLILÓQUIO








Fiz-me poeta, um dia e, pela vida afora,
Saí cantarolando coisas da alma pura.
Em tudo via graça e cor e formosura...
Desiludido e só, diante do espelho, agora


Escuto de minh’alma a voz de escárnio, dura:
- “Por que não cantas essa dor que te devora ?
Enalteceste o amor, cantando à vida, outrora,
Agora canta!... Agora canta à desventura!...”

.....................................................................................

Alma infeliz que sou!... Por que te afliges tanto?
Ninguém pode ascender sem conhecer o pranto!
Que eu sorva, agora, o fel por dádiva, também!


Tisnem-se os dias meus, venham os dissabores!...
Que amargue, miserando, as merecidas dores:
Hei de saber vencê-las e seguir além...


(Do opúsculo "Oásis de Luz", Sonetos de Sersank)

Imagem:
http://premissassobreojuizodosufixo.blogspot.com/2008/11/lgrimas-silenciosas.html

terça-feira, 22 de junho de 2010

CAMINHO, VERDADE E VIDA







Nos vales do mundo, entre gozos e agruras,
Não há resistir ao clangor do porvir.
Mas, como avançar, arrojar-se às alturas,
Se há tantos caminhos? Qual deles seguir?

-Jesus!

São tantos os mestres, das massas mentores,
Com suas idéias e filosofias!
Qual deles - menino - pasmava os “doutores”
Pregando a verdade por alegorias?

- Jesus!

Seguindo o caminho do bem, da bonança•.
No amor da verdade, de mente florida,
Quem ter por esteio da nossa esperança?
Quem ter por roteiro, a inundar-nos de vida?

- Jesus!

(Do livro. "Estado de Espírito", de Sersank)
 
Imagem:
http://umaigrejaqueama.blogspot.com/2009/11/jesus-caminho-verdadeiro.html

sábado, 19 de junho de 2010

HAICAIS





Holocausto
Jamais uma rês
Suspeite o custo do pasto.
Sacie-se em paz!...

Definição
Amar não está
No prender-se o que se quer.
Amar é se dar.

Sonho de um novo milênio
Ensarilham armas.
Erguem pontes, rompem muros.
Elevam-se os homens.

Presságio
Um bruxo há na espreita
dos dias, infenso e belo:
o abutre no azul.


Intuição
Porque dos astros egressos,
os astros nos lembram
os que nos deixaram.


      Vandalismo
                 Duendes co’a brisa
          passam, desfolham as rosas

                                                              e, a rir, vão-se embora... 

Sensatez
É apenas detalhe
o abutre no campanário.
O céu está azul. 

Gravura
Senhor do seu poderio,
na tarde de estio,
o sol se banha no mar.

(Do livro "Estado de Espírito", de Sersank)

Imagem:
http://www.yoursoul.blogger.com.br/2002_12_01_archive.html

domingo, 13 de junho de 2010

RECOMEÇO



Não via a lucidez das almas desopressas.
Maçavam-no esses tons das falas boas.
Tratava por mentiras todas as histórias;
Por meros instrumentos, as pessoas.

Assim nivelava-se ao resto dos homens:
Pisando-lhes as tumbas pelo chão.

De almas infelizes era a barricada –
Dizia - que resguarda a religião...


Certa madrugada, já sem vínculos de afeto,
O quarto de favor traindo incúria,
Mirou-se num espelho: envelhecera.
A droga o enveredara na penúria.

Saiu, então, para fora.
Raiava, esplendente, a aurora.
Nunca a soubera tão sua!
O alto sentido das coisas
A luz solar delineava:
O azul distante alcançava
Agora a singela rua.
Pôs-se a andar, de início lento,
Depois mais, mais resoluto.
Saldou um transeunte, um outro,
Este era o salvo-conduto.

A graça, a graça ímpar de existir,
Como nunca, ora a sentia.
Estava sóbrio, exultava.
De onde lhe vinha a alegria?

Não sonhava. Tudo à volta
Estava imerso em magia!
A noite, enfim, terminara.
Pleno de sol fez-se o dia.



(Do livro: "Estado de Espírito", de Sersank)

Imagem:
http://api.ning.com/files/iShzft06Z*JoENuYCRanSj6FTX0usq-JOW6Gvxn5YV3sO4WpeZy1I6bsoAOX7fqTbxiZRJXzeTbTE5YsTeQgyGNXAOnZjGnS/caminhodeluz.jpg

sábado, 12 de junho de 2010

MENSAGEM





Querida, quando a sombra da saudade
toldar a luz dos ternos olhos teus
e, então, de alguém ouvires a piedade
dizer: - “Não chores, ele uniu-se a Deus”,


não fiques infeliz, crendo-me ausente.
Um dia, hão de estreitar-te os braços meus,
à luz da Imensidade, em diferente

estado de existência. Nosso adeus


não valha por adeus às esperanças.
Não há na morte o abismo intransponível

da noite eterna. Ah, pesadelo horrível!...

Meu céu será teu lar, nossas crianças...
Hás de sentir-me ali, nas tardes mansas
se creres que p’ra Deus tudo é possível.


(Do Opúsuclo "Oásis de Luz", sonetos de Sersank)

Imagem:

http://coracaofiel.com.br/blog/wp-content/uploads/2008/08/untitled.bmp

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COMENTÁRIO DE ISABEL FURINI, laureada poeta e escritora sobre a obra poética "Estado de Espírito"

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Letra: Sersank (Sergio S. Cunha)
Música: Irineu Santa Catarina


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ESPERANTO: La solvo (A solução)

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EL VIAJE DEFINITIVO - Poema de Juan Ramon Jimenez

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