Foto by Kosrow Amirazodi
?
Não sei de onde vim.
Não sei p’ra onde vou.
Sei muito de mim.
Não sei quem eu sou.
Só sei que estou indo
que cego ou dormindo
lutando comigo
adiante me vou.
Sersank, 13 dez 2024
Foto by Kosrow Amirazodi
?
Não sei de onde vim.
Não sei p’ra onde vou.
Sei muito de mim.
Não sei quem eu sou.
Só sei que estou indo
que cego ou dormindo
lutando comigo
adiante me vou.
Sersank, 13 dez 2024
Foto by Khosrow
Amirazodi.jpg
Os Poetas
Obrigam-se, quase sempre, a não dizer
o que sabem
ou pensam
que sabem.
Dirão
(diriam a si mesmos)
apenas o que sentem.
No branco da folha
desencarceram-se.
Abrem o dispositivo
da mente inquieta
ao mágico ecrã da Vida.
E se vão ou se iriam a desvendar
sentidos novos
nas outras pessoas.
Querem encontrar o
sentido em si mesmos.
(Sergio de Sersank,
07dez2024)
... E para concluir:
Quando eu tiver definitivamente partido
as coisas todas que ilusoriamente tive
fugirão
de mãos em mãos.
Meus sapatos restarão vazios
à espera de outros pés que os calçarão.
As velhas roupas penduradas
durante meses falarão de mim.
Depois talvez sejam vestidas
por gente que nunca vimos.
Meus discos nunca mais serão rodados.
O tabuleiro de xadrez dormirá a um canto do quarto.
Os livros de Esperanto
encaixotados
serão vendidos
a baixo preço, num “Sebo Literário”.
As coisas todas que juntava:
cartas, coleções,
fotografias e quadros
em dias tristes engavetadas
por questão de espaço -
sem mais nem menos,
serão banidas.
Da mesma forma
devidamente encaixotado
raramente lembrado
serei excluído.
Para bem longe
de mim e das minhas lembranças
nas vagas
do mar nebuloso que é o tempo
as almas lindas que amo tanto
e tive e quero ter
sempre ligadas ao meu pobre coração
certamente se irão.
Os dias vão se suceder moldando um novo mundo
e as estrelas refulgirão
multiplicando-se
na vastidão do que chamamos - Céu.
Sersank, 15set2024
MEU PEQUENO E POBRE
MUNDO
Sergio de Sersank
Gira, gira,
gira mundo
furibundo.
Muda, muda,
mundo imundo,
iracundo.
Mundo bêbado,
Rotundo.
Gira, enquanto tantos
choram!
Gira enquanto te
aprimoram
forças descomunais!
Mas não prescindas do
homem.
Aplica-lhe leis que o
domem
ou não hás de girar
mais.
Meu pequeno e vasto
mundo,
mundo bêbado de
sonhos
e de mágoas a cantar,
és o universo a
girar.
Meu pequeno pobre
mundo
iracundo, furibundo,
embebecido de sonhos,
és o universo a
girar.
Londrina, 09 de
setembro de 2024
Sergio de
Sersank-Brasil/Agosto 2024
Apelo al amor tardío
No te demores. Mi tiempo,
es ayer. Futuro: ahora.
Si tardas este que ha sido
amante y amigo, bastante,
no será nada. Señora.
Quizás esté, créame,
muchas estrellas adelante,
perdido em la noche interminable.
No tardes: todavía,
ahora, me tienes aquí.
Si tardas ya no me alcanzarás.
Prisionero, sin embargo, de los recuerdos,
tal vez mis ojos estén equivocados,
a años luz lejos de ti.
lunes, 19 de agosto de 2024
Posted by Graciela Diana
Pucci at 10:34
Labels: Literatura
Anónimo dijo...
Muito me encanta as poesias desse poeta maravilhoso.
Sérgio de Sersank.
Anónimo dijo...
Adoro seu blog.
Vanessa dijo...
Grande poeta Sérgio de Sersank!!!!
Anónimo dijo...
Parabéns a Sergio de Sersank . Receba meu abraço. Sua fã.
Helena Nunes.
Anónimo dijo...
Sersank, grande poeta!
Anónimo dijo...
Tem que divulgar mais trabalhos desse grande escritor. Parabéns!
-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-
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ilustran los textos fueron creadas con inteligencia artificial
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A Terra se defende: faz diminuir o crescimento
Por Leonardo Boff
Hoje é vastamente aceita e entrou já nos manuais de ecologia mais
recentes (cf. R. Barbault, Ecologia Geral, Vozes 2011) a ideia de que a Terra é viva.
Primeiramente, ela foi proposta pelo geoquímico russo W. Vernadsky na década de
1920 e retomada, nos anos de 1970, com mais profundidade por J. Lovelock e
entre nós por J. Lutzenberger, chamando-a de Gaia. Com isso se quer significar
que a Terra é um
gigantesco superorganismo que se autorregula, fazendo com que todos os seres se
interconectem e cooperem entre si. Nada está à parte, pois tudo é expressão da
vida de Gaia, inclusive as sociedades humanas, seus projetos culturais e suas
formas de produção e consumo. Ao gerar o ser humano, consciente e livre, a
própria Gaia se pôs em risco. Ele é chamado a viver em harmonia com ela, mas
pode também o romper o laço de pertença. Ela é tolerante, mas quando a ruptura
se torna danosa para o todo, ela nos dá amargas lições.
Todos estão lamentando o baixo crescimento mundial, especialmente nos
países centrais. As razões aduzidas são múltiplas. Mas para uma visão da
ecologia radical, não se deveria excluir a interpretação de que tal fato
resulte de uma reação da própria Terra face à
excessiva exploração pelo sistema produtivista e consumista que tomou conta do
mundo. Ele levou tão longe a agressão ao sistema-Terra a ponto de, como afirmam
alguns cientistas, inauguramos uma nova era geológica: o antropoceno, o ser
humano como uma força geológica destrutiva, acelerando a sexta extinção em
massa que já há milênios está em curso. Gaia estaria se defendendo, debilitando
as condições do arraigado mito de todas as sociedades atuais, inclusive a do
Brasil: do crescimento, o maior possível,
com consumo ilimitado.
https://correiodobrasil.com.br/wp-content/uploads/2011/09/dia-da-terra.jpg
Já em 1972 o Clube de Roma se dava conta dos limites do crescimento,
este não sendo mais suportável pela Terra. Ela precisa de um ano e meio para
repor o que extraímos dela num ano. Portanto, o crescimento é hostil à vida e
fere a resiliência da Mãe Terra. Mas não sabemos nem queremos interpretar os
sinais que ela nos dá. Queremos continuar a crescer mais e mais e,
consequentemente, a consumir à tripa forra. O relatório “Perspectivas Econômicas
Mundiais” do FMI, prevê para 2012 um crescimento
mundial de 4,3%. Vale dizer, vamos tirar mais riquezas da Terra,
desequilibrando-a como se mostra pelo aquecimento global.
A “Avaliação Sistêmica do Milênio” realizada
entre 2001 e 2005 pela ONU, ao constatar a degradação dos principais itens que
sustentam a vida advertiu: ou mudamos de rota ou pomos em risco o futuro de
nossa civilização.
A crise econômico-financeira de 2008 e retornada agora em 2011 refuta o
mito do crescimento. Há uma cegueira generalizada que não poupa sequer os 17
Nobeis da economia, como se viu recentemente no seu encontro no lago Lindau no
sul da Alemanha. À exceção de J. Stiglitz, todos eram concordes em sustentar
que o marco teórico da atual economia não teve nenhuma responsabilidade pela
crise atual (Página 12, B. Aires, 28/08/2011). Por isso, ingenuamente
postularam seguir a mesma rota de crescimento, com correções, sem se dar conta
de que estão sendo maus conselheiros.
Mas importa reconhecer um dilema de difícil solução: há regiões do
planeta que precisam crescer para atender demandas de pobres, obviamente,
cuidando da natureza e evitando a incorporação da cultura do consumismo; e
outras regiões já superdesenvolvidas precisam ser solidárias com as pobres,
controlar seu crescimento, tomar apenas o que é natural e renovável, restaurar
o que devastaram e devolver mais do que retiraram para que as futuras gerações
também possam viver com dignidade, junto com a comunidade de vida.
A redução atual do crescimento representaria uma reação sábia da própria
Terra que nos passa este recado: “parem com a ideia tresloucada de um
crescimento ilimitado, pois ele é como um câncer que vai comendo todas as
células sãs; busquem o desenvolvimento humano, dos bens intangíveis que, este
sim, pode crescer sem limites como o amor, o cuidado, a solidariedade, a
compaixão, a criação artística e espiritual”.
Não incorro em erro na crença de que está havendo ouvidos atentos para
essa mensagem e que faremos a travessia ansiada.
Leonardo Boff é teólogo, filósofo e escritor.
Fonte:
http://correiodobrasil.com.br/a-terra-se-defende-faz-diminuir-o-crescimento/298351/
acesso em 17set2011