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DE VOLTA A URIHI
(Pelo transcurso do Dia do Índio, a 19 de abril)
De mui longínquas
florestas
vem esse múrmur de rios
turvos
com sinfonia de pássaros
assustados
uivos, rugidos, vozes
da natureza inquieta.
O vento balouça os meus
cabelos
e as copas das árvores.
Lembro Rondon pacificador
e os irmãos Villas-Boas
nas noites tenebrosas de muitas
aldeias.
Em uníssono cantam agora os índios como
grandes pássaros.
Cantam e dançam
em torno à fogueira.
Mas seu canto é
triste.
Das brasas vivas
Das brasas vivas
evolam-se os
guerreiros ancestrais:
Araribóia
Filipe Poti Camarão
Ajuricaba
Sepé Tiaraju
Cantam e dançam
são índios
vermelhos do sangue brasileiro
desafiam os deuses da terra
erguem seu grito a Tupã.
caingangues
ianomâmis
charruas
tupinambás
tupis
timbiras
guaranis kaiowás
caraíbas
caiapós
tupiniquins
xavantes
goitacazes
carajós
ashanincas
macuxis
ticunas
terenas
guajajaras
bororós
picarrãs
potiguaras
tantas mais.
Estão pintados à guerra
para a defesa de Urihi.
Davi Kopenawa
Raoni Metuktire
Ailton Krenak
Ailton Krenak
Sonia Guajajara
e outros tantos.
Rufam como trovões seus tambores.
Versos me ocorrem de I-Juca
Pirama(*):
“Não temas, meu filho,
não temas que a vida
é luta renhida,
viver é lutar!
Se o duro combate
aos fracos abate,
aos fortes, aos bravos,
só pode exaltar!”
Roubaram-lhes a terra
virgem
roubam-lhes
os filhos
a sorte
a história.
Envergonho-me de ser
natural de um país
vermelho do sangue
indígena.
Este país que os humilha e
despreza
ergueu-se
sobre as nações
destes filhos da selva
aguerridos
perseguidos
escravizados
ameaçados
tem para com eles uma
dívida impagável.
São homens, mulheres,
crianças
sempre longe de tudo
na faina de plantar caçar pescar
colher frutos
e ofertar ou vender sua
arte
aos invasores.
Que os ouçam, neste dia, o
mundo inteiro!
Pesar do direito à vida
com dignidade
privados de espaço e
recursos
sem os irmãos Villas-Boas
os filhos da Terra de
Santa Cruz
esses desconhecidos heróis
que a natureza estima
celebram a alegria da paz que
lhes é possível em seu meio
mas tentam (como e
enquanto podem)
a duras penas
sobreviver.
Sersank, 19abr2019
(*) "I-Juca Pirama" é um poema clássico de
Gonçalves Dias, um de nossos maiores poetas.
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Nossa Terra-Floresta (Kami Yamaki Urihipë)
Para os Yanomami, ''Urihi'', a
terra-floresta, não é um mero espaço inerte de exploração
econômica (o que chamamos de “Natureza”) Trata-se de uma entidade viva,
inserida numa complexa dinâmica cosmológica de intercâmbios entre humanos e
não-humanos. Como tal, se encontra hoje ameaçada pela predação cega dos
brancos. Na visão do líder Davi Kopenawa Yanomami:
A terra-floresta
só pode morrer se for destruída pelos brancos. Então, os riachos sumirão, a
terra ficará friável, as árvores secarão e as pedras das montanhas racharão com
o calor. Os espíritos xapiripë, que moram nas serras e ficam brincando na
floresta, acabarão fugindo. Seus pais, os xamãs, não poderão mais chamá-los
para nos proteger. A terra-floresta se tornará seca e vazia. Os xamãs não
poderão mais deter as fumaças-epidemias e os seres maléficos que nos adoecem.
Assim, todos morrerão."
Fontes:
POTIGUARAS, TUPINAMBAS,
KAYAPOS, CAETES, TUPIS, TUPINIQUINS, PATAXOS, IANOMAMIS, XAVANTES, GUAJAJARAS,
TERENAS, MACUXIS, TERENAS, CAINGANGUES, GUARANIS, TICUNAS, KAIOWAS, JAEXAA PORA.
Dia do Índio
O
Dia do Índio, 19 de abril, foi
criado pelo presidente brasileiro Getúlio Vargas através
do decreto-lei 5 540,
de 1943 e relembra o dia, em 1940, no qual várias lideranças indígenas
do continente resolveram participar do Congresso Indigenista Interamericano, realizado no México. Eles
haviam boicotado os dias
iniciais do evento, temendo que suas reivindicações não fossem ouvidas pelos
"homens brancos". Durante este congresso, foi criado o Instituto Indigenista
Interamericano, também sediado no
México, que tem, como função, zelar pelos direitos dos indígenas na América. O
Brasil não aderiu imediatamente ao instituto, mas, após a intervenção do Marechal Rondon,
apresentou sua adesão e instituiu o Dia
do Índio no dia 19 de abril.
Fonte:
“(...) os Villas-Boas dedicaram todas as suas vidas a conduzir os índios
xinguanos do isolamento original em que os encontraram até o choque com as
fronteiras da civilização. Aprenderam a respeitá-los e perceberam a necessidade
imperiosa de lhes assegurar algum isolamento para que sobrevivessem. Tinham uma
consciência aguda de que, se os fazendeiros penetrassem naquele imenso
território, isolando os grupos indígenas uns dos outros, acabariam com eles em
pouco tempo. Não só matando, mas liquidando as suas condições ecológicas de
sobrevivência.” (RIBEIRO, Darcy. Confissões. São Paulo: Companhia das
Letras, 1997, p. 194)
Os índios
Artigo
de jornal da década de 1970
No aspecto dos índios, os irmãos Villas-Boas implantaram uma nova política
indigenista, que, basicamente, consiste na defesa dos valores culturais dos
índios, como único meio de evitar a marginalização e o desaparecimento dos
grupos tribais. A partir da máxima segundo a qual “O índio só sobrevive na
sua própria cultura”, os irmãos Villas-Bôas conseguiram implantar uma nova
forma de relacionamento entre nossa sociedade e as comunidades indígenas
brasileiras. Essa política vem sendo esposada por etnólogos e entidades
científicas não só nacionais, como estrangeiras.
Os Villas-Boas mostraram que a antiga visão que a sociedade nacional tinha
acerca do índio era absolutamente equivocada. Não se tratava, portanto, de
sociedades selvagens, sem regras e sem estrutura social como se narrava na
época do Descobrimento do Brasil. A nova imagem do índio, trazida pelos Villas-Bôas
à nossa sociedade, era a de uma sociedade equilibrada, estável, erguida sobre
sólidos princípios morais e donos de um comportamento ético que sustentava uma
organização tribal harmônica. A esse respeito Cláudio Villas-Bôas teria dito
certa feita:
(...) “Se achamos que nosso objetivo aqui, na nossa rápida passagem
pela Terra, é acumular riquezas, então não temos nada a aprender com os índios.
Mas se acreditamos que o ideal é o equilíbrio do homem dentro de sua família e
dentro de sua comunidade, então os índios têm lições extraordinárias para nos
dar.” Cláudio Villas-Bôas
https://www.youtube.com/watch?v=rr_tyGdscio
“É impagável a dívida social que temos para com os povos indígenas do Brasil. Os portugueses colonizadores, os donatários das Capitanias Hereditárias, os Bandeirantes e, depois os invasores de terras, grileiros e outros bichos, quase que dizimaram sua cultura, suas línguas, seus costumes. E são eles, os legítimos herdeiros da Pindorama, as terras de Santa Cruz. (Sersank)
“É impagável a dívida social que temos para com os povos indígenas do Brasil. Os portugueses colonizadores, os donatários das Capitanias Hereditárias, os Bandeirantes e, depois os invasores de terras, grileiros e outros bichos, quase que dizimaram sua cultura, suas línguas, seus costumes. E são eles, os legítimos herdeiros da Pindorama, as terras de Santa Cruz. (Sersank)
Fila de índios se
apresentando para a cerimônia do Kuarup
Parqu
Chris Rea:
https://www.youtube.com/watch?v=tf6Xp1KlI2A&list=RDZrXwppk1fbs&index=17
Mulheres indígenas protestam contra ameaças de Bolsonaro:
https://www.diariodocentrodomundo.com.br/mulheres-indigenas-protestam-contra-ameacas-de-bolsonaro/
Brazilo: manifestacio de indiĝenaj virinoj kontraŭ Bolsonaro
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=121409049166721&set=a.100356994605260&type=3&theater
Tapirapes defendem-se dos invasores:
https://jornalggn.com.br/questao-indigena/tapirape-defendem-territorio-de-invasores-por-conta-propria/?fbclid=IwAR1Ca8kp_l4aKlkpYC_NRwdsG1kaUvQJHe9nleLBUU2IXBB5EG9Hdz1psDw
Yanomamis ameaçados por garimpeiros
http://m.br.rfi.fr/franca/20190709-yanomamis-estao-ameacados-por-garimpo-no-brasil-destaca-le-monde?fbclid=IwAR3FA10SWhJy5lWvQ88bv2qa_q_aPWInR9YIJx2pdaCCMulxgs4VNzy7o4w
Bolsonaro é a ameaça mais séria aos indígenas:
https://www.diariodocentrodomundo.com.br/bolsonaro-e-a-ameaca-mais-seria-aos-indigenas-desde-a-constituicao-de-1988-avalia-revista-cientifica-britanica/?fbclid=IwAR1Wo8U2PHk6ckjR6NmlBDvHhPg0zQtjeNZNY-iTAMjLzY7FdtW1pupQqnI
https://leonardoboff.wordpress.com/2019/10/30/a-vantagem-da-imperfeicao/
https://antropofagista.com.br/2020/02/08/itau-e-dono-da-ambev-estao-entre-acionistas-que-invadem-terra-indigena-jaragua-em-sp/
Abrahamm Weintraub: "Odeio o termo POVOS INDÍGENAS"
https://leonardoboff.org/2020/06/15/odeio-o-termo-povos-indigenasuma-blasfemia-em-dois-atos/
https://leonardoboff.org/2020/08/16/una-poesia-orada/