Texto extraído do blog do jornalista Mauro Santayana (*)
http://www.maurosantayana.com/2015/07/a-nova-marcha-dos-insensatos-e-sua_31.html
Mauro Santayana
A NOVA MARCHA DOS INSENSATOS E A SUA PRIMEIRA VÍTIMA - Texto integral
(Do Blog) - Esperam-se, para o próximo dia 16 de agosto - mês do suicídio de Vargas e de tantas desgraças que já se abateram sobre o Brasil - novas manifestações pelo impeachment da Presidente da República, por parte de pessoas que acusam o governo de ser corrupto e comunista e de estar quebrando o país.
Se esses brasileiros, antes de ficar repetindo sempre os mesmos comentários dos portais e redes sociais, procurassem fontes internacionais em que o mercado financeiro normalmente confia para tomar suas decisões, como o FMI - Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial, veriam que a história é bem diferente, e que se o PIB e a renda per capita caíram, e a dívida pública líquida praticamente dobrou, foi no governo Fernando Henrique Cardoso.
Segundo o Banco Mundial, (worldbank1) o PIB do Brasil, que era de 534 bilhões de dólares, em 1994, caiu para 504 bilhões de dólares, quando Fernando Henrique Cardoso deixou o governo, oito anos depois.
Para subir, extraordinariamente, destes 504 bilhões de dólares, em 2002, para 2 trilhões, 346 bilhões de dólares, em 2014, último dado oficial levantado pelo Banco Mundial, crescendo mais de 400% em dólares, em apenas 11 anos, depois que o PT chegou ao poder.
E isso, apesar de o senhor Fernando Henrique Cardoso ter vendido mais de 100 bilhões de dólares em empresas brasileiras, muitas delas estratégicas, como a Telebras, a Vale do Rio Doce e parte da Petrobras, com financiamento do BNDES e uso de “moedas podres”, com o pretexto de sanear as finanças e aumentar o crescimento do país.
Com a renda per capita ocorreu a mesma coisa. No lugar de crescer em oito anos, a renda per capita da população brasileira, também segundo o Banco Mundial - (worldbank2) - caiu de 3.426 dólares, em 1994, no início do governo, para 2.810 dólares, no último ano do governo Fernando Henrique Cardoso, em 2002. E aumentou, também, em mais de 400%, de 2.810 dólares, para 11.208 dólares, também segundo o World Bank, depois que o PT chegou ao poder.
O salário mínimo, que em 1994, no final do governo Itamar Franco, valia 108 dólares, caiu 23%, para 81 dólares, no final do governo FHC e aumentou em três vezes, para mais de 250 dólares, agora.
As reservas monetárias internacionais - o dinheiro que o país possui em moeda forte - que eram de 31,746 bilhões de dólares, no final do governo Itamar Franco, cresceram em apenas algumas centenas de milhões de dólares por ano, para 37.832 bilhões de dólares - (worldbank3) nos oito anos do governo FHC.
Nessa época, elas eram de fato, negativas, já que o Brasil, para chegar a esse montante, teve que fazer uma dívida de 40 bilhões de dólares com o FMI.
Depois, elas se multiplicaram para 358,816 bilhões de dólares em 2013, e para 370,803 bilhões de dólares, em dados de ontem (Bacen), transformando o Brasil de devedor em credor do FMI, depois do pagamento total da dívida com essa instituição em 2005, e de emprestarmos dinheiro para o Fundo Monetário Internacional, quando do pacote de ajuda à Grécia em 2008.
E, também, no terceiro maior credor individual externo dos EUA, segundo consta, para quem quiser conferir, do próprio site oficial do tesouro norte-americano -(usa treasury).
O IED - Investimento Estrangeiro Direto, que foi de 16,590 bilhões de dólares, em 2002, no último ano do Governo Fernando Henrique Cardoso, também subiu mais de quase 400%, para 80,842 bilhões de dólares, em 2013, depois que o PT chegou ao poder, ainda segundo dados do Banco Mundial: (worldbank4), passando de aproximadamente 175 bilhões de dólares nos anos FHC (mais ou menos 100 bilhões em venda de empresas nacionais) para 440 bilhões de dólares entre 2002 e 2014.
A dívida pública líquida (o que o país deve, fora o que tem guardado no banco), que, apesar das privatizações, dobrou no Governo Fernando Henrique, para quase 60%, caiu para 35%, agora, 11 anos depois do PT chegar ao poder (aqui).
Quanto à questão fiscal, não custa nada lembrar que a média de déficit público, sem desvalorização cambial, dos anos FHC, foi de 5,53%, e com desvalorização cambial, de 6,59%, bem maior que os 3,13% da média dos anos que se seguiram à sua saída do poder; e que o superavit primário entre 1995 e 2002 foi de 1,5%, muito menor que os 2,98% da média de 2003 e 2013 - segundo Ipeadata e o Banco Central.
E, ao contrário do que muita gente pensa, o Brasil ocupa, hoje, apenas o quinquagésimo lugar do mundo, em dívida pública, em situação muito melhor do que os EUA, o Japão, a Zona do Euro, ou países como a Alemanha, a França, a Grã Bretanha - cujos jornais adoram ficar nos ditando regras e “conselhos” - ou o Canadá (economichelp).
Também ao contrário do que muita gente pensa, a carga tributária no Brasil caiu ligeiramente, segundo Banco Mundial, de 2002, no final do governo FHC, para o último dado disponível, de dez anos depois (worldbank5), e não está entre a primeiras do mundo, assim como a dívida externa, que caiu mais de 10 pontos percentuais nos últimos dez anos, e é a segunda mais baixa, depois da China, entre os países do G20 (quandl).
Não dá, para, em perfeito juízo, acreditar que os advogados, economistas, empresários, jornalistas, empreendedores, funcionários públicos, majoritariamente formados na universidade, que bateram panelas contra Dilma em suas varandas, no início do ano, acreditem mais nos boatos das redes sociais - reforçados por um verdadeiro estelionato midiático - do que no FMI e no Banco Mundial, organizações que podem ser taxadas de tudo, menos de terem sido “aparelhadas” pelo governo brasileiro e seus seguidores.
Considerando-se estas informações, que estão, há muito tempo, publicamente disponíveis na internet, o grande mistério da economia brasileira, nos últimos 12 anos, é saber em que dados tantos jornalistas, economistas, e “analistas”, ouvidos a todo momento, por jornais, emissoras de rádio e televisão, se basearam, antes e agora, para tirar, como se extrai um coelho da cartola - ou da "cachola" - o absurdo paradigma, que vêm defendendo há anos, de que o Governo Fernando Henrique foi um tremendo sucesso econômico, e de que deixou “de presente” para a administração seguinte, um país econômica e financeiramente bem sucedido.
Nefasto paradigma, este, que abriu caminho, pela repetição, para outra teoria tão frágil quanto mentirosa, na qual acreditam piamente muitos dos cidadãos que vão sair às ruas no próximo dia dezesseis: a de que o PT estaria, agora, jogando pela janela, essa - supostamente maravilhosa - “herança” de Fernando Henrique Cardoso.
O pior cego é o que não quer ver, o pior surdo, o que não quer ouvir.
Está certo que não podemos ficar apenas olhando para o passado, que temos de enfrentar os desafios do presente, fruto de uma crise que é internacional, e que é constantemente alimentada e realimentada por medidas de caráter jurídico que afetam a credibilidade e a estabilidade de empresas e por uma intensa campanha antinacional, que fazem com que estejamos crescendo pouco, neste ano, embora haja diversos países ditos “desenvolvidos” que estejam muito mais endividados e crescendo menos ainda do que nós.
Assim como também é verdade que esse governo não é perfeito, e que se cometeram vários erros na economia, que poderiam ter sido evitados, principalmente nos últimos anos, como desonerações desnecessárias e um tremendo incentivo ao consumo que prejudicou - entre outras razões, também pelo aumento da importação de supérfluos e de viagens ao exterior - a balança comercial.
Mas, pelo amor de Deus, não venham nos impingir nenhuma dessas duas fantasias, que estão empurrando muita gente a sair às ruas para se manifestar: nem Fernando Henrique salvou o Brasil, nem o PT está quebrando um país que em 2002, era a décima-quarta maior economia do mundo, e que hoje já ocupa o sétimo lugar.
Muitos brasileiros também vão sair às ruas, mais esta vez, por acreditar - assim como fazem com relação à afirmação de que o PT quebrou o país - que o governo Dilma é comunista e que ele quer implantar uma ditadura esquerdista no Brasil.
Quais são os pressupostos e características de um país democrático, ao menos do ponto de vista de quem "acredita" e defende o capitalismo?
a) a liberdade de expressão - o que não é verdade para a maioria dos países ocidentais - dominados por grandes grupos de mídia pertencentes a meia dúzia de famílias, mas que, do ponto de vista formal, existe plenamente por aqui;
b) a liberdade de empreender, ou de livre iniciativa, por meio da qual um indivíduo qualquer pode abrir ou encerrar uma empresa de qualquer tipo, quando quiser;
c) a liberdade de investimento, inclusive para capitais estrangeiros;
d) um sistema financeiro particular independente e forte;
e) apoio do governo à atividade comercial e produtiva;
f) a independência dos poderes;
g) um sistema que permita a participação da população no processo político, na expressão da vontade da maioria, por meio de eleições livres e periódicas, para a escolha, a intervalos regulares e definidos, de representantes para o Executivo e o Legislativo, nos municípios, Estados e União.
Todas essas premissas e direitos estão presentes e vigentes no Brasil.
Não é o fato de ter como símbolo uma estrela solitária ou vestir uma roupa vermelha - hábito que deveria ter sido abandonado pelo PT há muito tempo, justamente para não justificar o discurso adversário de que o PT não é um partido "brasileiro" ou "patriótico" - que transformam alguém em comunista - e aí estão botafoguenses e colorados que não me deixam mentir, assim como o Papai Noel, que se saísse inadvertidamente às ruas, no dia 6, provavelmente seria espancado brutalmente, depois de ter o conteúdo de seu saco de brinquedos revistado e provavelmente “apreendido” à procura de dinheiro de corrupção.
Da mesma forma que usar uma bandeira do Brasil não transforma, automaticamente, ninguém em patriota, como mostrou a foto do Rocco Ritchie, o filho da Madonna, no Instagram, e os pavilhões nacionais pendurados na entrada do prédio da Bolsa de Nova Iorque, quando da venda de ações de empresas estratégicas brasileiras, na época da privataria.
Qualquer pessoa de bom senso prefere um brasileiro vestido de vermelho - mesmo que seja flamenguista ou sãopaulino, que não são, por acaso, times do meu coração - do que um que vai para a rua, vestido de verde e amarelo, para defender a privatização e a entrega, para os EUA, de empresas como a Petrobras.
O PT é um partido tão comunista, que o lucro dos bancos, que foi de aproximadamente 40 bilhões de dólares no governo Fernando Henrique Cardoso, aumentou para 280 bilhões de dólares nos oito anos do governo Lula.
É claro que isso ocorreu também por causa do crescimento da economia, que foi de mais de 400% nos últimos 12 anos, mas só o fato de não aumentar a taxação sobre os ganhos dos mais ricos e dos bancos - que, aliás, teria pouquíssima chance de passar no Congresso Nacional - já mostra como é exagerado o medo que alguns sentem do “marxismo” do Partido dos Trabalhadores.
O PT é um partido tão comunista, que grandes bancos privados deram mais dinheiro para a campanha de Dilma e do PT do que para os seus adversários nas eleições de 2014.
Será que os maiores bancos do país teriam feito isso, se dessem ouvidos aos radicais que povoam a internet, que juram, de pés juntos, que Dilma era assaltante de banco na década de 1970, ou se desconfiassem que ela é uma perigosa terrorista, que está em vias de dar um golpe comunista no Brasil ?
O PT é um partido tão comunista que nenhum governo apoiou, como ele, o capitalismo e a livre iniciativa em nosso país.
Foi o governo do PT que criou o Construcard, que já emprestou mais de 20 bilhões de reais em financiamento, para compra de material de construção, beneficiando milhares de famílias e trabalhadores como pedreiros, pintores, construtores; que criou o Cartão BNDES, que atende, com juros subsidiados, milhares de pequenas e médias empresas e quase um milhão de empreendedores; que aumentou, por mais de quatro, a disponibilidade de financiamento para crédito imobiliário - no governo FHC foram financiados 1,5 milhão de unidades, nos do PT mais de 7 milhões - e o crédito para o agronegócio (no último Plano Safra de Fernando Henrique, em 2002, foram aplicados 21 bilhões de reais, em 2014/2015, 180 bilhões de reais, 700% a mais) e a agricultura familiar (só o governo Dilma financiou mais de 50 bilhões de reais contra 12 bilhões dos oito anos de FHC).
Aumentando a relação crédito-PIB, que era de 23%, em dezembro de 2002, para 55%, em dezembro de 2014, gerando renda e empregos e fazendo o dinheiro circular.
As pessoas reclamam, na internet, porque o governo federal financiou, por meio do BNDES, empresas brasileiras como a Braskem, a Vale e a JBS.
Mas, estranhamente, não fazem a mesma coisa para protestar pelo fato do governo do PT, altamente “comunista”, ter emprestado - equivocadamente a nosso ver - bilhões de reais para multinacionais estrangeiras, como a Fiat e a Telefónica (Vivo), ao mesmo tempo em que centenas de milhões de euros, seguem para a Europa, como andorinhas, todos os anos, em remessa de lucro, para nunca mais voltar.
A QUESTÃO MILITAR
Outro mito sobre o suposto comunismo do PT, é que Dilma e Lula, por revanchismo, sejam contra as Forças Armadas, quando suas administrações, à frente do país, começaram e estão tocando o maior programa militar e de defesa da história brasileira.
Lula nunca pegou em armas contra a ditadura. No início de sua carreira como líder de sindicato, tinha medo “desse negócio de comunismo” - como já declarou uma vez - surgiu e subiu como uma liderança focada na defesa de empregos, aumentos salariais e melhoria das condições de classe de seus companheiros de trabalho, operários da indústria automobilística de São Paulo, e há quem diga que teria sido indiretamente fortalecido pelo próprio regime militar para impedir o crescimento político dos comunistas em São Paulo.
Dilma, sim, foi militante de esquerda na juventude, embora nunca tenha pego em armas, a ponto de não ter sido acusada disso sequer pela Justiça Militar.
Mas se, por esta razão, ela é comunista, seria possível acusar desse mesmo “crime” também José Serra, Aloísio Nunes Ferreira, e muitos outros que antes eram contra a ditadura e estão, hoje, contra o PT.
Se o PT tivesse alguma coisa contra a Marinha, ele teria financiado, por meio do PROSUB, a construção do estaleiro e da Base de Submarinos de Itaguaí, e investido 7 bilhões de dólares no desenvolvimento conjunto com a França, de vários submersíveis convencionais e do primeiro submarino nuclear brasileiro, cujo projeto se encontra hoje ameaçado, porque suas duas figuras-chave, o Presidente do Grupo Odebrecht, e o Vice-Almirante Othon Pinheiro da Silva, figuras públicas, com endereço conhecido, estão desnecessária e arbitrariamente detidos, no âmbito da "Operação Lava-Jato"?
Teria, da mesma forma, o governo do PT, comprado novas fragatas na Inglaterra, voltado a fabricar navios patrulha em nossos estaleiros, até para exportação para países africanos, investido na remotorização totalmente nacional de mísseis tipo Exocet, na modernização do navio aeródromo (porta-aviões) São Paulo, na compra de um novo navio científico oceanográfico na China, na participação e no comando por marinheiros brasileiros das Forças de Paz da ONU no Líbano ?
Se fosse comunista, o governo do PT estaria, para a Aeronáutica, investido bilhões de dólares no desenvolvimento conjunto com a Suécia, de mais de 30 novos caças-bombardeio Gripen NG-BR, que serão fabricados dentro do país, com a participação de empresas brasileiras e da SAAB, com licença de exportação para outras nações, depois de uma novela de mais de duas décadas sem avanço nem solução, que começou no governo FHC ?
Se fosse comunista - e contra as forças armadas - teria o governo do PT encomendado à Aeronáutica e à Embraer, com investimento de um bilhão de reais, do
governo federal, o projeto do novo avião cargueiro militar multipropósito KC-390, desenvolvido com a cooperação da Argentina, do Chile, de Portugal e da República Tcheca, capaz de carregar até blindados, que já começou a voar neste ano - a maior aeronave já fabricada no Brasil ?
Teria comprado, para os Grupos de Artilharia Aérea de Auto-defesa da FAB, novas baterias de mísseis IGLA-S; ou feito um acordo com a África do Sul, para o desenvolvimento conjunto - em um projeto que também participa a Odebrecht - com a DENEL Sul-africana, do novo míssil ar-ar A-Darter, que ocupará os nossos novos caças Gripen NG BR?
Se fosse um governo comunista, o governo do PT teria financiado o desenvolvimento, para o Exército, do novo Sistema Astros 2020, e recuperado financeiramente a AVIBRAS ?
Se fosse um governo comunista, que odiasse o Exército, o governo do PT teria financiado e encomendado a engenheiros dessa força, o desenvolvimento e a fabricação, com uma empresa privada, de 2.050 blindados da nova família de tanques Guarani, que estão sendo construídos na cidade de Sete Lagoas, em Minas Gerais?
Ou o desenvolvimento e a fabricação da nova família de radares SABER, e, pelo IME e a IMBEL, para as três armas, da nova família de Fuzis de Assalto IA-2, com capacidade para disparar 600 tiros por minuto, a primeira totalmente projetada no Brasil ?
Ou encomendado e investido na compra de helicópteros russos e na nacionalização de novos helicópteros de guerra da Helibras e mantido nossas tropas - em benefício da experiência e do prestígio de nossas forças armadas - no Haiti e no Líbano?
Em 2012, o novo Comandante do Exército, General Eduardo Villas Bôas, então Comandante Militar da Amazônia, respondeu da seguinte forma a uma pergunta, em entrevista à Folha de São Paulo:
Lucas Reis:
“Em 2005, o então Comandante do Exército, general Albuquerque, disse “o homem tem direito a tomar café, almoçar e jantar, mas isso não está acontecendo (no Exército). A realidade atual mudou?
General Eduardo Villas Bôas:
“Mudou muito. O problema é que o passivo do Exército era muito grande, foram décadas de carência. Desde 2005, estamos recebendo muito material, e agora é que estamos chegando a um nível de normalidade e começamos a ter visibilidade. Não discutimos mais se vai faltar comida, combustível, não temos mais essas preocupações.”
Deve ter sido, também, por isso, que o General Villas Bôas, já desmentiu, como Comandante do Exército, neste ano, qualquer possibilidade de "intervenção militar" no país, como se pode ver aqui (O recado das armas).
A QUESTÃO EXTERNA
A outra razão que contribui para que o governo do PT seja tachado de comunista, e muita gente saía às ruas, no domingo, é a política externa, e a lenda do “bolivarianismo” que teria adotado em suas relações com o continente sul-americano.
Não é possível, em pleno século XXI, que os brasileiros não percebam que, em matéria de política externa e economia, ou o Brasil se alia estrategicamente com os BRICS (Rússia, Índia, China e África do Sul), potências ascendentes como ele; e estende sua influência sobre suas áreas naturais de projeção, a África e a América Latina - incluídos países como Cuba e Venezuela, porque não temos como ficar escolhendo por simpatia ou tipo de regime - ou só nos restará nos inserir, de forma subalterna, no projeto de dominação europeu e anglo-americano?
Ou nos transformarmos, como o México, em uma nação de escravos, como se pode ver aqui (O México e a América do Sul) que monta peças alheias, para mercados alheios, pelo módico preço de 12 reais por dia o salário mínimo ?
Jogando, assim, no lixo, nossa condição de quinto maior país do mundo em território e população e sétima maior economia, e nos transformando, definitivamente, em mais uma colônia-capacho dos norte-americanos?
Ou alguém acha que os Estados Unidos e a União Europeia vão abrir, graciosamente, seus territórios e áreas sob seu controle, à nossa influência, política e econômica, quando eles já competem, descaradamente, conosco, nos países que estão em nossas fronteiras?
Do ponto de vista dessa direita maluca, que acusa o governo Dilma de financiar, para uma empresa brasileira, a compra de máquinas, insumos e serviços no Brasil, para fazer um porto em Cuba - a mesma empresa brasileira está fazendo o novo aeroporto de Miami, mas ninguém toca no assunto, como se pode ver aqui (A Odebrecht e o BNDES)- muito mais grave, então, deve ter sido a decisão tomada pelo Regime Militar no Governo do General Ernesto Geisel.
Naquele momento, em 1975, no bojo da política de aproximação com a África inaugurada, no Governo Médici, pelo embaixador Mario Gibson Barbosa, o Brasil dos generais foi a primeira nação do mundo a reconhecer a independência de Angola.
Isso, quando estava no poder a guerrilha esquerdista do MPLA - Movimento Popular para a Libertação de Angola, comandado por Agostinho Neto, e já havia no país observadores militares cubanos, que, com uma tropa de 25.000 homens, lutariam e expulsariam, mais tarde, no final da década de 1980, o exército racista sul-africano, militarmente apoiado por mercenários norte-americanos, do território angolano depois da vitoriosa batalha de Cuito-Cuanavale.
Ao negar-se a meter-se em assuntos de outros países, como Cuba e Venezuela, em áreas como a dos “direitos humanos”, Dilma não faz mais do fez o Regime Militar brasileiro, com uma política externa pautada primeiro, pelo “interesse nacional”, ou do “Brasil Potência”, que estava voltada, como a do governo do PT, prioritariamente para a América do Sul, a África e a aproximação com os países árabes, que foi fundamental para que vencêssemos a crise do petróleo.
Também naquela época, o Brasil recusou-se a assinar qualquer tipo de Tratado de Não Proliferação Nuclear, preservando nosso direito a desenvolver armamento atômico, possibilidade essa que nos foi retirada definitivamente, com a assinatura de um acordo desse tipo no governo de Fernando Henrique Cardoso.
Se houvesse, hoje, um Golpe Militar no Brasil, a primeira consequência seria um boicote econômico por parte do BRICS e de toda a América Latina, reunida na UNASUL e na CELAC, com a perda da China, nosso maior parceiro comercial, da Rússia, que é um importantíssimo mercado para o agronegócio brasileiro, da Índia, que nos compra até mesmo aviões radares da Embraer, e da Àfrica do Sul, com quem estamos também intimamente ligados na área de defesa.
O mesmo ocorreria com relação à Europa e aos EUA, de quem receberíamos apenas apoio extra-oficial, e isso se houvesse um radical do partido republicano na Casa Branca.
Os neo-anticomunistas brasileiros reclamam todos os dias de Cuba, um país com quem os EUA acabam de reatar relações diplomáticas, visitado por três milhões de turistas ocidentais todos os anos, em que qualquer visitante entra livremente e no qual opositores como Yoani Sanchez atacam, também, livremente, o governo, ganhando dinheiro com isso, sem ser incomodados.
Mas não deixam de comprar, hipocritamente, celulares e gadgets fabricados em Shenzen ou em Xangai, por empresas que contam, entre seus acionistas, com o próprio Partido Comunista.
Serão os "comunistas" chineses - para a neo-extrema-direita nacional - melhores que os "comunistas" cubanos ?
A QUESTÃO POLÍTICA
A atividade política, no Brasil, sempre funcionou na base do “jeitinho” e da “negociação”.
Mesmo quando interrompido o processo democrático, com a instalação de ditaduras - o que ocorreu algumas vezes em nossa história - a política sempre foi feita por meio da troca de favores entre membros dos Três Poderes, e, principalmente, de membros do Executivo e do Legislativo, já que, sem aprovação - mesmo que aparente - do Congresso, ninguém consegue administrar este país nem mudar a lei a seu favor, como foi feito com a aprovação da reeleição para prefeitos, governadores e Presidentes da República, obtida pelo Presidente Fernando Henrique Cardoso.
Toda estrutura coletiva, seja ela uma jaula de zoológico, ou o Parlamento da Grã Bretanha, funciona na base da negociação.
Fora disso, só existe o recurso à violência, ou à bala, que coloca qualquer machão, por mais alto, feio e forte seja, na mesma posição de vulnerabilidade de qualquer outro ser humano.
O “toma-lá-dá-cá” nos acompanha há milhares de anos e qualquer um pode perceber isto, se parar para observar um grupo de primatas.
Ai daquele, entre os macacos, que se recusa a catar carrapatos nas costas alheias, a dividir o alimento, ou a participar das tarefas de caça, coleta ou vigilância.
Em seu longo e sábio aprendizado com a natureza, já entenderam eles, uma lição que, parece, há muito, esquecemos: a de que a sobrevivência do grupo depende da colaboração e do comportamento de cada um.
O problema ocorre quando nesse jogo, a cooperação e a solidariedade, são substituídas pelo egoísmo e o interesse de um indivíduo ou de um determinado grupo, e a negociação, dentro das regras usuais, é trocada por pura pilantragem ou o mero uso da ameaça e da pressão.
O corrupto, entre os primatas, é aquele que quer receber mais cafuné do que faz nos outros, o que rouba e esconde comida, quem, ao ver alguma coisa no solo da floresta ou da savana, olha para um lado e para o outro, e ao ter certeza de que não está sendo observado, engole, quase engasgando, o que foi encontrado.
O fascista é aquele que faz a mesma coisa, mas que se apropria do que pertence aos outros, pela imposição extremada do medo e da violência mais injusta.
Se não há futuro para os egoístas nos grupos de primatas, também não o há para os fascistas.
Uns e outros terminam sendo derrotados e expulsos, de bandos de chimpanzés, babuínos e gorilas, ou da sociedade humana, a dos "macacos nus", quando contra eles se une a maioria.
Já que a negociação é inerente à natureza humana, e que ela é sempre melhor do que a força, o que é preciso fazer para diminuir a corrupção, que não acabará nem com golpe nem por decreto ?
Mudar o que for possível, para que, no processo de negociação, haja maior transparência, menos espaço para corruptos e corruptores, e um pouco mais de interesse pelo bem comum do que pelo de grupos e corporações, como ocorre hoje no Congresso.
O caminho para isso não é o impeachment, nem golpe, mas uma Reforma Política, que mude as coisas de fato e o faça permanentemente, e não apenas até as próximas eleições, quando, certamente, partidos e candidatos procurarão empresas para financiar suas campanhas, se elas estiverem dispostas ainda a financiá-los, como se pode ver aqui (A memória, os elefantes e o financiamento empresarial de campanha) - e espertalhões da índole de um Paulo Roberto Costa, de um Pedro Barusco, de um Alberto Youssef, voltarão a meter a mão em fortunas, não para fazer “política” mas em benefício próprio, e as mandarão para bancos como o HSBC e paraísos fiscais como os citados no livro "A Privataria Tucana".
O que é preciso saber, é se essa Reforma Política será efetivamente feita, já que é fundamental e inadiável, ou se a Nação continuará suspensa, com toda a sua atenção atrelada a um processo criminal, que tem beneficiado principalmente bandidos identificados até agora, que, em sua maioria, devido a distorcidas "delações", que não se sustentam, na maioria dos casos, em mais provas que a sua palavra, sairão dessa impunes, para gastar o dinheiro, que, quase certamente, colocaram fora do alcance da lei, da compra de bens e de contas bancárias.
Pessoas falam e agem, e sairão no dia seis de agosto às ruas também por causa disso, como se o Brasil tivesse sido descoberto ontem e o caso de corrupção da Petrobras, não fosse mais um de uma longa série de escândalos, a maioria deles sequer investigados antes de 2002.
Se a intenção é passar o país a limpo e punir de forma exemplar toda essa bandalheira, era preciso obedecer à fila e à ordem de chegada, e ao menos reabrir, mesmo que fosse simultaneamente, mas com a mesma atenção e "empenho", casos como o do Banestado - que envolveu cerca de 60 bilhões - do Mensalão Mineiro, o do Trensalão de São Paulo, para que estes, que nunca mereceram o mesmo tratamento da nossa justiça nem da sociedade, fossem investigados e punidos, em nome da verdade e da isonomia, na grande faxina "moral" que se pretende estar fazendo agora.
Ora, em um país livre e democrático - no qual, estranhamente, o governo está sendo acusado de promover uma ditadura - qualquer um tem o direito de ir às ruas para protestar contra o que quiser, mesmo que o esteja fazendo por falta de informação, por estar sendo descaradamente enganado e manipulado, ou por pensar e agir mais com o ódio e com o fígado do que com a cabeça e a razão.
Esse tipo de circunstância facilita, infelizmente, a possibilidade de ocorrência dos mais variados - e perigosos - incidentes, e o seu aproveitamento por quem gostaria, dentro e fora do país, de ver o circo pegar fogo.
Para os que estão indo às ruas por achar que vivem sob uma ditadura comunista, é sempre bom lembrar que em nome do anticomunismo, se instalaram - de Hitler a Pinochet - alguns dos mais terríveis e brutais regimes da História.
E que nos discursos e livros do líder nazista podem ser encontradas, sobre o comunismo as mesmas teses, e as mesmas acusações falsas e esfarrapadas que se encontram hoje disseminadas na internet brasileira, e que seus seguidores também pregavam matar a pau judeus, socialistas e comunistas, como fazem muitos fascistas hoje na internet, com relação aos petistas.
A questão não é a de defender ou não o comunismo - que, aliás, como "bicho-papão" institucional, só sobrevive, hoje, em estado "puro", na Coréia do Norte - mas evitar que, em nome da crescente e absurda paranoia anticomunista, se destrua, em nosso país, a democracia.
Esperemos que os protestos do dia 16 de agosto transcorram pacificamente - considerando-se a forma como estão sendo convocados e os apelos ao uso da violência que já estão sendo feitos por alguns grupos nas redes sociais - e que não sejam utilizados por inimigos internos e externos, por meio de algum "incidente", para antagonizar e dividir ainda mais os brasileiros, e nem tragam como consequência, no limite, a morte de ninguém, além da Verdade - que já se transformou, há muito tempo, na primeira e mais emblemática vítima desse tipo de manifestação.
Há muitos anos, deixamos de nos filiar a organizações políticas, até por termos consciência de que não há melhor partido que o da Pátria, o da Democracia e o da Liberdade.
O rápido fortalecimento da radicalização direitista no Brasil - apesar dos alertas que tem sido feitos, nos últimos três ou quatro anos, por muitos observadores - só beneficia a um grupo: à própria extrema direita, cada vez mais descontrolada, odienta e divorciada da realidade.
Na longa travessia, pelo tempo e pelo mundo, que nos coube fazer nas últimas décadas, entre tudo o que aprendemos nas mais variadas circunstâncias políticas e históricas, aqui e fora do país, está uma lição que reverbera, de Weimar a Auschwitz, profunda como um corte:
Com a extrema-direita não se brinca, não se alivia, não se tergiversa, não se compactua.
Quem não perceber isso - e esse erro - por omissão ou interesse - tem sido cometido tanto por gente do governo quanto da oposição - ou está sendo ingênuo, ou irresponsável, ou mal intencionado.
* Mauro Santayana é um jornalista autodidata brasileiro. Prêmio Esso de Reportagem de 1971, fundou, na década do 1950, O Diário do Rio Doce, e trabalhou, no Brasil e no exterior, para jornais e publicações como Diário de Minas, Binômio, Última Hora, Manchete, Folha de S. Paulo, Correio Brasiliense, Gazeta Mercantil e Jornal do Brasil onde mantêm uma coluna de comentários políticos.Cobriu, como correspondente, a invasão da Checoslováquia, em 1968, pelas forças do Pacto de Varsóvia, a Guerra Civil irlandesa e a Guerra do Saara Ocidental, e entrevistou homens e mulheres que marcaram a história do Século XX, como Willy Brandt, Garrincha, Dolores Ibarruri, Jorge Luis Borges, Lula e Juan Domingo Perón. Amigo e colaborador de Tancredo Neves, contribuiu para a articulação da sua eleição para a Presidência da República, que permitiu o redemocratização do Brasil. Foi secretário-executivo da Comissão de Estudos Constitucionais e Adido Cultural do Brasil em Roma.
Comentários:
Anônimo disse...
O que dizer do mito vivo Mauro Santayana? Prefiro apenas agradecer-lhe e parabenizá-lo por mais um maravilhoso, incisivo e elucidativo texto, dentre tantos outros.
Muito obrigado.
Luis Ambrosio disse...
Perfeito, repito e repito perfeito o seu artigo.
Mauro Santayana disse...
Obrigado Luis Ambrosio, e obrigado, anônimo e Marco !
José Rui de Souza disse...
Esse texto com números claros e confiáveis tem que ser transformado em gráficos. Literalmente desenhado e difundido. M
Cleto Maia disse...
Gostaria de saber que precauções o Ministério da Justiça,e a Justiça brasileiras,estão tomando em relação à manifestação do dia 16.8.15,convocada por alguns grupos radicais_ligados à extrema direita_,assumidamente sectários e violentos?
Maria Augusta Cambará disse...
Muito grata Meste Santayana!
Anônimo disse...
Na minha opinião, não há jornalista mais lúcido, capacitado e patriota que o Sr. O presente artigo é uma brilhante síntese do momento atual e preocupante que vivemos neste enorme país. Meus humildes cumprimentos.
Marcos Vinicius disse...
Excelente artigo!
Altair Almeida disse...
Essa é a luz que ilumina todo o túnel, só não vê quem não quer, os egoístas, os preconceituosos, os pobres de espírito ou os mal- intencionados. Parabéns e obrigado Santayana.
Celma disse...
Sem dúvida, o texto mais coerente que li nos últimos tempos. Parabéns pela clareza.
Flaviavit disse...
Grata, muito grata, pelo texto lúcido. Ao me debruçar sobre tuas ideias e todo teu conhecimento Mauro Santayana, bebi água pura, ideal para hidratar a atual situação brasileira, mais uma vez obrigada.
Dio disse...
Apenas uma ressalva no excelente texto do Santayana: não existe "mensalão mineiro" mas sim "mensalão do PSDB".
O povo de Minas Gerais não pode dar nome à safadeza tucana.
Safira disse...
O triste e que poucos leem o artigo ate o final.
Magda Carvalho disse...
Excelente o texto. Merece ser lido e relido até o final.
Anônimo disse...
E o governo impassível. Pra que servem a ABIN e a SECOM da presidência da república?
Lembro-me dos tempos do grande Santayana, colaborando com o governo do também grande presidente Itamar Franco.
Uma aula de história que guardarei para sempre.
Parabéns e vida longa.
Luiz Dalton
Jandyra Abranches disse...
Altamente esclarecedor. Uma aula.
Mauro Santayana disse...
Obrigado !
Lafaiete Spinola disse...
Ótima análise do Santayana, excelente jornalista, profundo conhecedor da política internacional que muito tem servido para esclarecer este momento conturbado da nossa política.
Minhas sugestões para avançarmos nas mudanças que o Brasil necessita:
https://www.facebook.com/LafaieteDeSouzaSpinola/posts/514707385353341
Anônimo disse...
Pô, gostei do texto, vale a pena fazer um infográfico disso, para os burros entenderem... dá para desenhar tudo isso de forma bem legal!
Vou pegar isso como projeto de fim de semana.
Helenice Rocha disse...
Parabéns pela profundidade, clareza e coragem contidas no texto. Obrigada pela generosa contribuição ao compartilhar a riqueza de seus conhecimentos.
judson silva disse...
Dissertacao muito graciosa, bem do seu feitio porem inócua, fez tanto barulho qt uma arvore caindo no meio da floresta. Essa horda facista nunca le mais q 3 linhas, Deus os livre, se vc ou qq um venha lhos guiar na escuridão.
Gostei do q disse porem com uma ressalva: qd vc diz q estao selecionando o Marcelo O. ou Othon, lembre-se q estas sao as pessoas a gerir estes negocios escusos com a sapiência de suas irregularidades. Justica seja feita e como vc vem, bem mais aboixo dizer, nao estamos passando o pais a limpo", pois q a ordem venha, como esta vindo e deixe a porta aberta para uma rebusca nos arquivos e encaixarem os Banestados, Mensalões Tucanos e, como nos mineiros dizemos, "o trein gate" de Sao Paulo em hora oportuna e com jurisprudência ja estipulada.
Prazer em ver q continua vivo e ativo
José Carlos da Rocha disse...
Meu nome é José Carlos da Rocha, eu sou blogueiro (www.blogdojcr.com) e petista. Além de tudo sou patriota e brasileiro. O texto é excelente e traz dados que ninguém pode negar.Então, peço a permissão, com as devidas citações de autoria, para postá-lo, na píntegra, no meu blog e no jornal GGN. com.br Um excelente trabalho. Parabéns (licença para jcr@blogdojcr.com).
Antecipadamente muito grato
Anônimo disse...
Este negócio de usar o valor do PIB em dólar foi uma malandragem da sua parte ou só burrice mesmo?
Acho que foi má-fé, já que o senhor sabe muito bem que a variação percentual do PIB NUNCA é calculada em dólar justamente pela flutuação da moeda.
Mas pedir pra um esquerdista usar honestidade em sua argumentação é uma contradição de termos.
Mauro Santayana disse...
José Carlos, está autorizada a publicação da forma que achar melhor. Quanto ao anônimo, não sou eu que uso o PIB em dólar. como se pode ver pela fonte, quem usa o PIB em dólar é o Banco Mundial. Se fosse PIB por Paridade de Poder de Compra, a comparação ficaria ainda pior. E se for levar em consideração o câmbio, o dólar hoje está valendo - aritmeticamente, como a imprensa faz questão de lembrar a todo momento - a mesma quantidade de reais que valia no final de 2002.
Renato Padua disse...
É INCRIVEL COMO DIVERSOS MEIOS DE MIDIA E JORNALISTA IMPORTANTES FALAM O CONTRARIO SEM MOSTRAR FONTES, DADOS E PROVAS, PARBENS BELO TEXTO, VERDADEIRO E DIRETO NO ALVO ONDE OS HIPOCRISIAS NÃO CONSEGUEM ASSUMIR.
Sergio Caldieri disse...
Grande Mauro Santayana, sempre brilhante nas suas colocações O meu sonho era ter um Mauro Santayana em todas as redações da imprensa brasileira.
Anônimo disse...
Muito bom o texto...Reflete bem a realidade do Brasil atualmente...
João Alves Filho disse...
Caro Mauro Santayana,
Muito bom texto, de excelente qualidade redacional, argumentativa e analítica. Não sou petista e tenho minhas reservas quanto às reais intenções da cúpula de seu partido. Igualmente, não me filio a partido algum por não acreditar nas falaciosas promessas de qualquer um deles. Opto por ter a liberdade necessária para criticar e agir contra qualquer “representante” que não esteja de acordo com o meu pensamento ou sem coerência com sua própria proposta antes de alcançar o cargo avidamente desejado. A grande massa eu entendo como inocentes úteis, como o foram ao longo da História milhões de seres humanos que foram enganados reiteradas vezes, por líderes mentirosos, de ambição desmedida, sem escrúpulos e desprovidos de propósitos nobres e reais para sociedade que lhes era ou é afeta. A leitura cuidadosa e contextualizada de nossa história nos remete a um cenário de exploração intencional e oportunista por séculos seguidos. E o que preconizava Rousseau como solução para a sociedade pós-feudal, como forma de prevenir a autofagia latente, se mostrou uma porta aberta para espertalhões gananciosos e egoístas exercitarem em proveito próprio, o exercício do poder e egocentrismo. Veja, por exemplo, a manipulação marxista e a nazista o que provocaram, de mortes e sofrimento para os que ficaram embaixo. Considere o modo de atuação (juventude comunista, juventude hitlerista) de cada grupo para identificar semelhanças de procedimentos. E ainda não sei se posso confiar piamente em todas as informações veiculadas como verdadeiras até agora. Sempre aparece algo novo que andou escondido, por descuido ou propositalmente, e conforme vamos agredindo e descuidando da ética, a tendência é piorar, em especial nos meios de comunicação. Vou checar – apenas para não perder um hábito perseguido ao longo dos meus quase 62 anos – as referências indicadas em teu elucidativo e competente texto, mas gostaria de um pequeno e inicial esclarecimento: no parágrafo onde citas o 50º lugar para o Brasil no ranking de dívidas públicas, indicas também que estamos à frente de todos os países considerados pela grande maioria de brasileiros – eu me incluo – como os de melhor desempenho sócio econômico no momento, como EUA, Alemanha, Canadá, Japão, dentre outros. O que me deixa curioso é saber quem estaria na frente do Brasil, dentre os 49 países? Agradeceria tua resposta. João Alves Filho, Químico Analítico Instrumental e Bacharel em Direito, joaoalvesfilhodedeus@gmail.com, 43-99936261; 99636261; 91918607. Um abraço. João Alves
Luz da Costa disse...
Quanta competência!!! O que mais dizer???
Mauro Santayana disse...
Desculpe, mas não sei se entendi bem em que sentido foi feita a sua pergunta. Considerando-se por dívida pública, estamos à frente de todos os países que nos antecedem na lista, já que nossa dívida é menor que a deles, o que, teoricamente, deveria fortalecer nossa condição macroeconômica. Considerando-se o desempenho sócio-econômico, talvez a nós fosse dado ter, como eles, uma posição melhor, se a nós também nos fosse dada a possibilidade de nos endividarmos como eles se endividaram durante séculos, no passado, a juros muito menores do que jamais pagamos, para alcançar justamente o "desenvolvimento" de que desfrutam hoje. O problema é que, hipocritamente, considera-se em certos meios normal que alguns países tenham altas dívidas públicas, pagando menos para administrá-las, do que pagam países que têm dívidas públicas menores, como o Brasil, assim como se considera normal que maus devedores, por dominarem a mídia, se metam a dar lições a países que devem muito menos do que eles. Quanto à diferença entre comunistas e nazistas, recomendo o documentário Auschwitz, por exemplo, que você pode encontrar no Netflix. É claro que, sendo uma produção ocidental, ele também fala mal dos russos, mas o único testemunho contra eles é de uma ex-prisioneira polonesa, amante de um nazista, guarda das SS, que chegou a depor em defesa dele, um dos assassinos responsáveis pela morte de 1.200.000 pessoas em Auschwitz.
Os nazistas sempre perseguiram cruel e implacavelmente os comunistas, que os combateram denodadamente até derrotá-los, em batalhas tão épicas quanto heróicas, como as de Stalingrado, Leninhgrado e a de Berlim, levando ao suicídio de Hitler, e ao fim da Segunda Guerra Mundial e do Terceiro Reich.
João Alves Filho disse...
Prezado Mauro, obrigado por tua gentil e atenciosa resposta. Explicando melhor a razão de meu questionamento, antecipo ao meu argumento a ratificação de que entendo um pouco de química, como Químico que sou; muitíssimo pouco de economia ou, pior ainda, de “economês”. A referência que fiz ao teu texto original no segmento onde abordas a questão da dívida pública para valorizar nossa posição à frente dos considerados grandes na economia mundial, como mérito do período petista à frente de nosso Governo (visão da qual eu tenho muitas restrições, mas não caberia aqui abrir novo fórum), foi que me despertou curiosidade de conhecer quem seriam os demais países – 49 se não errei nas contas – à frente de nossa Nação. Confesso minha surpresa com teus números (ainda não checados por falta de tempo ou melhor, de agenda). Tua crítica subliminar à maneira desigual como a dívida é tratada pelos países dominantes, detentores do capital, em termos de juros, entre pobres e ricos, é perfeita e contundente. O sentido da minha pergunta é que quando alguém assume um lado do cenário, por filiação ou mesmo opção explícita, fica de certo modo refém dessa escolha, normalmente se sentindo constrangido ao atacá-lo, mesmo quando notoriamente incoerente com princípios e valores anteriores a ele e mais elevados. Por isso, como indiquei da outra vez, não me filio a partido algum. Nunca vi um político de qualquer época vir a público reconhecer algum erro ou pecado intencionalmente cometido. Filho feio nunca teve pai no contexto político certamente. Mas em tudo que dá certo, porém, mesmo que eles não tenham tido nada a ver com o sucesso em foco, querem pegar carona para a autopromoção. Se o REAL não tivesse dado certo (e eu entendo que foi retido sistemática e intencionalmente por um bom tempo), nem FHC e nem o senhor Lula (que foi explicitamente contra à época, como registram vídeos daquela ocasião) se arvorariam tanto em registrar sua paternidade em cartório. Seria mais um plano a ser esquecido no inconsciente coletivo como o COLLOR e o VERÃO. Livros como HONORÁVEIS BADIDOS, PRIVATARIA TUCANA e O CHEFE, mostram bem a matéria prima podre de nossa sociedade de onde saem nossos políticos e governantes ainda, como dizia o saudoso João Ubaldo Ribeiro. Quanto à tua sugestão sobre o documentário AUSCHWITZ já está na minha lista de preferências para assistir. No entanto, em relação ao que mencionei no meu comentário anterior entre comunistas e nazistas, o amigo respondeu focando nas diferenças, enquanto meu texto sugeria que comparasses as semelhanças no modo de operar dentro do sistema. Foram as semelhanças que me impressionaram, como igualmente assustaram. Não as diferenças (e talvez valesse muito incluir o petismo nesta comparação). Essas sempre existirão em qualquer esfera ou contexto de nossa sociedade humana, pois somos irrepetíveis, sempre com diferenças reconhecíveis dentre nós. O problema, como disse, está nas semelhanças. E o que me espantou mesmo foi perceber que o mal sempre se repete (dominação e exploração sem contribuição, não tem significado: olhe para a África e mesmo para a nossa AL) mesmo que sob disfarces, enquanto que o bem é único, de fácil reconhecimento. Portanto, gostaria de conhecer as nações (49) que ficaram à frente do meu querido Brasil na pesquisa em que o dileto comentarista se baseou para o texto publicado originalmente. Um abraço e aguardo. João Alves Filho, Químico Analista Instrumental e Bacharel em Direito, 043-99936261; 99636261; 91918607; joaoalvesfilhodedeus@gmail.com
Bruno Maciel disse...
Genial. Sugiro que os críticos do governo do PT reflitam essa precisa análise sobre a atual conjuntura política brasileira.
Mauro Santayana disse...
Prezado João Alves,
No seu comentário, afirmas: "Não sou petista e tenho minhas reservas quanto às reais intenções da cúpula de seu partido....e no meu texto, eu afirmo que: "Há muitos anos, deixamos de nos filiar a organizações políticas, até por termos consciência de que não há melhor partido que o da Pátria, o da Democracia e o da Liberdade.", portanto, não sou petista. Escrevo da forma que escrevo, levado pelo profundo desprezo que sinto pela distorção dos fatos, a manipulação e a mentira.
Anônimo disse...
Parabéns Mauro Satayana pelo artigo e pelo nível de conversa e debate. Faz tempo que não vejo divulgação de texto e comentários de tão alto nível de esclarecimento. Parabéns aos comentaristas de plantão pela educação e pelo nivel tambem elevado de abordagem.
Ética Pesquisas Sociais disse...
Não entendo o.anonimato. Medo do Lobo Mau?
Ética Pesquisas Sociais disse...
Por que o anonimato? Não entendi.
João Alves Filho disse...
Caro Mauro Santayana,
Fiquei feliz ao ler tua resposta e perceber meu engano quanto ao que identifiquei, num primeiro momento, como sendo tua opção partidária. Parece que estamos quase do mesmo lado, ou seja, repudiamos toda esta política medíocre e interesseira que vem sangrando há séculos a Nação, em suas instituições e empresas, as quais lutam de modo ferrenho contra impostos desproporcionais pelo que é retornado à sociedade, em benefício de uma casta de famílias e espertalhões que se julgam predestinados e merecedores de toda a riqueza produzida pelo País. Reli várias vezes teu competente e abrangente texto, bem como visitei os links apontados e constatei mais uma vez o que já havia feito noutras ocasiões: que as pessoas parecem já ter perdido o respeito e a admiração pela Verdade e pela Justiça. Entendi meu engano quanto à área econômica – da qual já havia me penitenciado por não ser minha praia – ao interpretar no sentido oposto o sentido de tua afirmação sobre a posição do Brasil em relação à dívida pública. Assisti o documentário que recomendaste, AUSCHWITZ, e deu pra reconhecer o problema recorrente do ser humano diante do poder ou da riqueza: ele se deixa seduzir e se corrompe. Ocorreu com o Ten. Cel. Rudolf Höss como igualmente com Stalin e seus pares. Aliás, o testemunho das atrocidades equivalentes perpetradas pelos “salvadores” soviéticos, não pode e nem deve ser minimizado como o amigo fez. O objetivo de ambos os líderes pode ter sido diferente no inicio, mas depois, o que se instalou mostrou o quanto se distanciou do original em ambos os casos. Na verdade, em todas as ocasiões em que a História registrou e de modo semelhante. O livro de Mikhail Voslensky – NOMENKLATURA – mostra bem esse efeito do lado soviético após 1945. O que me preocupa em relação ao que argumentas, apontando, na contramão do que ora se percebe no inconsciente coletivo – esteja ele contaminado ou não pelo esquema revanchista dos corruptos que não queriam largar a teta – é que todo crime deve ser punido, seja onde for que tenha ocorrido e por quem quer que o tenha cometido. Não se pode permitir que o erro ora descoberto, seja encoberto por chantagens políticas seja de que lado for. Os “pecados” cometidos por FHC, COLLOR, SARNEY e sua trupe, LULA e sua gangue, por quem quer que seja numa esfera de responsabilidade como a governança de uma nação, deve ser investigado de modo aprofundado e punido exemplarmente. Entendo que estes crimes devam encabeçar a lista dos mais horrendos a serem punidos pela pena máxima de um País e em regime fechado, devido à repercussão e extensão de dano imposto à população do País. A interpretação dos fatos é livre e pode variar conforme o ponto de vista de cada analista, até pela influência e eventual ideologia. Mas a distorção de fatos ou sua manipulação por parte de setores do governo ou mesmo da mídia – seja por qualquer intenção – deve ser objeto de repúdio por toda a sociedade. Que se investiguem a fundo todos os casos de corrupção com prioridade máxima (Banestado, Eletrobrás, BNDES, CEF, BB, Mensalão tucano, do DEM, enfim, TODOS). Presídios de segurança máxima sejam construídos para todos eles. Que se mobilize a verdadeira mídia, descomprometida com todo e qualquer setor “patrocinador”, pois o conflito de interesses deveria ser causa de declaração antecipada de impedimento para se manifestar ou mesmo julgar, como não foi o caso, infelizmente, do meu ex-professor de Constitucional II, hoje Ministro Dias Toffoli, no julgamento do mensalão. Verdadeiro contra testemunho jurídico. Que as pessoas em seus cargos ou funções públicas ou de divulgação não se intimidem diante do corrupto mentiroso poderoso, deixando de denunciá-lo. Só assim poderemos deixar uma Nação mais justa e forte para os nossos netos. Obrigado pelo debate. João Alves Filho, Químico Analítico Instrumental e Bacharel em Direito, joaoalvesfilhodedeus@gmail.com, 43-99936261; 99636261; 91918607. Um abraço. João Alves
Mauro Santayana disse...
Caro João Alves,
Vou dividir a resposta em duas partes, porque o programa não aceita o tamanho do texto.
no Brasil, a corrupção não medra por si só, como puro fungo do mal, fruto isolado da cobiça ou de uma suposta propensão do brasileiro, ou de fulano ou de beltrano, para o roubo e o desvio de recursos públicos.
O fenômeno da corrupção, o estudo de suas razões, e a busca de caminhos para combatê-la, não podem ficar restritos a uma abordagem emocional da questão, ou à sua redução a um mero (ou moro) problema de polícia, do Ministério Público ou do Judiciário.
No Brasil, e no mundo inteiro - e não há nenhum grande país do mundo em que isso não ocorra - a corrrupção, no Setor Público, está ligada ao sistema político e deriva da negociação e permanente acomodação dos interesses dos diferentes grupos representados no executivo e no legislativo, e, às vezes, até mesmo no Judiciário, em um quadro complexo, cuja composição varia, a cada nova eleição, segundo a vontade do eleitorado.
No Parlamentarismo - e está aí a Inglaterra, com sua sucessão de escândalos, que não nos deixa mentir - ou no presidencialismo de coalizão, como é o caso do Brasil, quem for escolhido Primeiro-Ministro ou Presidente da República, não governa - assim como não há empresa que trabalhe para o Setor Público - se não atender a interesses de partidos, senadores, deputados.
A pressão e a chantagem são permanentes, e tanto mais descompromissadas do espírito e do interesse públicos, quanto mais descompromissados forem os legisladores que tiverem sido eleitos para formular as leis das quais depende o Executivo para governar, ou aqueles que estiverem exercendo o papel de fiscalizar as suas atividades.
Trocando em miúdos, quanto pior o Congresso, pior será (mesmo que involuntariamente) o governo, porque maiores serão as pressões, a chantagem, os pedidos que ele terá de atender, de ordem partidária e muitas vezes, individual, para retribuir o apoio recebido dos congressista, partidos e lideranças que o ajudaram a se eleger, e maior será a tensão política que terá de enfrentar, assim como proporcionalmente menores serão as chances que terá - nesse ingente desafio cotidiano - de estabelecer um projeto racional e coordenado para o desenvolvimento econômico, soberano e social, da Nação que está sob sua responsabilidade.
Visto desse ponto de vista, todo partido que estiver no poder, poderá ser acusado de corrupto, pelos partidos que não estiverem no poder, e todo partido que chegar ao poder, terá que render-se a essa ordem de coisas, enquanto não se mudar o sistema político vigente, ou organizar-se essa negociação entre partidos, deputados, senadores, juízes, governo, empresas, setores econômicos, organizações sociais, que é inerente à própria democracia, institucionalizando-a, organizando-a, fiscalizando-a, até certo ponto, dentro do possível.
É isso que fazem, paradoxalmente, os Estados Unidos, tão admirados e incensados, pelo público conservador brasileiro que brada, nesse momento, contra o PT, por meio de um sistema legalizado e conhecido como lobby.
A outra opção, seria tapar o sol com a peneira, e proibir totalmente o financiamento empresarial de campanha, o que diminuiria, mas não eliminaria o interesse dos partidos por um lugar ao sol, no contínuo loteamento dos cargos e autarquias do setor público, que não foi inaugurado pelo PT, já que vêm desde os tempos de Cabral - vide os pedidos de emprego e favores na Carta de Pero Vaz de Caminha ao Rei Dom Manuel - e que persistirá, no futuro, quando o PT for história e estivermos, todos, ossos e veleidades humanas, reduzidos à fina poeira moída pelo tempo, que o vento carrega sobre os mares, reúne nos desertos, e espalha sobre as montanhas e a espuma das ondas do oceano.
Mauro Santayana disse...
A única forma de combater a corrupção - e sinto dizer-te que presídios e juízes seletivos, como o Moro, ou jovens e messiânicos procuradores que se consideram ungidos por Deus para salvar o país não vão resolver o problema, é alterar e aperfeiçoar o sistema político brasileiro, com uma Reforma Política de fato, que corresponda aos interesses permanentes da sociedade, e não, como está se fazendo agora, frankensteineaneamente, do legislativo de turno, sabendo que não se trata de uma panaceia, mas de um processo que deveria ser incorporado de forma permanente à nossa democracia, e continuar sendo estudado, acompanhado, e eventualmente alterado, sempre que necessário for, no futuro.
Essa é a raiz da questão. Reformar as instituições, para melhorar a democracia e a governabilidade, não apenas para o governo que está no poder agora, mas para as gerações futuras.
Todo o resto, incluídas as próximas manifestações, convocadas por pseudo organizações "espontâneas" e "populares", neste momento majoritariamente conservadoras e de classe média, não passam de outros aspectos da mesma e velha e encarniçada luta política, agora marcadamente ideológica, pelo poder - e a nosso ver, da forma que está sendo conduzida, contra a Democracia - descaradamente apoiada na hipocrisia, e sustentada pela ignorância, o ódio e o preconceito de uma parte considerável da sociedade brasileira.ç
Obrigado a você, e um abraço do Mauro Santayana
Maria Augusta Cambará disse...
Bom dia ,
Publique,por favor, o digamos, debate com o Sr .João Alves. Como já disse um comentarista daqui é uma discussão didáditica.
André disse...
Sr. Mauro, obrigado pelo belo texto. Saúde, muita saúde e vida longa!!!
Nina (Marina) disse...
Muito obrigada por esse texto e por suas fontes... A ideia disseminada hj sobre o PT e a esquerda são tão absurdas que eu fico feliz em ler um texto como esse. Pessoas confundindo esquerda com comunismo, anti-violência com vingança ás Forças Armadas... Parabéns!
João Alves Filho disse...
Caro Mauro, retomando o nosso debate gostaria de ponderar sobre alguns pontos de tua última matéria que julgo oportuno comentar analiticamente ao passo que submeto à tua visão crítica. O texto talvez eu tenha que enviar em duas etapas.
Realmente, se consideramos o histórico de nossa sociedade desde os tempos coloniais, antes e após D. João VI, percebemos que esse Mal – a corrupção – está enraizado em nosso povo quase como uma mutação em seu DNA por conta, talvez, do perfil de interesses que motivavam os portugueses que aqui vieram e desde o primeiro momento se instalaram. Diferentemente dos ingleses que foram para o Novo Mundo para o colonizarem, visto divergirem dos que ficaram na ilhazinha de origem, os portugueses visaram tão somente à exploração do nosso território. Nunca se preocuparam em formar uma nova nação, de educar e formar o povo, salvo por uma campanha massiva e de métodos até hoje discutidos, de tornar os nativos novos cidadãos do céu.
O fenômeno da corrupção é antigo e há registros anteriores à primeira vinda do Cristo. Remonta – salvo melhor juízo – à criação e aparecimento do Homem na face da Terra. Eu diria que apareceu junto com o pecado original, mas muitos infelizmente não se agradariam desta abordagem, seja por medo da discussão ou por desconhecimento da Palavra de Deus. O fato é que é inerente à existência do Homem a sua luta permanente contra as más tendências da carne, das quais a síntese reside na corrupção. Muito se fala, talvez por isso, da corrupção da carne. Qualquer abordagem emocional, por outro lado, embora não nos deixe avançar muito sob o nevoeiro de nossa consciência embotada pela emoção, não deixa de ser igualmente inerente à nossa natureza. Sim, concordo que seu tratamento não possa ficar restrito a essa abordagem, meramente emotiva, mas é, sim, problema obrigatoriamente de polícia desde sua fase inicial. É lá que começa toda a investigação e o inquérito respectivo.
A existência desse fenômeno em escala mundial nos alerta de que o cerne do problema está no próprio indivíduo. A constatação de que em certos países – como Noruega e Suécia, por exemplo – onde apesar de sua incidência, ela se dá de modo mais “controlado” ou “limitado”, poderíamos dizer, me remete a analisar sua correlação a fatores outros, não tão dependentes de nossa natureza, como a educação que recebemos e o meio ambiente em que nascemos e fomos criados. Depois de adultos, maduros, o cara já tá formado e vai dar no que tiver sido “programado” pela sinergia de tais fatores. É como entendo.
Essa negociação permanente a que o amigo se refere é, sim, a maior causa de corrupção no meu entender, pois mesmo que se inicie sob um bom pretexto, se subverte em forma de manobra para conferir vantagem a alguns indivíduos ou pequenos grupos, quando a vantagem deveria atingir uma extensa maioria da população ou mesmo sua totalidade. Deixa seu status de negociação e se perverte em manipulação. O que se vê atualmente e já desde há um bom tempo é um toma lá me dá cá muito sujo, sem transparência, focado na troca de favores escusos e em detrimento do desenvolvimento do povo. Pessoas se enriquecendo da noite para o dia, patrimônio aumentando exponencialmente sem justificativa lícita de proventos, enfim, toda esta sujeira da qual se tem notícia quase todo dia pelos noticiários.
João Alves Filho disse...
Tudo que o amigo indicou, seja no parlamentarismo como no presidencialismo ou qualquer outro modelo que venha a ser instituído não são exemplos a serem seguidos por nós. As coalizões feitas têm um alvo escondido sempre e nunca para beneficiar o povo. Quem não tem rabo preso não tem por que temer pressões. Para o governo de qualquer nação o eleito deve ser pessoa ilibada, sem ficha suja, com histórico pessoal e profissional sem restrições. Um nada consta deveria fazer parte de nossa lista de exigências para qualquer e todo governante. Do contrário já imaginaste o cenário de termos um Marcola ou Fernandinho Beira-mar governando o País? É mais que necessário que as pessoas reflitam nesses pontos durante todo o intervalo entre eleições de qualquer tipo.
Quando falas sobre a pressão e chantagens permanentes e sobre a qualidade do Congresso refletida no governo, eu concordo contigo em tudo. Entretanto, repito, pressão por argumentação construtiva é salutar e desejável numa verdadeira democracia. As chantagens, por outro lado são decorrentes de conhecimento daqueles “pecados” que mencionei noutro texto e nunca deveriam entrar em cena por parte de interessados na construção de um País sério e de valor.
Não se pode falar num projeto político nacional pela boca destes políticos e governantes que estão em cena. Eles não são sérios e nem confiáveis. Todo e qualquer projeto nacional hoje – em meu entendimento – tem necessariamente que passar a limpo todo o contexto educacional brasileiro; todo o normativo jurídico vigente (ou, ao menos, boa parte dele); toda a legislação eleitoral e político-partidária. E esta tarefa não se pretende, inocentemente, deixar a cargo dos ocupantes atuais dos mandatos. Por isso defendo uma ideia que se coaduna com uma iniciativa do MPF: ação popular pública a exemplo do que ocorreu com o projeto FICHA LIMPA. Eles, inclusive, já elaboraram uma petição para iniciarmos um processo que de sustentabilidade e continuidade à OPERAÇÃO LAVA-JATO da Polícia Federal. Nossas instituições que ainda não foram alcançadas pelos tentáculos da medusa do atual modelo de poder pelo poder precisam ser preservadas.
O que eu percebo é que se tornou muito fácil enganar o povo, ludibriá-lo pela estratégia do pão e circo como faziam os romanos até a época de Nero. Mas um dia a casa cai, o povo acorda e sabe da verdade; e se revolta. E não tem coisa que qualquer governante mais tema do que o povo ensandecido. Nero o testemunhou. Nem mesmo a temível guarda pretoriana que o defendi no palácio deu conta de conter o povo quando descobriram que fora ele quem pusera fogo em Roma, não os cristãos. O público – seja conservador ou não, embora tu garantas o primeiro – brada contra o PT por conta do engodo, dos escândalos ora descobertos para agigantar o partido e as contas de alguns dirigentes, que mesmo na cadeia conseguem gerar rendas astronômicas, só Deus entende como. Se tivessem descobertos os que existiram na era tucana (e o livro PRIVATARIA TUCANA não me deixa mentir), isto teria sido feito há mais tempo. Não sei se o LULA teria conseguido seu intento subliminar se tal tivesse ocorrido. O primeiro alvo, a Presidência, o Poder, certamente seria até facilitado pelos movimentos se revolta. Afinal, quem gosta de ser roubado descaradamente e o ladrão ficar impune? Por isso é meu desejo que se apure todos os escândalos em todos os níveis e partidos, punindo exemplarmente os julgados culpados. É o mínimo que a Nação espera e precisa no momento.
João Alves Filho disse...
A opção sugerida por ti como alternativa – inibir o financiamento empresarial de campanha – é para mim mais que necessário, pois é a fonte de todo o Mal ora instalado neste sistema político podre em que se tornou o modelo brasileiro. E não há que se justificar um erro por outro mais antigo. Erro é sempre erro, seja de que época for. Se não, pra que serve a Ética, a Moral, os Bons Costumes? Pero Vaz de Caminha errou? Sim e ainda foi burro de fazê-lo com registro que depois se tornou peça histórica. Mas demonstra o que indiquei no início deste debate contigo: a qualidade dos nossos primeiros visitantes de além-mares.
Tens razão quanto à forma proposta por ti para combater a corrupção e cenário nefasto que permeia nossos noticiários políticos. No entanto, eu te pergunto: a quem será confiada a missão de “alterar e aperfeiçoar o sistema político brasileiro” através da tão badalada “Reforma Política”? A estes caras pálidas que estão lá no Congresso Nacional tripudiando com a nossa dignidade, ridicularizando nossas vidas e ameaçando nossa soberania, seja individual seja coletiva? Eu me nego a pensar que o amigo, com o currículo que li em teu blog, não tenha se detido a delinear ao menos um esboço de projeto que fuja de tudo o que vimos ouvindo quase todos os dias pela boca daquelas figurinhas carimbadas que mencionei acima. Renan Calheiros? Lula? Maluf? Serra? Sarney? Eduardo Cunha? Sinceramente eu não acredito!
Sim, comungo contigo, entretanto, que a reforma política deva produzir instituições que melhorem a democracia, tornando-as independentes o suficiente das ingerências políticas para não se tornarem reféns do sistema e conseguirem garantir paz e segurança às gerações futuras, como muito bem apontaste. A governabilidade virá em decorrência dessa condição satisfeita. Não de outro modo, ao menos a verdadeira. O que se vê no cenário atual é uma falsa governabilidade por conta dessas “alianças” celebradas em cima de acordos firmados de forma tão frágil como uma casca de ovo. Dura muito pouco tempo.
Quanto às próximas manifestações eu entendo diferente do amigo. Considerando que comungamos do mesmo ideal e não somos petistas, vejo como bons olhos todo e qualquer esforço da sociedade para sair da inércia que nos afeta desde tempos coloniais, adquirindo o hábito de nos mobilizarmos civilizadamente e nos postarmos nas ruas para defender este ou aquele ideal social que consideramos válido. Não há que se falar contra isso, mas tão somente contra a baderna e a quebradeira que alguns oportunistas fizeram no passado. Penso que uma boa estratégia, inclusive, caso isto comece a ocorrer, é a de todo mundo sentar no chão nesta hora, tornando visíveis e alcançáveis pela polícia os reais autores da bagunça, seja por que razão for.
E finalmente, eu entendo que concordas comigo com o seguinte princípio: se um movimento persiste é porque tem conteúdo valioso de verdade em seu seio; do contrário, se for engodo, mentira, irá se desfazer como fumaça por si mesmo.
Um abraço.
João Alves
Químico Instrumental e Bacharel em Direito
joaoalvesfilhodedeus@gmail.com
43-99936261/91918607/99636261
Mauro Santayana disse...
Caro João Alves, desculpe, mais uma vez, mas a corrupção não é uma invenção brasileira ou dos portugueses que agiram "diferentemente dos ingleses que foram para o Novo Mundo para o colonizarem". A Inglaterra é um país eivado de escândalos de corrupção, em que no mais recente deles, há poucos dias, um membro do Parlamento foi apanhado fazendo uma orgia com 5 prostitutas, se não me engano, e uma extraordinária quantidade de cocaína. Já imaginou se isso acontecesse no Brasil com um deputado da base governista ?
Nem os ingleses nem os norte-americanos, cuja história está permeada de escândalos, podem nos dar lições neste aspecto, como explico em um recente texto sobre o Financial Times, que você, se quiser, pode acessar aqui http://www.maurosantayana.com/2015/07/os-nossos-yes-bwana-e-os-novos-hai.html .
A diferença, como já disse, é que nos Estados Unidos, o tipo de consultoria que aqui está sendo automática e seletivamente classificada de corrupção, como o apoio à obtenção de obras para empresas brasileiras no exterior - estranhamente, mesmo quando não incluem financiamento do BNDES - nos EUA, como já disse, é visto como profissão, o que pode ser visto na matéria A ODEBRECHT E O BNDES, que também pode ser encontrada neste blog.
Mauro Santayana disse...
Da mesma forma, afirmas que "o que se vê atualmente e já desde há um bom tempo é um toma lá me dá cá muito sujo..." Esse toma lá dá cá, não é maior, nem mais sujo do que sempre foi. Basta ver a compra de votos para a reeleição de FHC no Congresso, o escândalo dos anões do orçamento, os casos que envolveram juízes, como o Juiz Rocha Mattos, encontrado com um milhão de dólares em espécie no forro de sua casa, ou do Edifício do TRT de São Paulo, do juiz que chamam de "lalau", de centenas de milhões de reais.
Pessoas se enriqueciam da noite para o dia, ou deixavam de ser funcionários comuns de Ministérios como o das Comunicações ou de agências reguladoras na época das privatizações, para se transformarem, com todas as benesses do cargo, em presidentes de multinacionais estrangeiras, privatizadas sob sua responsabilidade direta, como ocorreu com o atual Presidente da Vivo, e isso, além de não causar indignação na imprensa,ou no "povo" no nível do que se vê agora, sequer foi abordado em nenhum veículo de comunicação brasileiro.
Também não concordo com você a propósito de " quem não tem rabo preso não tem por que temer pressões". A pressão sobre a Presidência da República é permanente e inerente ao papel do Parlamento, principalmente quando a maioria dos partidos da coalizão que apoia o Governo são fisiológicos, ou a oposição no Congresso é irresponsável, e, para atingir seus objetivos, pretende incendiar ou inviabilizar o país, como se vê agora.
A única forma de um governo governar sem pressão é em uma ditadura ou quando seu partido tem - sem depender de aliados nem sempre confiáveis - ampla maioria no Parlamento, o que raras vezes se deu em nossa história, independente de ter ou não rabo preso, ou de sua orientação ideológica.
Mauro Santayana disse...
Também não posso concordar, caro João Alves, você me desculpe, mais uma vez, com a afirmação de que "não tem coisa que qualquer governante mais tema do que o povo ensandecido". Povos ensandecidos não passam, como você mesmo disse, de uma multidão de malucos reunidos pelo ódio a alguma coisa prontos a praticar os piores desatinos. O termo jáos define. Ensandecidos. De nada vale a indignação sem informação. O ódio, pelo ódio, abre caminho para a manipulação, o fascismo e o exercício puro e simples da loucura e do genocídio.
Foi um povo ensandecido, o alemão, que, decepcionado com a democracia da República de Weimar, passou a perseguir todos os que defendiam o voto e a democracia, apoiou a direita, perseguiu, espancou, aprisionou e matou socialistas e comunistas, porque eles não pensavam como a pseudo maioria, da época, se manifestou com as cores da bandeira, passou a usar uniformes e a desfilar nas ruas e nas praças, se deixando manipular por pequenos hitlerzinhos, até que surgisse o definitivo, e colocou no poder o mais ensandecido e sanguinário regime da história.
Um regime em que homens comuns - como reconhece, tranquilamente, um ex-soldado da SS no documentário Auschwitz, que você viu - achavam que era normal pegar uma criança viva, nua no chão, em um campo de extermínio, e bater com a cabeça dela na lateral de um caminhão, para que ela parasse de gritar "como uma galinha", antes de enfiá-la viva dentro em um forno aceso.
Mauro Santayana disse...
É isso que acontece quando se dá poder, uniforme e armas para os membros de uma multidão ensandecida. O sujeito começa espancando alguém na rua porque aquela pessoa não pensa como ele, e depois considera normal matar crianças abraçadas a seus pais, dentro de uma vala, a tiros, sem pensar em 'absolutamente nada',como diz a mesma tetemunha, no mesmo documentário a "não ser em não errar o tiro", sem manifestar nenhum arrependimento, porque "naquela época eu achava que os judeus não eram humanos, não fazia a menor diferença para mim porque eu os considerava como inimigos".
Quanto a projetos de iniciativa popular, concordo plenamente com você. Mas eles podem ser travados ou atrasados, pelo próprio Congresso e não substituem o voto, aquela velha invenção dos helenos que é insubstituível na hora do cidadão manifestar seu apoio ou sua indignaçlão com um governo.
Dizer que as urnas eletrônicas brasileiras são manipuladas é coisa de demente, com membros ostensivamente contra o governo, como o Senhor Gilmar Mendes, presentes no mais alto escalão do Judiciário.
Pode-se imprimir os votos, como será feito, pode-se recontar os votos, se necessário. A única coisa que não se pode fazer é achar que, com isso, se irá alterar o resultado dos pleitos.
Mauro Santayana disse...
Finalmente, quanto ao "movimento" a que você se refere, o considero tudo, menos espontâneo, é fruto de um trabalho de manipulação, levado a cabo já há alguns anos, desde 2010, pelo menos, nos espaços de comentários da internet nos portais mais conservadores, em aliança com uma imprensa em muitos casos seletiva e interessada - por interesses econômicos e ideológicos, em fazê-lo.
"Movimentos" não persistem porque tem conteúdo valioso.
O nazismo não tinha um conteúdo valioso. Pelo contrário. Era apenas uma casca para a frustração, o preconceito, a imbecilidade e o ódio, de muitos indivíduos isolados que se reconheceram e começaram a andar juntos. Começou, como já disse, com manifestações de rua, para as quais os manifestantes levavam suas famílias e persistiu por anos, os mais sombrios da história da humanidade , até que alguns desses mesmos manifestantes, depois de desenrolar bruscamente os trapos, rasgassem pelo meio - colocando uma bota sobre a perninha, e puxando pela outra perninha com os dois braços - crianças recém nascidas que tinham acabado de arrancar dos braços de suas mães, quando elas desciam, debaixo de chicote, dos vagões de transporte de gado para as rampas de desembarque dos campos de concentração nazistas.
Nada mais odioso do que isso. Nem mais ensandecido.
Para subir, extraordinariamente, destes 504 bilhões de dólares, em 2002, para 2 trilhões, 346 bilhões de dólares, em 2014, último dado oficial levantado pelo Banco Mundial, crescendo mais de 400% em dólares, em apenas 11 anos, depois que o PT chegou ao poder.
Quem não perceber isso - e esse erro - por omissão ou interesse - tem sido cometido tanto por gente do governo quanto da oposição - ou está sendo ingênuo, ou irresponsável, ou mal intencionado.
Comentários:
Muito obrigado.
O povo de Minas Gerais não pode dar nome à safadeza tucana.
Lembro-me dos tempos do grande Santayana, colaborando com o governo do também grande presidente Itamar Franco.
Uma aula de história que guardarei para sempre.
Parabéns e vida longa.
Luiz Dalton
Minhas sugestões para avançarmos nas mudanças que o Brasil necessita:
https://www.facebook.com/LafaieteDeSouzaSpinola/posts/514707385353341
Vou pegar isso como projeto de fim de semana.
Gostei do q disse porem com uma ressalva: qd vc diz q estao selecionando o Marcelo O. ou Othon, lembre-se q estas sao as pessoas a gerir estes negocios escusos com a sapiência de suas irregularidades. Justica seja feita e como vc vem, bem mais aboixo dizer, nao estamos passando o pais a limpo", pois q a ordem venha, como esta vindo e deixe a porta aberta para uma rebusca nos arquivos e encaixarem os Banestados, Mensalões Tucanos e, como nos mineiros dizemos, "o trein gate" de Sao Paulo em hora oportuna e com jurisprudência ja estipulada.
Prazer em ver q continua vivo e ativo
Antecipadamente muito grato
Acho que foi má-fé, já que o senhor sabe muito bem que a variação percentual do PIB NUNCA é calculada em dólar justamente pela flutuação da moeda.
Mas pedir pra um esquerdista usar honestidade em sua argumentação é uma contradição de termos.
Muito bom texto, de excelente qualidade redacional, argumentativa e analítica. Não sou petista e tenho minhas reservas quanto às reais intenções da cúpula de seu partido. Igualmente, não me filio a partido algum por não acreditar nas falaciosas promessas de qualquer um deles. Opto por ter a liberdade necessária para criticar e agir contra qualquer “representante” que não esteja de acordo com o meu pensamento ou sem coerência com sua própria proposta antes de alcançar o cargo avidamente desejado. A grande massa eu entendo como inocentes úteis, como o foram ao longo da História milhões de seres humanos que foram enganados reiteradas vezes, por líderes mentirosos, de ambição desmedida, sem escrúpulos e desprovidos de propósitos nobres e reais para sociedade que lhes era ou é afeta. A leitura cuidadosa e contextualizada de nossa história nos remete a um cenário de exploração intencional e oportunista por séculos seguidos. E o que preconizava Rousseau como solução para a sociedade pós-feudal, como forma de prevenir a autofagia latente, se mostrou uma porta aberta para espertalhões gananciosos e egoístas exercitarem em proveito próprio, o exercício do poder e egocentrismo. Veja, por exemplo, a manipulação marxista e a nazista o que provocaram, de mortes e sofrimento para os que ficaram embaixo. Considere o modo de atuação (juventude comunista, juventude hitlerista) de cada grupo para identificar semelhanças de procedimentos. E ainda não sei se posso confiar piamente em todas as informações veiculadas como verdadeiras até agora. Sempre aparece algo novo que andou escondido, por descuido ou propositalmente, e conforme vamos agredindo e descuidando da ética, a tendência é piorar, em especial nos meios de comunicação. Vou checar – apenas para não perder um hábito perseguido ao longo dos meus quase 62 anos – as referências indicadas em teu elucidativo e competente texto, mas gostaria de um pequeno e inicial esclarecimento: no parágrafo onde citas o 50º lugar para o Brasil no ranking de dívidas públicas, indicas também que estamos à frente de todos os países considerados pela grande maioria de brasileiros – eu me incluo – como os de melhor desempenho sócio econômico no momento, como EUA, Alemanha, Canadá, Japão, dentre outros. O que me deixa curioso é saber quem estaria na frente do Brasil, dentre os 49 países? Agradeceria tua resposta. João Alves Filho, Químico Analítico Instrumental e Bacharel em Direito, joaoalvesfilhodedeus@gmail.com, 43-99936261; 99636261; 91918607. Um abraço. João Alves
Os nazistas sempre perseguiram cruel e implacavelmente os comunistas, que os combateram denodadamente até derrotá-los, em batalhas tão épicas quanto heróicas, como as de Stalingrado, Leninhgrado e a de Berlim, levando ao suicídio de Hitler, e ao fim da Segunda Guerra Mundial e do Terceiro Reich.
No seu comentário, afirmas: "Não sou petista e tenho minhas reservas quanto às reais intenções da cúpula de seu partido....e no meu texto, eu afirmo que: "Há muitos anos, deixamos de nos filiar a organizações políticas, até por termos consciência de que não há melhor partido que o da Pátria, o da Democracia e o da Liberdade.", portanto, não sou petista. Escrevo da forma que escrevo, levado pelo profundo desprezo que sinto pela distorção dos fatos, a manipulação e a mentira.
Fiquei feliz ao ler tua resposta e perceber meu engano quanto ao que identifiquei, num primeiro momento, como sendo tua opção partidária. Parece que estamos quase do mesmo lado, ou seja, repudiamos toda esta política medíocre e interesseira que vem sangrando há séculos a Nação, em suas instituições e empresas, as quais lutam de modo ferrenho contra impostos desproporcionais pelo que é retornado à sociedade, em benefício de uma casta de famílias e espertalhões que se julgam predestinados e merecedores de toda a riqueza produzida pelo País. Reli várias vezes teu competente e abrangente texto, bem como visitei os links apontados e constatei mais uma vez o que já havia feito noutras ocasiões: que as pessoas parecem já ter perdido o respeito e a admiração pela Verdade e pela Justiça. Entendi meu engano quanto à área econômica – da qual já havia me penitenciado por não ser minha praia – ao interpretar no sentido oposto o sentido de tua afirmação sobre a posição do Brasil em relação à dívida pública. Assisti o documentário que recomendaste, AUSCHWITZ, e deu pra reconhecer o problema recorrente do ser humano diante do poder ou da riqueza: ele se deixa seduzir e se corrompe. Ocorreu com o Ten. Cel. Rudolf Höss como igualmente com Stalin e seus pares. Aliás, o testemunho das atrocidades equivalentes perpetradas pelos “salvadores” soviéticos, não pode e nem deve ser minimizado como o amigo fez. O objetivo de ambos os líderes pode ter sido diferente no inicio, mas depois, o que se instalou mostrou o quanto se distanciou do original em ambos os casos. Na verdade, em todas as ocasiões em que a História registrou e de modo semelhante. O livro de Mikhail Voslensky – NOMENKLATURA – mostra bem esse efeito do lado soviético após 1945. O que me preocupa em relação ao que argumentas, apontando, na contramão do que ora se percebe no inconsciente coletivo – esteja ele contaminado ou não pelo esquema revanchista dos corruptos que não queriam largar a teta – é que todo crime deve ser punido, seja onde for que tenha ocorrido e por quem quer que o tenha cometido. Não se pode permitir que o erro ora descoberto, seja encoberto por chantagens políticas seja de que lado for. Os “pecados” cometidos por FHC, COLLOR, SARNEY e sua trupe, LULA e sua gangue, por quem quer que seja numa esfera de responsabilidade como a governança de uma nação, deve ser investigado de modo aprofundado e punido exemplarmente. Entendo que estes crimes devam encabeçar a lista dos mais horrendos a serem punidos pela pena máxima de um País e em regime fechado, devido à repercussão e extensão de dano imposto à população do País. A interpretação dos fatos é livre e pode variar conforme o ponto de vista de cada analista, até pela influência e eventual ideologia. Mas a distorção de fatos ou sua manipulação por parte de setores do governo ou mesmo da mídia – seja por qualquer intenção – deve ser objeto de repúdio por toda a sociedade. Que se investiguem a fundo todos os casos de corrupção com prioridade máxima (Banestado, Eletrobrás, BNDES, CEF, BB, Mensalão tucano, do DEM, enfim, TODOS). Presídios de segurança máxima sejam construídos para todos eles. Que se mobilize a verdadeira mídia, descomprometida com todo e qualquer setor “patrocinador”, pois o conflito de interesses deveria ser causa de declaração antecipada de impedimento para se manifestar ou mesmo julgar, como não foi o caso, infelizmente, do meu ex-professor de Constitucional II, hoje Ministro Dias Toffoli, no julgamento do mensalão. Verdadeiro contra testemunho jurídico. Que as pessoas em seus cargos ou funções públicas ou de divulgação não se intimidem diante do corrupto mentiroso poderoso, deixando de denunciá-lo. Só assim poderemos deixar uma Nação mais justa e forte para os nossos netos. Obrigado pelo debate. João Alves Filho, Químico Analítico Instrumental e Bacharel em Direito, joaoalvesfilhodedeus@gmail.com, 43-99936261; 99636261; 91918607. Um abraço. João Alves
Vou dividir a resposta em duas partes, porque o programa não aceita o tamanho do texto.
no Brasil, a corrupção não medra por si só, como puro fungo do mal, fruto isolado da cobiça ou de uma suposta propensão do brasileiro, ou de fulano ou de beltrano, para o roubo e o desvio de recursos públicos.
O fenômeno da corrupção, o estudo de suas razões, e a busca de caminhos para combatê-la, não podem ficar restritos a uma abordagem emocional da questão, ou à sua redução a um mero (ou moro) problema de polícia, do Ministério Público ou do Judiciário.
No Brasil, e no mundo inteiro - e não há nenhum grande país do mundo em que isso não ocorra - a corrrupção, no Setor Público, está ligada ao sistema político e deriva da negociação e permanente acomodação dos interesses dos diferentes grupos representados no executivo e no legislativo, e, às vezes, até mesmo no Judiciário, em um quadro complexo, cuja composição varia, a cada nova eleição, segundo a vontade do eleitorado.
No Parlamentarismo - e está aí a Inglaterra, com sua sucessão de escândalos, que não nos deixa mentir - ou no presidencialismo de coalizão, como é o caso do Brasil, quem for escolhido Primeiro-Ministro ou Presidente da República, não governa - assim como não há empresa que trabalhe para o Setor Público - se não atender a interesses de partidos, senadores, deputados.
A pressão e a chantagem são permanentes, e tanto mais descompromissadas do espírito e do interesse públicos, quanto mais descompromissados forem os legisladores que tiverem sido eleitos para formular as leis das quais depende o Executivo para governar, ou aqueles que estiverem exercendo o papel de fiscalizar as suas atividades.
Trocando em miúdos, quanto pior o Congresso, pior será (mesmo que involuntariamente) o governo, porque maiores serão as pressões, a chantagem, os pedidos que ele terá de atender, de ordem partidária e muitas vezes, individual, para retribuir o apoio recebido dos congressista, partidos e lideranças que o ajudaram a se eleger, e maior será a tensão política que terá de enfrentar, assim como proporcionalmente menores serão as chances que terá - nesse ingente desafio cotidiano - de estabelecer um projeto racional e coordenado para o desenvolvimento econômico, soberano e social, da Nação que está sob sua responsabilidade.
Visto desse ponto de vista, todo partido que estiver no poder, poderá ser acusado de corrupto, pelos partidos que não estiverem no poder, e todo partido que chegar ao poder, terá que render-se a essa ordem de coisas, enquanto não se mudar o sistema político vigente, ou organizar-se essa negociação entre partidos, deputados, senadores, juízes, governo, empresas, setores econômicos, organizações sociais, que é inerente à própria democracia, institucionalizando-a, organizando-a, fiscalizando-a, até certo ponto, dentro do possível.
É isso que fazem, paradoxalmente, os Estados Unidos, tão admirados e incensados, pelo público conservador brasileiro que brada, nesse momento, contra o PT, por meio de um sistema legalizado e conhecido como lobby.
A outra opção, seria tapar o sol com a peneira, e proibir totalmente o financiamento empresarial de campanha, o que diminuiria, mas não eliminaria o interesse dos partidos por um lugar ao sol, no contínuo loteamento dos cargos e autarquias do setor público, que não foi inaugurado pelo PT, já que vêm desde os tempos de Cabral - vide os pedidos de emprego e favores na Carta de Pero Vaz de Caminha ao Rei Dom Manuel - e que persistirá, no futuro, quando o PT for história e estivermos, todos, ossos e veleidades humanas, reduzidos à fina poeira moída pelo tempo, que o vento carrega sobre os mares, reúne nos desertos, e espalha sobre as montanhas e a espuma das ondas do oceano.
Essa é a raiz da questão. Reformar as instituições, para melhorar a democracia e a governabilidade, não apenas para o governo que está no poder agora, mas para as gerações futuras.
Todo o resto, incluídas as próximas manifestações, convocadas por pseudo organizações "espontâneas" e "populares", neste momento majoritariamente conservadoras e de classe média, não passam de outros aspectos da mesma e velha e encarniçada luta política, agora marcadamente ideológica, pelo poder - e a nosso ver, da forma que está sendo conduzida, contra a Democracia - descaradamente apoiada na hipocrisia, e sustentada pela ignorância, o ódio e o preconceito de uma parte considerável da sociedade brasileira.ç
Obrigado a você, e um abraço do Mauro Santayana
Publique,por favor, o digamos, debate com o Sr .João Alves. Como já disse um comentarista daqui é uma discussão didáditica.
Realmente, se consideramos o histórico de nossa sociedade desde os tempos coloniais, antes e após D. João VI, percebemos que esse Mal – a corrupção – está enraizado em nosso povo quase como uma mutação em seu DNA por conta, talvez, do perfil de interesses que motivavam os portugueses que aqui vieram e desde o primeiro momento se instalaram. Diferentemente dos ingleses que foram para o Novo Mundo para o colonizarem, visto divergirem dos que ficaram na ilhazinha de origem, os portugueses visaram tão somente à exploração do nosso território. Nunca se preocuparam em formar uma nova nação, de educar e formar o povo, salvo por uma campanha massiva e de métodos até hoje discutidos, de tornar os nativos novos cidadãos do céu.
O fenômeno da corrupção é antigo e há registros anteriores à primeira vinda do Cristo. Remonta – salvo melhor juízo – à criação e aparecimento do Homem na face da Terra. Eu diria que apareceu junto com o pecado original, mas muitos infelizmente não se agradariam desta abordagem, seja por medo da discussão ou por desconhecimento da Palavra de Deus. O fato é que é inerente à existência do Homem a sua luta permanente contra as más tendências da carne, das quais a síntese reside na corrupção. Muito se fala, talvez por isso, da corrupção da carne. Qualquer abordagem emocional, por outro lado, embora não nos deixe avançar muito sob o nevoeiro de nossa consciência embotada pela emoção, não deixa de ser igualmente inerente à nossa natureza. Sim, concordo que seu tratamento não possa ficar restrito a essa abordagem, meramente emotiva, mas é, sim, problema obrigatoriamente de polícia desde sua fase inicial. É lá que começa toda a investigação e o inquérito respectivo.
A existência desse fenômeno em escala mundial nos alerta de que o cerne do problema está no próprio indivíduo. A constatação de que em certos países – como Noruega e Suécia, por exemplo – onde apesar de sua incidência, ela se dá de modo mais “controlado” ou “limitado”, poderíamos dizer, me remete a analisar sua correlação a fatores outros, não tão dependentes de nossa natureza, como a educação que recebemos e o meio ambiente em que nascemos e fomos criados. Depois de adultos, maduros, o cara já tá formado e vai dar no que tiver sido “programado” pela sinergia de tais fatores. É como entendo.
Essa negociação permanente a que o amigo se refere é, sim, a maior causa de corrupção no meu entender, pois mesmo que se inicie sob um bom pretexto, se subverte em forma de manobra para conferir vantagem a alguns indivíduos ou pequenos grupos, quando a vantagem deveria atingir uma extensa maioria da população ou mesmo sua totalidade. Deixa seu status de negociação e se perverte em manipulação. O que se vê atualmente e já desde há um bom tempo é um toma lá me dá cá muito sujo, sem transparência, focado na troca de favores escusos e em detrimento do desenvolvimento do povo. Pessoas se enriquecendo da noite para o dia, patrimônio aumentando exponencialmente sem justificativa lícita de proventos, enfim, toda esta sujeira da qual se tem notícia quase todo dia pelos noticiários.
Quando falas sobre a pressão e chantagens permanentes e sobre a qualidade do Congresso refletida no governo, eu concordo contigo em tudo. Entretanto, repito, pressão por argumentação construtiva é salutar e desejável numa verdadeira democracia. As chantagens, por outro lado são decorrentes de conhecimento daqueles “pecados” que mencionei noutro texto e nunca deveriam entrar em cena por parte de interessados na construção de um País sério e de valor.
Não se pode falar num projeto político nacional pela boca destes políticos e governantes que estão em cena. Eles não são sérios e nem confiáveis. Todo e qualquer projeto nacional hoje – em meu entendimento – tem necessariamente que passar a limpo todo o contexto educacional brasileiro; todo o normativo jurídico vigente (ou, ao menos, boa parte dele); toda a legislação eleitoral e político-partidária. E esta tarefa não se pretende, inocentemente, deixar a cargo dos ocupantes atuais dos mandatos. Por isso defendo uma ideia que se coaduna com uma iniciativa do MPF: ação popular pública a exemplo do que ocorreu com o projeto FICHA LIMPA. Eles, inclusive, já elaboraram uma petição para iniciarmos um processo que de sustentabilidade e continuidade à OPERAÇÃO LAVA-JATO da Polícia Federal. Nossas instituições que ainda não foram alcançadas pelos tentáculos da medusa do atual modelo de poder pelo poder precisam ser preservadas.
O que eu percebo é que se tornou muito fácil enganar o povo, ludibriá-lo pela estratégia do pão e circo como faziam os romanos até a época de Nero. Mas um dia a casa cai, o povo acorda e sabe da verdade; e se revolta. E não tem coisa que qualquer governante mais tema do que o povo ensandecido. Nero o testemunhou. Nem mesmo a temível guarda pretoriana que o defendi no palácio deu conta de conter o povo quando descobriram que fora ele quem pusera fogo em Roma, não os cristãos. O público – seja conservador ou não, embora tu garantas o primeiro – brada contra o PT por conta do engodo, dos escândalos ora descobertos para agigantar o partido e as contas de alguns dirigentes, que mesmo na cadeia conseguem gerar rendas astronômicas, só Deus entende como. Se tivessem descobertos os que existiram na era tucana (e o livro PRIVATARIA TUCANA não me deixa mentir), isto teria sido feito há mais tempo. Não sei se o LULA teria conseguido seu intento subliminar se tal tivesse ocorrido. O primeiro alvo, a Presidência, o Poder, certamente seria até facilitado pelos movimentos se revolta. Afinal, quem gosta de ser roubado descaradamente e o ladrão ficar impune? Por isso é meu desejo que se apure todos os escândalos em todos os níveis e partidos, punindo exemplarmente os julgados culpados. É o mínimo que a Nação espera e precisa no momento.
Tens razão quanto à forma proposta por ti para combater a corrupção e cenário nefasto que permeia nossos noticiários políticos. No entanto, eu te pergunto: a quem será confiada a missão de “alterar e aperfeiçoar o sistema político brasileiro” através da tão badalada “Reforma Política”? A estes caras pálidas que estão lá no Congresso Nacional tripudiando com a nossa dignidade, ridicularizando nossas vidas e ameaçando nossa soberania, seja individual seja coletiva? Eu me nego a pensar que o amigo, com o currículo que li em teu blog, não tenha se detido a delinear ao menos um esboço de projeto que fuja de tudo o que vimos ouvindo quase todos os dias pela boca daquelas figurinhas carimbadas que mencionei acima. Renan Calheiros? Lula? Maluf? Serra? Sarney? Eduardo Cunha? Sinceramente eu não acredito!
Sim, comungo contigo, entretanto, que a reforma política deva produzir instituições que melhorem a democracia, tornando-as independentes o suficiente das ingerências políticas para não se tornarem reféns do sistema e conseguirem garantir paz e segurança às gerações futuras, como muito bem apontaste. A governabilidade virá em decorrência dessa condição satisfeita. Não de outro modo, ao menos a verdadeira. O que se vê no cenário atual é uma falsa governabilidade por conta dessas “alianças” celebradas em cima de acordos firmados de forma tão frágil como uma casca de ovo. Dura muito pouco tempo.
Quanto às próximas manifestações eu entendo diferente do amigo. Considerando que comungamos do mesmo ideal e não somos petistas, vejo como bons olhos todo e qualquer esforço da sociedade para sair da inércia que nos afeta desde tempos coloniais, adquirindo o hábito de nos mobilizarmos civilizadamente e nos postarmos nas ruas para defender este ou aquele ideal social que consideramos válido. Não há que se falar contra isso, mas tão somente contra a baderna e a quebradeira que alguns oportunistas fizeram no passado. Penso que uma boa estratégia, inclusive, caso isto comece a ocorrer, é a de todo mundo sentar no chão nesta hora, tornando visíveis e alcançáveis pela polícia os reais autores da bagunça, seja por que razão for.
E finalmente, eu entendo que concordas comigo com o seguinte princípio: se um movimento persiste é porque tem conteúdo valioso de verdade em seu seio; do contrário, se for engodo, mentira, irá se desfazer como fumaça por si mesmo.
Um abraço.
João Alves
Químico Instrumental e Bacharel em Direito
joaoalvesfilhodedeus@gmail.com
43-99936261/91918607/99636261
Nem os ingleses nem os norte-americanos, cuja história está permeada de escândalos, podem nos dar lições neste aspecto, como explico em um recente texto sobre o Financial Times, que você, se quiser, pode acessar aqui http://www.maurosantayana.com/2015/07/os-nossos-yes-bwana-e-os-novos-hai.html .
A diferença, como já disse, é que nos Estados Unidos, o tipo de consultoria que aqui está sendo automática e seletivamente classificada de corrupção, como o apoio à obtenção de obras para empresas brasileiras no exterior - estranhamente, mesmo quando não incluem financiamento do BNDES - nos EUA, como já disse, é visto como profissão, o que pode ser visto na matéria A ODEBRECHT E O BNDES, que também pode ser encontrada neste blog.
Pessoas se enriqueciam da noite para o dia, ou deixavam de ser funcionários comuns de Ministérios como o das Comunicações ou de agências reguladoras na época das privatizações, para se transformarem, com todas as benesses do cargo, em presidentes de multinacionais estrangeiras, privatizadas sob sua responsabilidade direta, como ocorreu com o atual Presidente da Vivo, e isso, além de não causar indignação na imprensa,ou no "povo" no nível do que se vê agora, sequer foi abordado em nenhum veículo de comunicação brasileiro.
Também não concordo com você a propósito de " quem não tem rabo preso não tem por que temer pressões". A pressão sobre a Presidência da República é permanente e inerente ao papel do Parlamento, principalmente quando a maioria dos partidos da coalizão que apoia o Governo são fisiológicos, ou a oposição no Congresso é irresponsável, e, para atingir seus objetivos, pretende incendiar ou inviabilizar o país, como se vê agora.
A única forma de um governo governar sem pressão é em uma ditadura ou quando seu partido tem - sem depender de aliados nem sempre confiáveis - ampla maioria no Parlamento, o que raras vezes se deu em nossa história, independente de ter ou não rabo preso, ou de sua orientação ideológica.
Foi um povo ensandecido, o alemão, que, decepcionado com a democracia da República de Weimar, passou a perseguir todos os que defendiam o voto e a democracia, apoiou a direita, perseguiu, espancou, aprisionou e matou socialistas e comunistas, porque eles não pensavam como a pseudo maioria, da época, se manifestou com as cores da bandeira, passou a usar uniformes e a desfilar nas ruas e nas praças, se deixando manipular por pequenos hitlerzinhos, até que surgisse o definitivo, e colocou no poder o mais ensandecido e sanguinário regime da história.
Um regime em que homens comuns - como reconhece, tranquilamente, um ex-soldado da SS no documentário Auschwitz, que você viu - achavam que era normal pegar uma criança viva, nua no chão, em um campo de extermínio, e bater com a cabeça dela na lateral de um caminhão, para que ela parasse de gritar "como uma galinha", antes de enfiá-la viva dentro em um forno aceso.
Quanto a projetos de iniciativa popular, concordo plenamente com você. Mas eles podem ser travados ou atrasados, pelo próprio Congresso e não substituem o voto, aquela velha invenção dos helenos que é insubstituível na hora do cidadão manifestar seu apoio ou sua indignaçlão com um governo.
Dizer que as urnas eletrônicas brasileiras são manipuladas é coisa de demente, com membros ostensivamente contra o governo, como o Senhor Gilmar Mendes, presentes no mais alto escalão do Judiciário.
Pode-se imprimir os votos, como será feito, pode-se recontar os votos, se necessário. A única coisa que não se pode fazer é achar que, com isso, se irá alterar o resultado dos pleitos.
"Movimentos" não persistem porque tem conteúdo valioso.
O nazismo não tinha um conteúdo valioso. Pelo contrário. Era apenas uma casca para a frustração, o preconceito, a imbecilidade e o ódio, de muitos indivíduos isolados que se reconheceram e começaram a andar juntos. Começou, como já disse, com manifestações de rua, para as quais os manifestantes levavam suas famílias e persistiu por anos, os mais sombrios da história da humanidade , até que alguns desses mesmos manifestantes, depois de desenrolar bruscamente os trapos, rasgassem pelo meio - colocando uma bota sobre a perninha, e puxando pela outra perninha com os dois braços - crianças recém nascidas que tinham acabado de arrancar dos braços de suas mães, quando elas desciam, debaixo de chicote, dos vagões de transporte de gado para as rampas de desembarque dos campos de concentração nazistas.
Nada mais odioso do que isso. Nem mais ensandecido.