segunda-feira, 25 de junho de 2012

“ REQUIESCAT IN PACE”







Sit tibi terra levis...






Não há de temer
percalços
na ponte que, em bruma espessa,
se perde de vista, além,
quem leva do mundo
as chagas
adquiridas,
pranteadas,
na estreita estrada do bem.




(Da coletânea de Sersank)







sábado, 23 de junho de 2012

DE AVÔ PARA OS NETINHOS





No princípio, apenas Deus,
nada mais, mais nada havia.
Na eternidade do espaço
o tempo não transcorria.
De nada valia o espaço.
De nada o tempo valia.

Deus – o Supremo Senhor
do tempo - todo esse espaço
desde sempre percorria.
Sonhava um novo universo
que outro antes deste, por certo,
pleno de luzes teria.

A vida – esse dom sublime –
por Ele e n’Ele vibrava,
dava ao Nada algum sentido.
Fazia lembrar um quadro
distante das mãos do artista
e ainda descolorido.

Pois que a noite dominava,
até que o bom Deus com arte,
amor e  sabedoria,
fez eclodir de entre as trevas
esplêndido sol, gigante,
ao qual chamou “Luz do dia”.

Surgiu, assim, a matéria,
como a lava incandescente
no interior de um vulcão.
Estrondo intenso deu corda
ao tempo – o relógio eterno.
E o espaço ocupou-se, então.

Novas estrelas e mundos
e, dentre eles, o nosso
recebem a luz da vida.
Pródiga, a natureza
faz da Terra a jóia ímpar
que Deus, o Ourives, lapida.

E sem que saibamos como,
nem para que, nem por que
chegamos e  d’onde viemos,
ao escrever nossa história,
outros pequeninos deuses
orgulhosos nos fizemos.

O belo planeta azul
é o lar-escola que herdamos. 
Malgrado sofra os reveses
do homem dominador,
devemos confiar, crianças,
que nos governa o Senhor.




segunda-feira, 11 de junho de 2012

O VERBO





 http://israelnava.com/filosofiadigital/wp-content/uploads/2008/09/no-protection-chris-peters-2005-fdr.jpg


“Quod non mortalia pectora coges, auri sacra fames!”
 Virgílio (Eneida, 3. 56-57)*





Esfera azul, jóia imensa,
solitária Terra-Mar,
até quando irás girar?
Um verme voraz te permeia
e a febre que desencadeia
está por te devorar.

Circula nas veias do homem,
mina-lhe os campos da paz.
O verbo vil da avareza
cria esse verme voraz.

Quem poderá salvar-nos
desse mal que nos infesta?
Ah, ânsia de ter e mais ter -
febre funesta -
que apenas no homem
se manifesta!...
  

(Da coletânea "Estado de Espírito", de Sersank)

* Execrável fome de ouro, a que desgraças conduzes os peitos mortais!





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EN ESPAÑOL




EL VERBO



Esfera Azul, joya inmensa, 
solitaria Tierra-Mar, 
¿hasta cuándo volverás? 
Gusano voraz te penetra 
y la fiebre que desencadena 
está a punto de te devorar. 

Fluye por las venas de los hombres,
mina a los campos de paz.
El verme de la avaricia
crea esse verbo voraz.

¿Quién puede salvarnos
de esse mal que nos infesta?
Ah, ansia de  tener
 y aindamáis tener – 
fiebre funesta – 
que sólo en el hombre
se manifiesta! ...


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EN ESPERANTO


LA VERBO



Blua sfero,
grandioza kosma juvelo,
tre soleca Tero-Mar’,
ĉu vi rondiras cele al deklin’?
Voraz vermo vin penetras,
ellasas algidan febron,
kaj baldaŭ devoros vin.

Ĝi sin movas tra l’ homaj vejnoj.
Sur iliaj pacaj kampoj
ĝi kondukas ekstermon.
La verbo de la avareco
naskas ĉi voreman vermon.

Kiu do nin povos savi
de tiu speco da malsano,
jam de multe nin hantanta?
Ho, tia angoro de havi, 
plu kaj plu ĉiam havi -
fatala febro -
sole en la homo 
manifestanta!...


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quinta-feira, 7 de junho de 2012

UM HOMEM MORRE DE FRIO





"E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que quando
 o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a Mim o fizestes." 
Mateus 25:40


Nos braços de Morfeu queda a cidade.
Gélida avança a noite sob o vento
Que zune açoites, bravio.
Por leito e barricada andrajos tendo,
Num canto, ao pé de arranha-céu imenso,
Um homem morre de frio...

Agonizando, ali, talvez delire,
Vendo os pedestres últimos, em busca
Do leito morno, macio...
Talvez, sinta-se um deles, por momentos...
Um homem desses, livres das algemas
Do destino. Ah, desvario!...

Morre indigente. Já não mais lhe ocorrem
Reminiscências de melhores dias. 
Não tem mais traços de brio.
Distantes sons de uma boate em festa 
A custo põe-se a ouvir. Perdem-se, agora,
no seu imenso vazio...                 

Nem todos dormem. Ornam-se de luzes
Os altos edifícios.  E eis, um carro
Pára junto ao meio-fio.
Traz de Mammon uns súditos restantes 
Que, indiferentes, tiritando e rindo,
Vão-se com seu vozerio...

Ensaia erguer-se; embalde, embalde tenta...
Thanatos já, movendo as longas asas,
O envolve, terno e sombrio.
À volta, entre as paredes, que ironia:
Há tantos indivíduos que se abraçam
E tanto leito vazio!
                           
Bem cedo hão de encontrar-lhe o corpo, inerte.
Hão de exprobrar-se, por negar-lhe auxílio, 
num gesto inóquo, tardio...
Talvez, alma remida, ao sol do Além planando, 
Não mais proscrita, logo exulte e louve
O Averno da crosta, frio...

“- Coitado!”...  “- Oh, que infeliz!"... “- Quem era ele?"
“- Um ébrio, com certeza". “- Um andarilho."
“- Um réu, talvez, arredio"... 
 Descerrem seus portais, guardiões do Inferno!
 Estendam o seu fogo ao mundo infrene!
 Um homem morre de frio...





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COMENTÁRIO DE ISABEL FURINI, laureada poeta e escritora sobre a obra poética "Estado de Espírito"

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