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Quanto durem, sejam únicos,
impregnados da vida
que enlaça nos seus arcanos
os seres todos, viajores
do vasto campo estelar.
Lembrem cantigas de berço.
Resgatem náufragos sonhos
de frascos vindos do mar.
Duros como as pedras que se douram
ao sol na extensão das paisagens;
suaves como os lampejos
dos astros sobre as folhagens,
sejam, mas não banais.
Densos como as pardacentas tardes
de inverno em remotos cais,
sejam, mas desiguais...
Ressoem na corneta solitária
ao pé da sepultura onde o soldado
é agora nada mais que um capacete
fazendo sombra ao fuzil.
Rompam as cercas de arame farpado
que o gênio da guerra expandiu.
Assim, um valha por mil.
E assim, profundos, traduzam
a voz do pássaro alvissareiro.
Desvendem a mística da lua imensa e calma
na via estreita do desfiladeiro.
Renasçam dos tsunamis,
sibilem na aragem que afaga os trigais.
Irrompam do rochedo das palavras
como as águas, naturais.
Únicos, quanto durem. Sejam
como urzes que vicejam
em meio a pedras e espinhos
e, como vindos do Oleiro
que amolda a terra, a girar,
dêem sentido à canção dos caminhos.
Poemas de caminhar...
(Da coletânea "Estado de Espírito", de Sergio de Sersank)