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domingo, 29 de agosto de 2010

A NOVA ERA




Bem prometera Jesus, um dia,
Que enviaria o Consolador!
Com ele veio Kardec ao mundo.
E quão fecundo foi seu labor!
Estrelas caem da Imensidade,
A iniqüidade já não prospera!
Ausculta os ventos que estão passando:
Vem despontando uma nova era!

Tem outros planos a realidade,
Eis a verdade tão perseguida!
Na espessa bruma ressuma o norte:
Depois da morte prossegue a vida.

O Espiritismo, negado outrora,
É foco, agora, das atenções.
Já não suscita risos e apodos,
Adentra todos os corações.

Quebra os grilhões da tua descrença,
Amigo, pensa, labuta e espera!
Ausculta os ventos que estão passando:
Vem despontando essa nova era!


(Do Livro: Estado de Espírito, de Sersank)
 
 
 
Imagem:
http://estudoreligioso.wordpress.com/category/guias/page/3/

sábado, 28 de agosto de 2010

O CRIADOR DO ESPERANTO

Lázaro Luiz Zamenhof (1859-1917)





LÁZARO LUIZ ZAMENHOF nasceu em 15 de dezembro de 1859, na cidade de Bialystok, na Polônia, então anexada ao Império Russo. Era filho de Rosália e Marcos Zamenhof, criterioso professor de geografia e línguas modernas. Bialystok era uma pequena cidade que se constituía num palco de dolorosas lutas raciais, agravadas pela incompreensão lingüística entre os seus habitantes. A Polônia pertencia ao Império Moscovita, onde se falava cerca de duzentas (200) línguas diferentes. Só na pequena Bialystok falavam-se quatro (04) línguas oficiais: o Russo, o Alemão, o Polonês e o Ídiche. Eram quatro nacionalidades distintas que tinham objetivos antagônicos, com línguas diferentes e crenças hostis umas às outras. O menino Lázaro, com apenas 06 anos de idade, já se constrangia e se indagava ao assistir a discussões e contendas que terminavam em lágrimas, sangue e até mesmo em mortes violentas. Essa impressão terrível não mais se apagaria de sua mente. Desde menino era prudente, modesto, pensativo e estudioso e em sua mente de gênio já se apresentava a idéia de elaboração de uma única língua neutra internacional. Na escola mostrava talento e cultura invulgares para escrever e era admirado pelos professores e amigos. Possuía uma conduta tranqüila e maneiras gentis. Nunca se mostrava superior a quem quer que fosse, nem em casa nem na escola. Na 5ª série primária começou a estudar o inglês e ainda muito jovem estudou o francês e o alemão. Iniciando o curso ginasial, passou a estudar fervorosamente as línguas latina e grega, examinando a possibilidade de uma delas se constituir em língua internacional. Todavia, até a língua latina era difícil e cheia de antigas e inúteis formas. Mais simples, mais conveniente para o uso atual deveria ser uma língua sonhada. Ela deveria ser de aprendizagem rápida e acessível também ao povo e não apenas aos letrados. O fundamento da língua sonhada deveria ser a simplicidade e a lógica. Nesse ínterim, a família transferiu-se para Varsóvia. Quando cursava a última série ginasial, já havia concluído o seu projeto sobre a Língua Universal. No dia 05 de dezembro de 1878, ele e um grupo de 6 ou 7 colegas do ginásio festejaram, ao redor de um bolo preparado carinhosamente por sua mãe, o nascimento da Língua Internacional. Na verdade, o projeto naquele dia comemorado era apenas um forma embrionária do que mais tarde seria o ESPERANTO. Terminado o ginásio, foi mandado para Moscou, onde iria estudar Medicina. Antes, porém, o jovem ZAMENHOF teve de prometer ao pai que abandonaria a idéia da língua universal, pelo menos provisoriamente, até terminar o curso de Medicina, e teve de entregar-lhe, naquele dia, os cadernos que continham os originais. Seus pais não puderam mantê-lo em Moscou e fizeram-no regressar a Varsóvia. Contava então 22 anos de idade. Durante o seu afastamento, seu pai, "prudente e rigoroso", por amor ao seu filho, temendo por seu futuro, queimou todos os manuscritos sobre a Língua Internacional. Tão logo voltou à casa paterna, procurou por seus manuscritos e, não os encontrando, perguntou à mãe por eles. A resposta materna foram apenas lágrimas e silêncio. Lázaro Luiz adivinhou tudo. Procurou o pai e pediu-lhe para desfazer a promessa, pois queria dar continuidade ao seu grandioso trabalho. Tinha guardado na memória tudo o que continham os originais queimados. Fervorosamente refez tudo. Só depois de experimentos exaustivos e comprovações minuciosas com os estudos da gramática e vocabulário intensamente vividos e testados foi que considerou pronta a sua obra. Estava nessa época com 28 anos de idade. Mas restava um último detalhe: como publicá-la, sendo sua situação financeira bastante precária? De onde viriam os recursos? Um auxílio surgiu de onde ele menos esperava. Seu futuro sogro, homem afeito à cultura, financiou totalmente a publicação da obra, e, a 26 de julho de 1887 saía da oficina gráfica o seu primeiro livro. Era uma gramática com as instruções em russo e chamava-se "LINGVO INTERNACIA", de autoria de "DOKTORO ESPERANTO". Esse pseudônimo, que na nova língua significa "DOUTOR QUE TEM ESPERANÇA", com o decorrer do tempo, passou a ser usado por seus aprendizes, para denominar a própria língua: ESPERANTO. Pouco tempo depois eram lançadas as edições em polonês, francês, alemão , etc. Nesta ocasião Zamenhof teve que adotar outro pseudônimo, e optou pelo de "Unuel", o que revela a sua grande humildade. UNUEL é composto pelas palavras unu (um) e el (entre), pois Zamenhof considerava-se apenas um dentre os demais esperantistas, não aceitando que o chamassem de Mestre. Sem deixar a profissão, já médico formado, ZAMENHOF trabalhou ardorosamente na divulgação da Língua Internacional. Tamanha importância deu à propagação de seu ideal que, só depois de concluída e editada sua obra, veio a casar-se com CLARA SILBERNIK, com quem teve 06 filhos. As pessoas que aderiram à língua neutra ficaram encantados com a força unificadora do ESPERANTO, e renderam-se à autoridade irresistível do grande missionário ZAMENHOF, cujos talentos de pensador profundo, intelectual vigoroso, artista inspirado e condutor nato sustentaram a causa com tal genialidade que nenhuma força, interna ou externa, pôde jamais destruí-la. Toda a vida do DOUTOR ESPERANTO foi tecida de sacrifícios, abnegação e devotamento. Espírito verdadeiramente superior, era extremamente humanitário e solidário, cultivava a tolerância e era afável com todos, nunca perdendo uma oportunidade de ser caridoso. No exercício de sua profissão agia sob o impulso do desprendimento, não obstante haver permanecido sempre pobre. Dos camponeses jamais exigia honorários, chegando mesmo a dar-lhes dinheiro e a pedir a fazendeiros ricos auxílio para o socorro de sua clientela sem recurso. Certa ocasião, após atender a crianças gravemente feridas num incêndio, inteirou-se de que o fogo havia destruído a propriedade de seus pais, reduzindo-os a absoluta miséria. ZAMENHOF deu-lhes todo o dinheiro que possuía, sem se preocupar em reservar algum para o regresso ao lar em longa viagem. Recorre para esse fim a um rico cliente das redondezas, para que lhe empreste o necessário para o seu regresso. Um outro dia, no caminho que habitualmente percorre, encontra um carroceiro em prantos pela morte do seu cavalo, esgotado pelos esforços numa estrada coberta de lama. ZAMENHOF oferece-lhe 50 rublos para que o pobre homem tenha com o que comprar outro animal e assim assegurar o seu sustento. De certa feita, após assistir uma agonizante idosa, juntamente com 4 outros colegas, recusa-se a receber da família polpudos honorários, considerando que a doença culminou com a morte da paciente. ZAMENHOF sempre se dedicou a seus clientes pobres, proporcionando-lhes até o fim de sua carreira dois dias da semana para consultas gratuitas, pedindo ao seu filho ADAM, igualmente médico, que continuasse essa prática. Nos mínimos gestos e atitudes revelava-se a nobreza de seu caráter. Em Boulogne-sur-mer, França, por ocasião do 1º Congresso Universal de Esperanto, comparece, embora judeu, a uma missa do culto romano. A uma fervorosa Esperantista que lhe pede um autógrafo no recinto da Igreja ZAMENHOF sussurra: "Com muito prazer, minha senhora, mas eu lhe peço que seja em outro lugar - aqui é um lugar sagrado". Os pequeninos, os sofredores e particularmente aqueles que atravessaram a prova da cegueira, dedicavam entranhada veneração pelo bondoso oftalmologista de Varsóvia, ramo da Medicina em que se especializou, e quando ZAMENHOF visita Cambridge, para os festejos do 3º Congresso Universal de ESPERANTO, encontra-se com muitos cegos esperantistas provenientes de outros países, todos alojados numa mansão às expensas de outro grande pioneiro esperantista, THEÓFILE CART. Zamenhof cumprimentou cada um à parte, encorajou-os ao otimismo e de todos recebeu ardorosos agradecimentos pelo idioma que lhes proporcionava uma pequena claridade em seu mundo sem luz. Mas os cegos lhe pediram outro privilégio: queriam tocá-lo com as mãos, conhecer melhor aquele que nunca poderiam ver. E suas mãos que, de forma tão extraordinária, traduzem pensamentos e emoções, tocavam respeitosamente o corpo pequeno e frágil, a barba, os óculos de lentes ovais, a larga calva do genial missionário polonês. Naquele momento, Zamenhof, profundamente emocionado, pensava nas crianças judias cujos olhos foram vazados durante um "progrom" na sua cidade natal de Bialystok. Traído por um companheiro de ideal esperantista, em quem depositava absoluta confiança, ZAMENHOF deu profundo exemplo de tolerância e amor cristão, chegando a ser criticado por outros adeptos por ter feito longa viagem ao encontro do seu ex-amigo, o traidor, só para perdoá-lo. Um dos grandes ideais de Zamenhof era dar aos religiosos de todas as correntes um fundamento neutro concreto para que se aproximassem em nome do Bem da Humanidade. Seu desejo era que todos os livros sagrados de todas as religiões fossem vertidos para o ESPERANTO. Ele próprio traduziu o Velho Testamento. Dizia que: "Se todos os fundadores de religiões pudessem encontrar-se pessoalmente, eles se apertariam as mãos reciprocamente, como amigos, porque todos tiveram um único objetivo: fazer com que os homens se tornassem bons e felizes". O ideal Esperantista fê-lo pairar acima de sua própria identidade nacional e racial. Quando o convidaram para a festa de fundação da sociedade judaica internacional em Paris, respondeu:"Estou profundamente convencido de que todo nacionalismo representa tão- somente um grande prejuízo para a Humanidade, sendo de opinião de que o objetivo principal de todas as criaturas deveria ser a criação de uma Humanidade harmônica. É certo que o nacionalismo dos oprimidos - como reação natural de autodefesa - é muito mais desculpável do que o nacionalismo dos opressores. Mas,se o nacionalismo dos fortes é vil, o nacionalismo dos fracos é imprudentes, ambos se engendram e se sustentam reciprocamente, dando lugar a um círculo vicioso de infelicidades, do qual a Humanidade jamais sairá se cada um de nós, fazendo o sacrifício de seu amor-próprio grupal, não tentar o encontro num terreno absolutamente neutro. Eis porque, apesar dos pungentes sofrimentos de minha raça, não quero aderir a um nacionalismo judeu, preferindo trabalhar apenas para uma absoluta justiça entre os homens. Estou profundamente convencido de que assim proporciono a meus irmãos maior soma de bem do que se aderisse a um movimento nacionalista". Mas, a mais expressiva homenagem, por nascer do coração de uma alma simples, foi a que lhe fez a velha criada da família Zamenhof. Ela era católica romana, mas durante toda a sua vida guardou em seu quarto, sob um crucifixo, uma fotografia de ZAMENHOF. Aos visitantes ela costumava mostrar esse retrato, dizendo: "Ele nunca pecou!" O nobre espírito de LÁZARO LUIZ ZAMENHOF legou à família humana o instrumento ideal para a comunicação entre seus membros, engolfados numa consternadora multiplicidade de línguas e dialetos a entravar-lhes a marcha do progresso. Em outubro de 1889 apareceu a primeira lista de endereços, com 1000 nomes de pessoas de diversos países, simpatizantes do ESPERANTO. Foram fundados clubes, mensários e revistas dando força a um movimento internacional que veio crescendo, pouco a pouco, sem interrupção. Em 1905, já acontecia na França, na cidade de Bolonha do Mar, o 1º Congresso Mundial de ESPERANTO, onde se reuniram centenas de pessoas de vários países, comunicando-se em uma única língua. Em 1910, foi realizado o VI CONGRESSO UNIVERSAL DE ESPERANTO, em Washington, Estados Unidos da América e o BRASIL nele se fez representar pelo Prof. JOÃO BATISTA DE MELO SOUZA, com apenas 21 anos de idade, que fez ver ao Dr. Zamenhof que não existia em sua gramática a palavra saudade. Zamenhof achou muito interessante a idéia e tratou de incluí-la na língua internacional, que a incorporou com os vocábulos sopiro, sopirado, resopiro e sãudado (poético). Em 1914 seria realizado o 10º Congresso, em Paris, mas tal não aconteceu devido à deflagração da Primeira Guerra Mundial. Já estavam inscritas 3.700 pessoas para esse Congresso, frustrado pela incompreensão dos homens. Em 14 de abril de 1917, sempre desejando a Paz, faleceu ZAMENHOF, na cidade de Varsóvia. Afastava-se esse grande homem, definitivamente, do convívio de seus familiares para retornar às suas atividades em favor da Humanidade, agora sem o fardo físico, que lhe serviu durante 57 anos. O seu corpo repousa no cemitério israelita de Varsóvia, juntamente com o de CLARA, o amor de toda a sua vida e sua incansável colaboradora. Hoje lá podemos encontrar flores ofertadas por esperantistas de todo o mundo. ZAMENHOF foi um homem iluminado, de moral superior, dotado de extraordinária força de vontade na divulgação de seu ideal humanístico. Foi um verdadeiro universalista, pacifista e pensador que lutou contra toda espécie de sectarismo. Todos os anos, no dia 15 de dezembro, realizam-se eventos esperantistas no mundo inteiro, para comemorar o aniversário do criador da LÍNGUA ESPERANTO.

Enviada por: Eduardo G. Viana

Fonte: www.espiritismogi.com.brhttp://www.e-biografias.net/biografias/lazaro_zamenhof.php

domingo, 22 de agosto de 2010

Internet ajuda a popularizar o Esperanto, a "língua internacional"


 http://esperantomaceio.blogspot.com/2010/04/liubliana-capital-da-eslovenia.html

Por Felipe Augusto 16/08/2010
Agência EFE
Via Terra


Que as pessoas de todo o mundo possam se entender graças a uma língua comum é uma utopia perseguida, por filantropia ou puro pragmatismo, há milênios. A narração bíblica da Torre de Babel teve sua enésima versão quando, no final do século XIX, um médico polonês difundiu uma língua adaptada para se tornar um idioma auxiliar internacional.


Ludwik Lejzer Zamenhof, oftalmologista e linguista polonês de origem judaica, assinou seu primeiro livro, A língua internacioal - publicado em 1887 - como Doktoro Esperanto (Doutor Esperanto), um pseudônimo que daria nome à nova linguagem artificial, em cuja criação ele havia trabalhado por mais de uma década.


Seu objetivo era que ela servisse como um idioma auxiliar internacional, uma segunda língua de fácil aprendizagem que permitisse a pessoas de qualquer parte do mundo se entenderem. Um papel utópico que, bem ou mal, tem sido desempenhado pelo inglês - ainda que a língua inglesa não tenha o caráter neutro com que sonhou Zamenhof.


Atualmente, aquela que muitos consideram uma língua morta é falada por um número de pessoas que, segundo fontes, oscila entre cem mil e dois milhões em todo o mundo, da China à América Latina. É uma estimativa ampla, que "se deve a não haver um censo que investigue o número de falantes do esperanto e ao fato de se poder incluir nesse número desde quem só sabe dizer 'bom dia' até quem a utiliza diariamente", explica o presidente da Federação Espanhola de Esperanto, Pedro Hernández.


"Na Espanha, as últimas estatísticas que tenho dizem que há cerca de 15 mil falantes de esperanto no país, ainda que não se tenha como saber com certeza, é mais ou menos como perguntar quantas pessoas tocam violão", explica.


Com o fim de debater sobre os métodos de aprendizagem e promoção desta língua, no mês passado foi realizado em Cuba o 95º Congresso Universal de Esperanto. Mais de mil pessoas de 60 apíses participaram de um encontro cuja primeiro edição se realizou em 1905 e que este ano tratou de demonstrar que "é uma língua sem fronteiras nas áreas da paz e da comunicação dos povos", segundo declarou neste encontro o presidente da Liga Internacional de Professores de Esperanto, Stefan MacGill.


O impulso da internet


Entre os métodos de promoção se sobressai a divulgação virtual. Na atual sociedade global, a internet vem dando um empurrão no esperanto, que ganha força como uma possibilidade de facilitar a comunicação com o mundo, embora nem os mais otimistas considerem que ela possa se posicionar como uma alternativa ao inglês.


"A internet proporcionou um 'boom' para o nosso idioma. Antigamente, nos anos 20, os esperantistas mantinham correspondência, mas as cartas levavam meses. Hoje temos meios como o correio eletrônico, os chats, Skype e redes sociais como Facebook, que fizeram com que muitas pessoas se interessassem pelo esperanto para se comunicar na rede", explicou Hernández.


O esperanto também chegou à Wikipedia, a famosa enciclopédia virtual livre, que dispõe de uma versão neste idioma que já inclui mais de 132 mil artigos.


O principal portal de aprendizagem virtual é o Lernu (lernu.net), um site gratuito criado em 2004 e que conta com mais de 89,3 mil usuários registrados, divididos por níveis - nulo, básico, médio e alto. Mas a internet é apenas uma das vias para aprender esperanto. As principais são os cursos presenciais ou por correio em associações, organizados pela Liga Internacional de Professores de Esperanto, e outra alternativa é aprender de forma autodidata.


"Com outros idiomas isso não seria possível, mas com o esperanto pode ser feito por causa de suas regras simples", explica Antonio del Barrio, diretor da Fundação Esperanto, fundada em 1969 por Miguel Sancho Izquierdo e que trabalha de forma paralela à Federação Espanhola, encarregando-se das questões administrativas, pesquisas históricas e trabalhos editoriais.


Essa estrutura simples a que se refere Del Barrio buscava permitir uma aprendizagem rápida por parte de pessoas com qualquer língua materna. Assim, o esperanto tem 16 regras gramaticais sem exceções, um alfabeto fônico que facilita a pronúncia, uma estrutura regular para suas terminações e uma base léxica formada por raízes do latim e de línguas indoeuropeias e germânicas.


Às possibilidades comunicativas que o esperanto oferece se soma uma vantagem que vem ganhando relevância nos últimos anos, o "pasporta servo" (serviço passaporte), uma rede mundial na qual as pessoas inscritas oferecem alojamento gratuito, com o único requisito de que o hóspede seja um falante de esperanto.


O serviço, que funciona desde 1974, pemite aos esperantistas viajar por todo o mundo de uma forma econômica e assim aproximar-se dos objetivos originais desta língua. "Há valores que incentivam a aprender esperanto, como o interesse por se comunicar com gente de outros países e conhecer outras culturas e isso reúne uma série de princípios éticos como o respeito aos demais", diz Pedro Hernández.


"Só uma língua ou também ideologia?"


Esses valores estão assentados vagamente na doutrina filosófica que impulsionou Zamenhof, o homaranismo, um ideário pacifista que "pretendia basear as relações humanas em valores humanistas", explica Hernández.


Mas os esperantistas esclarecem que não existe uma ideologia por trás da língua. "Há associações de esperantistas religiosas e ateias, de direita e de esquerda, de amigos dos gatos, homossexuais, ecologistas ou fãs de rádio. Afinal, a língua é um meio de comunicação e cada um a usa para as finalidades que bem entender", afirma o presidente da Federação Espanhola de Esperanto.


Esta separação não esteve tão definida nas primeiras décadas do século XX, quando o esperanto se associava a movimentos anarquistas e operários. Isso fez com que a Espanha fosse um dos centros do esperantismo durante o período da República (1931 - 1936) mas sofresse pressões durante a ditadura de Franco, sobretudo nos primeiros anos, e seus falantes eram vistos com receio.


"Durante o franquismo, houve pessoas que deixaram de falar o esperanto para não se meter em problemas, mas a situação na Espanha não foi muito radical, de fato, nos anos 60 havia simpatizantes do regime que o falavam. Na Alemanha de Hitler, por exemplo, o esperanto foi diretamente proibido e sob o regime de Stálin, na Rússia, se chegou inclusive a matar os esperantistas", cota Antonio del Barrio.


Hoje, já sem pressões governamentais nem vinculações políticas ou ideológicas, o esperanto sobrevive entre os que o veem como a utopia com tinas humanistas do doutor Zamenhof e os que defendem, com dados na mão, que é uma língua viva com usos reais e que tem excelente saúde graças às possibilidades que agora lhe traz o mundo virtual.

Email:: flipeicl@gmail.com
URL:: http://flipe.multiply.com/

AO LEVE ROÇAR DA BRISA






http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Eduardo_de_Martino_-_Veleiro_em_alto_mar.jpg 



Numa visita ao jazigo
de velho poeta amigo,    
à sombra de ermo cipreste,
surpreendi-me: a lousa fria,
como página vazia,
guardava o sereno epitáfio do mestre.

Lembrando-lhe o rosto
risonho e tranqüilo,
uns versos, dispersos,
à volta, entrevi.
À brisa não culpem,
 se, pobres de estilo,
 grafei-os aqui:

- “É apenas a estória do tédio de uma vida -
essa que, incauto poeta,  escrevi.
Vinha de intérmina infância.
Brincando de viver, ganhei distância
e, saturado da vida,
como tantos, a perdi.
                                             
Nisto consiste o viver:
compor como personagem
da estranha, intrincada estória
humana, um malogro a mais.
Ícaros, alçamos sob as asas
que se desfazem em penas
sonhos de vôos triunfais.

Os homens são argonautas.
Nos nevoeiros do tempo
têm seus destinos e avançam,
avançam. Urge avançar.
Mas, sabem: os seus veleiros
soçobram no grande mar.”

 (Do Livro de Sersank, "Estado de Espírito") 








sábado, 21 de agosto de 2010

DÍSTICO




Gilberto Mendonça Teles




Tu ficarás comigo, enquanto um pássaro
houver que cante e sonhe na viagem.
E a noite que nos viu será eterna,
sobre estes campos úmidos de aurora.

Tu ficarás no vento e nas estrelas
e serás a alegria dos caminhos.
Tua presença cantará nas pedras,
teu riso estranho sorrirá nas flores.

E por onde eu seguir, como perdido,
tu estarás,
tu ficarás
comigo.

(Imagem: Banco de Imagens do Google)

O POEMA




Poemas, sim, mas de fogo
devorador. Redondos como punhos
diante do perigo. Barcos decididos
na tempestade. Cruéis. Mas de uma
crueldade pura: a do nascimento,
a do sono, a da morte.

Poemas, sim, mas rebeldes.
Inteiros como se de água, e,
como ela, abertos à geometria
de todos os corpos. Inteiros
apesar do barro e da ternura
do seu perfil de astros.

Poemas, sim, mas de sangue.
Que esses poemas brotem do
oculto. Que libertem o seu pus
na praça pública. Altos, vibrantes
como um sismo, um exorcismo
ou a morte de um filho.

(Casimiro de Brito, poeta português)

Imagem:
Banco de Imagens do Google

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

AHINSA !






Desde as eras primitivas
a Terra se nutre da seiva que expande,
 da seiva e do sangue
que expande e recria.

O sangue de todos os seres,
transfunde-o nos seres
que a vida, num ciclo incessante, lhe dá...

A Terra é algo assim,
deusa grega, inclemente,
devora, em seu dorso,
faminta, o que há.
Mas farta, no entanto,
do sangue das guerras,
farta do homem
sangrento ela está.

A Terra precisa somente da seiva
que a vida incessante lhe dá...

(Do Livro "Estado de Espírito", de Sersank)

Imagem:
http://www.indif.com/kids/hindi_rhymes/hindi_nursery_rhymes_17.aspx



domingo, 15 de agosto de 2010

APOCALIPSE






(O Poema Indesejável)


“... E vi um novo céu e uma nova terra.
Porque já o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existia.”
(Apocalipse, XXI : 1)



... Ainda há pouco ouviram
(os que se debatiam, agonizantes
em meio aos escombros),
grande explosão nas nuvens.
Depois, a sucessão interminável
de estrépitos menores
no solo em estertores.
Da mais temida tempestade
as derradeiras luzes
vergastam, vigorosamente,
a crosta planetária.
Exibem para os sóis na Imensidade
o horror do grande ocaso, o imenso caos.

Instaura-se, lenta,
a mais negra e pesada das noites.
Frio terrível.
Estranhos odores
 alastram-se aos uivos do vento da morte.

Assim, a interstícios,
domina o silêncio.
Absoluto.
Não mais o pulsar do tempo.
Nem uma luz peregrina
no imenso e profundo abismo
que, impregnado de vida,
chamou-se de Terra...


(Do Livro  "Estado de Espírito", de Sersank)


Imagem:
http://noticias.terra.com.br/ciencia/noticias/0,,OI4563788-EI8147,00-Estudo+Terra+sofre+extincao+em+massa+a+cada+milhoes+de+anos.html

domingo, 8 de agosto de 2010

QUADRINHAS DO AMOR PATERNO







Revendo-me no meu filho,
criança ingênua, a brincar,
lembro meu pai, lembro o brilho
da esperança em seu olhar.

             Pai é pai. Mesmo entre escombros,
             faz da fé – sua bandeira,
             carrega o mundo nos ombros,
             luta e ama a vida inteira!

                       Vem de uma quadra perdida
                       na infância que, longe, vai
                       a rua da minha vida.
                       Dei-lhe um nome: o de meu pai.

                                    Lutam na linha de frente,
                                    segredam seus próprios ais.
                                    Pais são homens, simplesmente,
                                    simplesmente especiais.


                                                       (Do livro de Trovas de Sersank)


Imagem:

http://noticias.universia.pt/tempo-livre/noticia/2010/03/18/248672/dia-do-pai-um-dia-no-esquecer.html

sábado, 7 de agosto de 2010

FRAGMENTO DA INFÂNCIA








(Tarde)


Aquela fora, sem dúvida, a mais fria das tardes do outono.
Ao pé do velho fogão de lenha aceso, meus irmãos menores e eu, metidos em blusas e japonas bem surradas, esperávamos, impacientes, pelo jantar muito simples que as mãos prodigiosas de nossa mãe esmeravam-se em tornar do agrado geral.
Inusitado ruído na porta da frente, então, sobressaltou-nos. Seria o vento? Nosso pai que estava algo absorto junto à mesa ergueu-se e, foi destrancá-la, cautelosamente.
Eram os velhos espectros da Miséria e do Infortúnio, o par sinistro, inseparável, que não se cansa de rondar lares humildes, tudo fazendo por roubar-lhes o que resta: as poucas reservas de paz, a leve esperança que têm...
Com sua energia característica, embora a custo, ele os conteve, à porta. Sobre os seus ombros, uma e outra, as tais formas horrendas, lançavam sobre nós os seus olhares sepulcrais. Exortadas com veemência, tornaram à rua estreita onde a espessa neblina as tragou.
-“Que não ousassem jamais adentrar-nos a casa!”...
Nunca mais pude esquecer essa firme expressão de coragem.
- "Que não ousassem!”...
Quantas vezes, mais tarde, insistissem, mais que com a energia dos braços, fustigá-las-íamos com brio idêntico àquele que vimos, naquele dia, estampado no olhar de guerreiro de um pai.

(Do livro de Sersank, "Estado de Espírito", a sair)
 
Imagem:
http://www.fotodependente.com/img1456.htm

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

SOBRESSALTO EM VIAGEM







... De repente, vislumbraram
Nas densas brumas da noite
Horrenda imagem da morte
Adentrando a rodovia...



Iam p'ra longe de tudo:
De Deus, dos homens, do mundo.
Inda há pouco estavam rindo,
Dialogando, discutindo,
Sob o jugo de seus egos...

Como a sentirem-se o alvo
De um rifle de longo alcance -
Crianças de corpo adulto -
Agora, eram só temor.

Jamais pensaram que, um dia,
Em meio às brumas da noite,
Veriam passar a morte
Vibrando o seu aguilhão...

Assim, instintivamente,
Lembraram o céu distante.
Há pouco, milhões de estrelas
Havia. Podiam vê-las!

E oraram com a fé que tanta
Jamais esperavam ter.

Eis que, num passe de mágica,
À pressa, em faina incessante,
A avantesma inusitada
Desfez-se em trevas. Sumiu.

Em pouco, acertada a rota,
Estavam, de novo, rindo,
Já refeitos, sob o jugo
De seus egos infelizes.

Querendo ganhar distância
De Deus, dos homens, do mundo...


(Do Livro de Sersank, "Estado de Espírito", em breve nas livrarias)

Imagem disponível em:
Banco de Imagens do Google:
http://informativo-pitangueiras.blogspot.com/2010_01_01_archive.html