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segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

UM BELO SONETO DE AMOR





Amor - by АКО ТЕ ИМА ЛЮБОВ



Soneto XLIII


Elizabeth Barrett Browning



Amo-te quanto em largo, alto e profundo
Minh'alma alcança quando, transportada,
Sente, alongando os olhos deste mundo,
Os fins do Ser, a Graça entressonhada.

Amo-te em cada dia, hora e segundo:
À luz do sol, na noite sossegada.
E é tão pura a paixão de que me inundo
Quanto o pudor dos que não pedem nada.

Amo-te com o doer das velhas penas;
Com sorrisos, com lágrimas de prece,
E a fé da minha infância, ingênua e forte.

Amo-te até nas coisas mais pequenas.
Por toda a vida. E, assim Deus o quisesse,
Ainda mais te amarei depois da morte.

Tradução de Manuel Bandeira.



XLIII

How do I love thee? Let me count the ways.
I love thee to the depth and breadth and height
My soul can reach, when feeling out of sight
For the ends of Being and ideal Grace.

I love thee to the level of everyday's
Most quiet need, by sun and candle-light.
I love thee freely, as men strive for Right;
I love thee purely, as they turn from Praise.

I love thee with a passion put to use
In my old griefs, and with my childhood's faith.
I love thee with a love I seemed to lose

With my lost saints, --- I love thee with the breath,
Smiles, tears, of all my life! --- and, if God choose,
I shall but love thee better after death.

Elizabeth Barrett Browning






ELIZABETH BROWNING
(Elizabeth Barrett Moulton Barrett)

Poeta
Nasceu: 06 de Março de 1806
Local: Coxhoe, Durham - Inglaterra
Faleceu: 29 de Junho de 1861
Local: Florença - Itália


Autora de uma obra poética de singular sensibilidade na literatura inglesa, provavelmente decorrente de sua frágil saúde e temperamento arredio. Viveu sua infância numa casa de campo, em Worcestershire, e aos 15 anos contraiu grave doença da qual nunca se recuperou por completo. Mudou-se para Londres (1836), onde publicou seu primeiro volume de poesias, The Seraphim and Other Poems (1838), porém sua consagração como poeta veio definitivamente com a segunda coletânea de poesias,  Poems (1844). Casou (1846) com o também o poeta Robert Browning, apesar da oposição da família. Publicou Sonnets from the Portuguese (1850), com composições originais apesar do título e uma de suas principais obras, uma expressão lírica de seu amor por Browning. Com o marido mudou-se para Florença, cidade onde permaneceu até sua morte e onde escreveu e publicou sua mais ambiciosa obra, Aurora Leigh (1857), extenso poema narrativo, em versos brancos, no qual expressava sua concepção da vida e da arte.

É preciso ter algum conhecimento da história de Robert Browning e Elizabeth Barrett para entender por que os Sonnets from the Portuguese que ela escreveu são os “Sonetos da Portuguesa”: como Barrett tivesse um pé na Jamaica, parecia um pouco mestiça, e Browning a chamava de “minha portuguesinha(My little Portuguese), mostrando que a nossa miscigenação brasileira tem raízes mui antigas.
Um destes poemas (o de número 43) é considerado o mais belo escrito por uma mulher em língua inglesa.

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013








Passagem da noite
                     Carlos Drummond de Andrade

É noite. Sinto que é noite
não porque a sombra descesse
(bem me importa a face negra)
mas porque dentro de mim,
no fundo de mim, o grito
se calou, fez-se desânimo.

Sinto que nós somos noite,

que palpitamos no escuro
e em noite nos dissolvemos.
Sinto que é noite no vento,
noite nas águas, na pedra.

E que adianta uma lâmpada?
E que adianta uma voz?
É noite no meu amigo.
É noite no submarino.
É noite na roça grande.

É noite, não é morte, é noite

de sono espesso e sem praia.
Não é dor, nem paz, é noite,
é perfeitamente a noite.

Mas salve, olhar de alegria!
E salve dia que surge!
Os corpos saltam do sono,
o mundo se recompõe.

Que gozo na bicicleta!
Existir: seja como for.
A fraterna entrega do pão.
Amar: mesmo nas canções.

De novo andar: as distâncias,

as cores, posse das ruas.
Tudo que à noite perdemos
se nos confia outra vez.
Obrigado, coisas fiéis!

Saber que ainda há florestas,
sinos, palavras; que a terra
prossegue seu giro, e o tempo
não murchou; não nos diluímos!

Chupar o gosto do dia!
Clara manhã, obrigado,
o essencial é
viver!

Foto cedida by Khosrow Amirazodi





segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Canto XLIV - Houve um poema - Cecília Meireles






Houve um poema,
Entre a alma e o universo.
Não há mais.
Bebeu-o a noite, com seus lábios silenciosos.
com seus olhos estrelados de muitos sonhos.

Houve um poema:
Parecia perfeito.
Cada palavra em seu lugar,
como as pétalas nas flores
e as tintas no arco-íris.
No centro, mensagem doce
e instransmitida jamais.

Houve um poema:
e era em mim que surgia, vagaroso.
Já não me lembro, e ainda me lembro.
As névoas da madrugada envolvem sua memória.
É uma tênue cinza.
O coral do horizonte é um rastro de sua cor.
Derradeiro passo.

Houve um poema.
Há esta saudade.
Esta lágrima e este orvalho – simultâneos –
que caem dos olhos e do céu.

Cecília Meireles 

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Sersank profere palestra nesta noite na Venerável Loja Simbólica ENOCH VIEIRA DOS SANTOS em Londrina.

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Sersank é co-autor do HINO OFICIAL da cidade de Luiz Antonio (SP). Veja a letra. Ouça a música:




Hino Oficial de Luiz Antonio
Estado de São Paulo

Letra: Sérgio dos Santos Cunha (Sersank)
Música: Irineu Santa Catarina

(Homenagem a Luiz Antônio no transcurso do seu 1º Centenário)

Luiz Antonio,
és o chão querido
em que me orgulho de viver e lutar.
Teus verdes campos,
teus horizontes e colinas não têm par.
Sustém-te o brilho
a história viva,
entretecida pelos teus heróis.

Foi com lágrima e suor
que ergueu-se a ti
 o lábaro de escol!

Hás de ser
alçada aos esplendores do porvir,
ó terra idolatrada, espelho do país,
guardiã de altivos ideais e tradições,
Canaã das novas gerações! (refrão)

Ao por do sol,
fragrâncias dos jardins
recordam matas,
vastos cafezais.
O cais do Porto,
a antiga Jathaí,
locomotivas que não voltaram mais,
não mais,
não voltam mais...

Só quem esteve aqui
pode contar
o que é ser feliz,
porque ser feliz
é ter por lar
teus vergéis sem fim!

(Volta ao refrão)









segunda-feira, 16 de setembro de 2013

EL VIAJE DEFINITIVO


by RecantodeInfinitaLuz-559254_407218816015013_650491190_n

A VIAGEM DEFINITIVA

Juan Ramón Jiménez
Tradução de Sersank


Partirei
e os pássaros continuarão cantando.
Meu jardim ficará com sua árvore verde
e o poço de água caiado.

Azul e plácido será o céu todas as tardes
e tocarão, como esta tarde estão tocando,
os sinos do campanário.


Irão morrendo aqueles que me amaram
e o povo irá mudando a cada ano.

Longe do bulício distinto, surdo, raro
de fim de domingo,
do carro das cinco,
dos cochilos no banho,
neste ermo recanto de jardim
florido e caiado,
meu espírito vagará, nostálgico.

Partirei, e serei outro,
sem lugar, sem árvore verde,
sem poço branco
sem o céu, plácido, azul...
E os pássaros continuarão cantando.
  


EL VIAJE DEFINITIVO


Y yo me iré. Y se quedarán los pájaros
cantando.
Y se quedará mi huerto con su verde árbol,
y con su pozo blanco.
Todas las tardes el cielo será azul y plácido,
y tocarán, como esta tarde están tocando,
las campanas del campanario.
Se morirán aquellos que me amaron
y el pueblo se hará nuevo cada año;
y lejos del bullicio distinto, sordo, raro
del domingo cerrado,
del coche de las cinco, de las siestas del baño,
en el rincón secreto de mi huerto florido y encalado,
mi espíritu de hoy errará, nostáljico...
Y yo me iré, y seré otro, sin hogar, sin árbol
verde, sin pozo blanco,
sin cielo azul y plácido...
Y se quedarán los pájaros cantando.

Juan Ramón Jiménez
Juan Ramón Jiménez
(1881-1959)

Poeta español y premio Nobel de Literatura. Nació en Moguer
(Huelva), y estudió en la Universidad de Sevilla. Los poemas
de Rubén Darío, el miembro más destacado del modernismo en
la poesía española, le conmovieron especialmente en su juventud.
También sería importante la lectura de los simbolistas
franceses, que acentuaron su inclinación hacia la melancolía.
En 1900 publicó sus dos primeros libros de textos: Ninfeas y
Almas de violeta. Poco después se instalaría en Madrid,
haciendo varios viajes a Francia y luego a Estados Unidos,
donde se casó con la que ya sería su compañera ejemplar de
toda la vida, Zenobia Camprubí. En 1936, al estallar la Guerra
Civil española se vio obligado a abandonar España. Estados Unidos,
Cuba y Puerto Rico, fueron sus sucesivos lugares de residencia.
Moriría en este último país, donde recibió ya casi moribundo la
noticia de la concesión del Premio Nobel.

La obra poética de Juan Ramón Jiménez es muy numerosa, con libros
que a lo largo de su vida, en un afán constante de superación,
fue repudiando o de los que salvaba algún poema, casi siempre
retocado en sus sucesivas selecciones. Las principales son Poesías
escogidas (1917), Segunda antología poética (1922), Canción (1936)
y Tercera antología (1957). La influencia del modernismo se percibe
en sus primeros libros, aunque su mundo poético pronto apunta,
como el de Bécquer , hacia lo inefable, con unos poemas hechos a
partir de sensaciones refinadas por la espiritualidad, y de sutiles
estados líricos, con un lenguaje musical.

Pero el arte de Juan Ramón Jiménez se hace independiente de cualquier
escuela, aunque el simbolismo, ya totalmente asumido, siga influyendo
en su poesía casi hasta el final. Con el paso de los años su estilo
se hace cada vez más depurado, siempre en busca de la belleza absoluta,
de la poesía y del espíritu que él intenta fundir con su lirismo
esencial interior, sin dejar de ser al mismo tiempo metafísico y
abstracto, como se aprecia en Baladas de Primavera (1910) o La soledad
sonora (1911). Diario de un poeta recién casado (1917), escrito
básicamente durante su viaje a Estados Unidos, donde conoció y se
casó con Zenobia, es uno de los grandes libros de la poesía española.
Contiene ritmos inspirados por el latir del mar, verso libre, prosa,
sugerencias humorísticas e irónicas. El libro supone un canto a la mujer,
el mundo marino y Estados Unidos. Siguen Eternidades (1918), Piedra
y cielo (1919) y uno de los puntos más altos de su poesía, Estación
total, un libro escrito entre 1923 y 1936, aunque no se publique hasta
1946. La identificación del poeta con la belleza, con la plenitud de lo
real, con el mundo, es casi absoluta. La palabra aúna abstracción y
realidad, y el poeta se convierte en -total- -concepto ya utilizado
por Juan Ramón Jiménez-, y que significa -lo universal-. Poeta total,
es para él, por tanto, aquel que logra la comunión con el universo,
conservando, sin embargo, su voz personal.

Los escritos en prosa que formarían posteriormente la vasta galería
Españoles de tres mundos (1942) empezaron a publicarse en diarios y
revistas en los años inmediatamente anteriores a su exilio. Otro libro
suyo escrito en prosa poética -y al que le debe gran parte de su fama
universal- es Platero y yo (1917), donde funde fantasía y realismo en
las relaciones de un hombre y su asno. Es el libro español traducido
a más lenguas del mundo, junto con Don Quijote de Miguel de Cervantes.
Escribió ya en América los Romances de Coral Gables (1948) y Animal
de fondo (1949). Con ellos y el poema 'Espacio', Juan Ramón Jiménez
alcanza lo que se ha llamado su -tercera plenitud- determinada por
el contacto directo con el mar. En Animal de fondo el símbolo lo
expresa con un lenguaje próximo a una religiosidad inmanente y
panteísta. La poesía antes que palabra es conciencia; inteligencia
que permite al poeta nombrar. El tiempo acaba fundiéndose con el
espacio. El poeta simbolista y romántico, metafísico después y puro
-que configuran al Juan Ramón Jiménez más hondo e intenso-, se revela
finalmente como un visionario y metafísico que mantiene una alta tensión
poética a partir de iluminaciones nacidas en lo profundo de su sensibilidad. 


© eMe  


Fonte:
http://www.los-poetas.com/d/biojuanr.htm
Acesso em 16set2013




terça-feira, 10 de setembro de 2013

AVATAR






AVATAR

Ronald de Carvalho


Antes, a alma que tenho andou perdida.
Por que mundos rolou, que mão sutil
pôs tão nobre fulgor e estranha vida
nesse bocado de ouro e barro vil ?

De certo, árvore foi: verde jazida
de ninhos, sob o céu de espuma e anil.
E foi grito de horror, na ave ferida,
e na canção de amor, sonho febril!

Foi desespero, o sofrimento mudo,
ódio, esperança que tortura e inferna
e, depois de exsurgir, triste, de tudo

veio para chorar dentro em meu ser
a amarga maldição de ser eterna,
a dor de renascer quando eu morrer.

(“Poemas e Sonetos”- 1919 – Figuras de Cinza e Ouro)






Filho do engenheiro naval Artur Augusto de Carvalho e de Alice Paula e Silva Figueiredo de Carvalho, Ronald de Carvalho nasce na cidade do Rio de Janeiro – RJ no dia 16 de maio de 1893. No ano de 1899 inicia o curso secundário no Colégio Abílio (Rio de Janeiro), formando-se em 1907. No ano seguinte, ingressa no curso de Direito da Faculdade Livre de Ciências Jurídicas e Sociais, formando-se bacharel no ano de 1912. Nessa época já colaborava com a revista A Época e com o jornal “Diário de Notícias”, de Rui Barbosa.
Em 1913 vai para Paris estudar Filosofia e Sociologia. Nessa cidade faz sua estréia literária com a publicação da obra “Luz gloriosa”, que mostra uma a forte influência de Charles Baudelaire e Paul Verlaine.
No ano de 1914 começa a exercer atividades diplomáticas e estabelece-se em Lisboa – Portugal. Conhece então os membros do grupo modernista desse país e, em 1915, já integrado a esse grupo, participa do lançamento da revista “Orpheu”, marco inicial do modernismo português.
De volta ao Brasil, publica, em 1919, a obra “Poemas e Sonetos” que revela um certo contato com a estética parnasiana.
A experiência de fincar o marco inicial modernismo em Portugal parece ter agradado a Ronald de Carvalho, pois em 1922 participa ativamente da SAM (Semana de Arte Moderna), marco inicial do Modernismo no Brasil.
Na noite de 15 de fevereiro, segundo dia da SAM, Ronald de Carvalho causa o maior escândalo ao declamar o poema “Os Sapos”, de autoria de Manuel Bandeira. Isso ocorre porque o poema satiriza violentamente a poesia e, sobretudo os poetas parnasianos, que são comparados a sapos coachando.
Depois da sua participação explosiva na SAM, Ronald dá novos rumos sua poesia: ainda em 1922 publica “Epigramas irônicos e sentimentais”; dois anos depois, é vez de “Toda a América”. Nesta última obra percebe-se que o poeta está sob forte influência de Walt Whitman, pois seus versos agora são amplos e com ritmo livre.

Fonte:
http://ronalddecarvalho.wordpress.com/about/
Acesso em 10 set 2013

sábado, 7 de setembro de 2013

Um soneto de Mestre








A DISTRIBUIÇÃO DO TEMPO

Carlos Drummond de Andrade





Um minuto, um minuto de esperança
e depois tudo acaba. E toda crença
em ossos já se esvai. Só resta a mansa
decisão entre morte e indiferença.

Um minuto, não mais, que o tempo cansa
e sofisma de amor não há que vença
este espinho, esta agulha, fina lança
a nos escavacar na praia imensa.

Mais um minuto só, e chega tarde.
Mais um pouco de ti, que não te dobras,
e que eu me empurre a mim, que sou covarde.

Um minuto e acabou. Relógio solto,
indistinta visão em céu revolto,
um minuto me baste e a minhas obras.




sábado, 10 de agosto de 2013

PÁGINA DE SERSANK PARA O 'DIA DOS PAIS"





Uma Tarde
Sergio de Sersank

“Aquém dos retratos de pé sobre a mobília, não aceito, pai, as mortes neste tempo em que o ser humano finda sem cumprir-se. Que foi sua vida senão colecionar escadas para elevar-nos a uma altura maior que suas derrotas?”
Moacyr Felix (Em nome da Vida)


Aquela fora, sem dúvida, a mais fria das tardes do outono. Ao pé do velho fogão de lenha aceso, meus irmãos menores e eu, metidos em blusas e japonas bem surradas, esperávamos impacientes pelo jantar muito simples que as mãos prodigiosas de nossa mãe esmeravam-se em tornar do agrado geral. Inusitado ruído na porta da frente, então, sobressaltou-nos. Seria o vento?
Nosso pai que estava algo absorto junto à mesa ergueu-se e, foi destrancá-la, cautelosamente.
Eram os velhos espectros da Miséria e do Infortúnio, o par sinis­tro, inseparável, que não se cansa de rondar lares humildes, tudo fazen­do por roubar-lhes as poucas reservas de paz, a leve esperança que têm.
Com sua energia característica, embora a custo, ele os conteve, à porta. Sobre os seus ombros, uma e outra, as tais formas horrendas, lançavam sobre nós os seus olhares sepulcrais. Exortadas com veemên­cia, tornaram à rua estreita onde a espessa neblina as tragou.
– “Que não ousassem jamais adentrar-nos a casa!”
Nunca mais pude esquecer essa firme expressão de coragem.
– “Que não ousassem!”...
Quantas vezes mais tarde insistissem, mais que com a energia dos braços, fustigá-las-íamos com brio idêntico àquele que vimos, na­quele dia, estampado no olhar de guerreiro de um pai.


Do livro “Estado de Espírito” (Ed. Ithala, Curitiba, 2013)




sábado, 3 de agosto de 2013

FERAS SALTANDO ATRAVÉS DO TEMPO





 (desconheço o autor)

FERAS SALTANDO ATRAVÉS DO TEMPO


Van Gogh escrevendo para seu irmão pedindo tintas
Hemingway testando seu rifle
Céline fracassando como médico
a impossibilidade de ser humano
Villon expulso de Paris por ser um ladrão
Faulkner bêbado pelas sarjetas da cidade
a impossibilidade de ser humano
Burroughs assassinando sua mulher com um tiro
Mailer apunhalando a sua
a impossibilidade de ser humano
Maupassant enlouquecendo num barco a remos
Dostóivesky de pé contra o muro para ser fuzilado
Crane fora da popa de um navio indo em direção à hélice
a impossibilidade
Sylvia com a cabeça no forno como uma batata assada
Harry Crosby saltando naquele Sol Negro
Lorca assassinado na estrada pelas tropas espanholas
a impossibilidade
Artaud sentado num banco de hospício
Chatterton bebendo veneno de rato
Shakespeare um plagiário
Beethoven com uma corneta no ouvido contra a surdez
a impossibilidade a impossibilidade
Nietzsche enlouquecendo completamente
a impossibilidade de ser humano
todos demasiados humanos
esse respirar
para dentro e para fora
para fora e para dentro
esses punks
esses covardes
esses campeões
esses cachorros loucos da glória
movendo esse pontinho de luz para nós
impossivelmente.

Charles Bukowski, in "Poesia beat"
Tradução de Sergio Cohn



terça-feira, 16 de julho de 2013

Um pouco da grande poesia de Augusto Frederico Schmidt





DESCANSO

Olho o céu e, enfim, descanso!
Olho o céu e as estrelas frias
e o vão tormento que me segue sempre, de repente,
se vai com a leveza do fumo que o vento atira para longe.
Olho o céu alto e enorme e descanso.
Uma serenidade de renúncia desce sobre minha alma rota e feia.
O que horas antes me exaltava,
amores, ódios, temor, miséria e ingratidão, nada é.
Olho o céu frio e simples e descanso.
Vem, de súbito, para o meu coração ferido, a compreensão da caridade.
Sinto que sou feliz por não ter tido nada.
Sinto que posso seguir porque nada me prende.
Porque o amor que tanto esperei nunca chegou.
Porque a fortuna que eu quis passou de longe
e a glória que sonhei nem sequer me sorriu.
Sinto que estou sozinho e pobre como a noite.
Sinto que estou pobre e que darei sem remorso tudo que me resta.
A solidão é o meu conforto, meu consolo.
Estou mais perto de Deus!
Minha alma se perde na noite simples e infinita.


                     Augusto Frederico Schmidt* (De “Canto da Noite”)


* Biografia
Poeta brasileiro

Augusto Frederico Schmidt

18 de abril de 1906, Rio de Janeiro, RJ (Brasil)
8 de fevereiro de 1965, Rio de Janeiro, RJ (Brasil)
Da Página 3 Pedagogia & Comunicação
[creditofoto]
Além de poeta, Augusto Frederico Schmidt foi editor e político. Considerado importante lírico brasileiro, sua poesia é grandiloquente e discursiva; e frequentemente utiliza o versículo bíblico. Romântico e nostálgico, seus temas preferidos são o mar, a noite, a morte, a solidão, o mistério do destino do homem.

Entre 1924 e 1926, Augusto Frederico Schmidt residiu em São Paulo, ligando-se ao grupo modernista. É quando publica seu primeiro livro, Canto do Brasileiro Augusto Frederico Schmidt.

A seguir, funda uma editora e torna-se um dos grandes divulgadores do Modernismo; e, depois, da literatura do Nordeste. Em 1934, casou-se com Ieda Ovalle Lemos, sobrinha do compositor Jaime Ovalle.

Publicou Canto do liberto Augusto Frederico Schmidt (1929), Navio perdido(1929), Pássaro cego (1930) e Canto da noite (1934), dentre outros.

Escreveu ainda as crônicas de O galo branco (1948) e As florestas (1959)
Enciclopédia Mirador Internacional

..................................................

COMENTÁRIO ANÔNIMO:

"Acredite...que lindo poema Sergio, nunca senti algo tão forte tocando-me a alma...Obrigada pelo carinho e desejo-lhe uma super quinta!Aquele abraçooooooooooooooooo!"



CASA VAZIA





Poema nenhum, nunca mais,
será um acontecimento:
escrevemos cada vez mais
para um mundo cada vez menos,

para esse público dos ermos
composto apenas de nós mesmos,

uns joões batistas a pregar
para as dobras de suas túnicas
seu deserto particular,

ou cães latindo, noite e dia,
dentro de uma casa vazia.


Alberto da Cunha Melo*


* Alberto da Cunha Melo (José Alberto Tavares da Cunha Melo) nascido em Jaboatão, Pernambuco, pertence à Geração 65 de poetas pernambucanos. Como Sociólogo atuou durante onze anos na Fundação Joaquim Nabuco. Jornalista, foi editor do Commercio Cultural do Jornal do Commercio, e da revista Pasárgada. Foi colaborar da coluna Arte pela Arte, do Jornal da Tarde, SP, e mantém a coluna Marco Zero, na revista Continente Multicultural. 
Foi Vice-Presidente da União Brasileira de Escritores em Pernambuco, na sua primeira gestão. Por duas vezes Diretor de Assuntos Culturais da FUNDARPE e, recentemente foi um dos indicados para o Prêmio Nacional Jorge Amado (2002). 
Sua poesia não se rendeu ao charme das vanguardas e encontrou no metro octossilábico (308 poemas, 4900 versos, em cinco livros já publicados) , o  mais raro em Língua Portuguesa, a melhor melodia para o seu canto fraterno, e ”sua lição de dor que se faz beleza e arranca de si forças para construir uma poesia cujo nome secreto é – resistência.” (Alfredo Bosi, no prefácio do livro Yacala). 
Em 2001, foi incluído nas antologias: Os cem melhores poetas brasileiros do século XX, Geração Editorial, SP, e 100 anos de poesia. Um panorama do poesia brasileira no século XX.
Em dezembro de 2002, publicou seu 12º título de poesia, Meditação sob os Lajedos.

Fonte:




sábado, 29 de junho de 2013

Poeta na redação do Jornal de Rolândia




Sergio de Sersank veio a Rolândia e presenteou a redação 
com exemplares de seu livro de poesia




O escritor Sergio de Sersank, 59, que trabalhou como diretor da Câmara de Rolândia por muitos anos, veio a Rolândia para falar sobre seu livro de poesia recém-lançado “Estado de Espírito” (Editora Ithala – Curitiba). Sergio esteve na redação do Jornal de Rolândia na terça-feira 18 e aproveitou para autografar dois exemplares de sua obra, doadas para o JR.

Sobre seu livro, o primeiro a ser lançado, Sergio disse que caminha pelas escolas, principalmente pelo Romantismo, Parnasianismo e Simbolismo. “Tenho alguns sonetos no livro, inclusive o premiado Inscrição na lápide”, revelou o escritor, que começou a escrever na adolescência. O livro traz poemas escritos nos últimos 15 anos e foi lançado em Londrina no dia 08 de março, numa homenagem ao Dia Internacional da Mulher, na Biblioteca Pública de Londrina. “A ideia agora é fazer um lançamento aqui em Rolândia, mas com um caráter beneficente”, afirmou Sergio. O evento pode ser realizado em julho, mas o local ainda não está decidido.

“Lançar esse livro foi a concretização de um sonho”, ressaltou o escritor. “Minha obra tem um simbolismo místico e estilo multifacetado. Escrever é uma catarse, é um ato criador”, resumiu Sergio. O livro Estado de Espírito custa R$ 28 e pode ser encontrado na Papelaria Moderna (em Rolândia), nas livrarias Saraiva e Curitiba (em Londrina) ou através do blog www.estadodeespirito.net, onde o livro pode ser adquirido por R$ 20.

Opinião
“Distante dos modismos da época, Sersank conduz o leitor pelo caminho eterno da poesia. Poesia como beleza. Seus versos foram escritos com emoção. Ao abrir o livro o leitor adentrará um mundo encantado e reflexivo, será deslumbrado pela musicalidade, ritmo e beleza dos versos”. 

Isabel Furini, escritora e laureada poeta