A
DISTRIBUIÇÃO DO TEMPO
Carlos Drummond de Andrade
Um minuto, um minuto
de esperança
e depois tudo acaba.
E toda crença
em ossos já se esvai.
Só resta a mansa
decisão entre morte
e indiferença.
Um minuto, não mais,
que o tempo cansa
e sofisma de amor
não há que vença
este espinho, esta agulha,
fina lança
a nos escavacar na
praia imensa.
Mais um minuto só, e
chega tarde.
Mais um pouco de ti,
que não te dobras,
e que eu me empurre
a mim, que sou covarde.
Um minuto e acabou.
Relógio solto,
indistinta visão em
céu revolto,
um minuto me baste e
a minhas obras.
Sinto um estranho sentir, que faz bem à minha alma, mas que não sei dar nome, quando leio Drumond. E este seu soneto me deixa nua e sem chão diante do tempo que se esgota... É o destino de todos nós!
ResponderExcluirObrigada e parabéns pelo post.
Grande abraço, amigo!