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sábado, 7 de setembro de 2013

Um soneto de Mestre








A DISTRIBUIÇÃO DO TEMPO

Carlos Drummond de Andrade





Um minuto, um minuto de esperança
e depois tudo acaba. E toda crença
em ossos já se esvai. Só resta a mansa
decisão entre morte e indiferença.

Um minuto, não mais, que o tempo cansa
e sofisma de amor não há que vença
este espinho, esta agulha, fina lança
a nos escavacar na praia imensa.

Mais um minuto só, e chega tarde.
Mais um pouco de ti, que não te dobras,
e que eu me empurre a mim, que sou covarde.

Um minuto e acabou. Relógio solto,
indistinta visão em céu revolto,
um minuto me baste e a minhas obras.




Um comentário:

  1. Sinto um estranho sentir, que faz bem à minha alma, mas que não sei dar nome, quando leio Drumond. E este seu soneto me deixa nua e sem chão diante do tempo que se esgota... É o destino de todos nós!
    Obrigada e parabéns pelo post.
    Grande abraço, amigo!

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