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sábado, 31 de março de 2012

BILHETE PARA NÃO SER ENTREGUE


Fonte: Imagens do Google



Amor que llegas tarde,
tráeme al menos la paz:
Amor de atardecer, ¿por qué extraviado
camino llegas a mi soledad?

Dulce María Loynaz ( Cuba)
LA BALADA DEL AMOR TARDÍO



Os dias passam depressa,
bem mais depressa. É ruim,
pois soube que tens saudade,
que perguntaste por mim...

Eu temo: depressa os dias,
meus dias, chegam ao fim.
Será que hei de te ver-te ainda?
ah, minha esperança infinda!...

Meu doce amor!... Ah, se, enfim,
tiver-te à frente, direi
que desde sempre te amei,

que sempre hei de amar-te, assim:
mesmo que vivas distante,
mesmo que esqueças de mim...

(Da coletânea "Estado de Espírito")



terça-feira, 20 de março de 2012

Altamiro Borges: Valdemiro, Macedo e a guerra religiosa

Altamiro Borges: Valdemiro, Macedo e a guerra religiosa: Por Altamiro Borges O “Domingo Espetacular” do final de semana passado dedicou mais de 25 minutos para exibir “os segredos do apóstolo Val...

domingo, 18 de março de 2012

O DIA DE HOJE



Fonte:


O dia de hoje é a dádiva
que se renova na azáfama dos pássaros
sobre os rumores urbanos.

Como um lampejo do sol
nos ouropéis das furnas,
abre veredas ao vento
por ínvios desfiladeiros.
Projeta nessas lonjuras,
vales em pleno arrebol.

No oceano do tempo a se abrir,
sempre mais devassado,
exala o cósmico olor
do cio planetário.

O espetáculo das cores.
A sinfonia dos sons...
Precedem, tais esplendores,
os fumos do Armagedom?

Embora, às vezes, envolto
nas nuvens negras da dor,
à luz de milhões de estrelas,
o dia de hoje é um poema
que os homens vamos compondo
no livro de ouro de Deus.



Sergio de Sersank

(Da coletânea "Estado de Espírito")

quarta-feira, 14 de março de 2012

PARTIDA DE XADREZ








Para Marcos Aparecido Tudela, meu primo.

“No xadrez, como na vida, um erro induz a outros”
Siegbert TARRASCH




“ – O mundo – certa vez me disse alguém –
é um palco de vitórias e fracassos.
A vida a nos cobrar prudentes passos
é um jogo de xadrez, pensando bem.”

Sei hoje quanto de verdade tem
a analogia, embora indefinida.
Viver é um desafio, uma partida
que disputamos sem saber com quem.

A tática, a estratégia de batalha,
o avanço, o retrocesso, o acerto, a falha -
os atos bons ou maus -  são nossos lances.

Mal jogador que sou e já sem chances,
o duro “cheque–mate” esperarei.
Perco a partida, mas não tombo o rei.

           (Versão do soneto composto em Florestópolis, a 7 de agosto de 1975)




domingo, 11 de março de 2012

PROPOSIÇÃO







Hino do NACIONAL ATLÉTICO CLUBE

(Agremiação esportiva de futebol de Rolândia – PR)


Letra de Sergio de Sersank

  

Nacional de Rolândia, uma história
sem igual grava a tua ascensão.
Por teus muitos momentos de glória
muitas vezes serás campeão!

Forte escudo de um nobre cruzado
É o teu alviceleste brasão!
Onde a lide o chamar, do teu lado,
Nós seremos um só coração!

Nacional, coração de guerreiro,
O que inspiras é pura emoção!
Agitando o estandarte altaneiro
Nosso orgulho é te ver campeão! (estribilho)


Londrina, 11 de março de 2012


sábado, 10 de março de 2012

A FOME AFUGENTA O SONHO







Esse que traz na carne
as fundas cicatrizes
da luta pelo pão
sequer fala das crises
que afetam-lhe, de muito:
as crises inventadas.

Proletário novo,
quer mais que circo e pão.
Mas já não lhe comove
o ver embandeiradas
as esperanças do povo.

Amarga no silêncio
as longas madrugadas
e embala a própria dor
na dor furiosa dos martelos
e foices enferrujadas...

Sergio de Sersank

(Do livro "Estado de Espírito")

sexta-feira, 9 de março de 2012

APELO AO AMOR TARDIO










Não te demores. Meu tempo,
é ontem. Futuro: agora.   
Se tardas este que há sido
amante e amigo, bastante,
já nada será, Senhora.
Talvez esteja, acredite,
estrelas adiante, aí...
Não te demores; ainda,
agora, me tens aqui...
Se tardas este que há sido,
não será senhor de si.
Errarão, talvez, meus olhos
anos-luz longe de ti.


Do Livro "Estado de Espírito" de Sersank) 

terça-feira, 6 de março de 2012

PERSUASÃO




Guerreiro da vida,
assim me defino.
Velho, menino,
sou e prossigo.
Meus passos incertos
jamais volverei.
Não torno aos lugares
onde cadáveres
fiz e deixei.
Mas aos que amo,
mesmo que morto,
mesmo do inferno, 
regressarei.

                                                                          Sergio de Sersank
                                                                         (Do livro "Estado de Espírito")

quinta-feira, 1 de março de 2012

PRECE DA OVELHA INSEGURA






Oh, não me deixes, Senhor,

bondoso e leal Pastor,
enleada em meus arroubos,
sob ardis de uivantes lobos,
nos cruéis ardis, tão seus,
-  ovelha  tola,  arrogante -
de novo vagar,  distante,
dos plácidos prados teus!

Enfadada dos deveres,
sectária dos sandeus -
já dantes, não me contive:
ao pé do primeiro aclive -
assediaram-me os seres
que atrelam tíbios ateus.

Descambei por ínvias plagas,
perdi-me entre precipícios,
macerei o corpo em chagas,
aviltei a mente em vícios...

Vezes sem conta, encontrada
em antros os mais devassos,
fui a ovelha desgarrada
que Tu trouxeste nos braços.

Hoje, ao repensar a vida,
os males de cada dia,
entre laivos de apatia
ou de euforia ruim,
sinto mal adormecida
em mim a indomada fera
que, embora tarde, quisera
ter dominado, por fim... 

Para de novo encontrar-me
no volutabro dos vícios
não medirás sacrifícios.
Mil vezes irás buscar-me,
por mais insensata e vil.
Mas porque sou, indolente,
essa ovelha renitente,
resgatada ao vale hostil,
põe-me presa em tua herdade,
dá-me, mesmo, a enfermidade,
conserva-me em Teu redil!...

Oh, não me deixes, Senhor,
bondoso e leal Pastor!
Sergio de Sersank
(Do livro  "Estado de Espírito")