Oh, não me deixes, Senhor,
bondoso e leal Pastor,
enleada em meus arroubos,
sob ardis de uivantes lobos,
nos cruéis ardis, tão seus,
-
ovelha tola, arrogante -
de novo vagar,
distante,
dos plácidos prados teus!
Enfadada dos deveres,
sectária dos sandeus -
já dantes, não me contive:
ao pé do primeiro aclive -
assediaram-me os seres
que atrelam tíbios ateus.
Descambei por ínvias plagas,
perdi-me entre precipícios,
macerei o corpo em chagas,
aviltei a mente em vícios...
Vezes sem conta, encontrada
em antros os mais devassos,
fui a ovelha desgarrada
que Tu trouxeste nos braços.
Hoje, ao repensar a vida,
os males de cada dia,
entre laivos de apatia
ou de euforia ruim,
sinto mal adormecida
em mim a indomada fera
que, embora tarde, quisera
ter dominado, por fim...
Para de novo encontrar-me
no volutabro dos vícios
não medirás sacrifícios.
Mil vezes irás buscar-me,
por mais insensata e vil.
Mas porque sou, indolente,
essa ovelha renitente,
resgatada ao vale hostil,
põe-me presa em tua herdade,
dá-me, mesmo, a enfermidade,
conserva-me em Teu redil!...
Oh, não me deixes, Senhor,
bondoso e leal Pastor!
Sergio de Sersank
(Do livro "Estado de Espírito")
Do renomado artista plástico e esperantista de vanguarda, Vagnero Tero, de Santo André (SP)
ResponderExcluir(Pelo Facebook)
"Vezes sem conta, encontrada
em antros os mais devassos,
fui a ovelha desgarrada
que Tu trouxeste nos braços."
Obrigado, caro Sergio Cunha.
Vagnero Tero
sexta às 00:41 · Curtir
Viglan brakumon, Vagnero!
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