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segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

DAQUI A MIL ANOS...




Apesar dos dissabores
de outro dia exaustivo
e do estômago frio,
enclausurado no tráfego,
calmo e, quem sabe, feliz
pelo carro financiado,
ouvirei o CD surrado
de um triste cantor boêmio
que chamou-se Astor Piazolla.
Eu - um chinês operário,
ou filho pobre de Angola.

Os bem-nascidos, burgueses,
esnobando séqüito e pompa,
como os que hoje fumam havanas,
mesmo conscientes de serem
peças de odiosos esquemas,
continuarão rindo à toa,
flutuando, em trajes de vôo,
por cima da carne seca.

Ouvirei de terremotos
e de nações onde a guerra,
é ameaça às nações livres;
de povos amordaçados,
de conflitos, de incertezas,
de agressões à natureza.
E das benesses que trouxe
um novo estado ou regime.

Ouvirei falar de drogas,
de casamentos em crise,
de misérias, de doenças
e da ascensão da violência
nos milhares de países.

Por não termos destruído
as nossas velhas barreiras,
não me espantarei de ver
ainda a ditar suas regras
a ignorância e a loucura.

O mal, enfim, do planeta
virá, como sói ter vindo,
dos genes dos trogloditas
presentes nas criaturas.

E a lua estará brilhando
acima dos mesmos homens -
soberana de seu tempo,
ledora de seus destinos.
Sersank Kojn
Do livro "Estado de Espírito"
Imagem: Google, disponível em
http://obviousmag.org/archives/2008/09/imagens_futuristas_retro.html, acesso em 08/02/2010.

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