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quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

DAS POUCAS OPÇÕES AO DESESPERO



“... Que pode uma criatura senão, entre criaturas, amar?
Amar e esquecer,
Amar e malamar,
Amar, desamar, amar?
Sempre, e até de olhos vidrados, amar?...”
Carlos Drumond de Andrade
(“Amar”)



Fugir, como o faz o eremita,
tenhas por que, tenhas como,
não te trará a solução.
Prostrar-se é admitir queda iminente.
Chorar anula o esforço da reação.
Exasperar-se é remover a tampa
de escuro, espurco alçapão.
Vingar-se é se lançar no labirinto
que erige a consciência em convulsão.

Roubar é ter, feito bicho,
que enveredar-se, de noite,
entre penhascos, em bruma.
Aniquilar-se – oh, não queiras,
não queiras nunca isso, não!
Seria -auto-traído - auto-sentenciares,
ao fim da declinante trajetória,
a queda em mais profunda depressão.

A vida a reparar,
te seja o justo fardo.
... .Perdoar quanto te custe,
esquecer quanto te doe,
reconstruir, por que não?

Que a via alternativa
ao que se eleva é a crucis
e há de ser sempre
a mais distante e estreita,
a porta do lado bom.

A velha e sábia antítese do desespero
é o frágil sustentáculo do sonho.
Não pares. Não desistas. Não descreias:
a mágica da vida vitoriosa, meu amigo,
é sempre, e sempre e sempre, o recomeço.



Sersank Kojn

(Direitos autorais registrados e protegidos por lei)

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