Páginas

sábado, 6 de fevereiro de 2010

APONTAMENTO




(Ouvindo cantar o andarilho em certa noite vazia)
“As cousas não têm significação: têm existência.
As cousas são o único sentido oculto das cousas.”
                                                                                 Fernando Pessoa


As cousas com o tempo
tornam-se elas mesmas:
perdem essa aura
de importância que lhes pomos -
essa capa de magia.


As cousas, todas, sistêmicas,
concretas, subjetivas,
vagas, difusas, confusas,
distantes, amorfas, vivas -
perdem, todas,
com o tempo,
força e peso e
forma e brilho.


A noite inextrincável que as revolve, imensa
e soberana do mais ínfimo ruído,
a noite, unicamente -
coisa estranha -
faz sentido.


(Do livro "ESTADO DE ESPÍRITO, de Sersank Kojn)


(Direitos autorais assegurados e protegidos por lei.)

Imagem do google, sem crédito


Um comentário:

  1. Da preclara poetisa Conceição Roque Silveira, de Braga, Vila Verde, Portugal, transcrevo com alegria essa postagem que fez constar, nesta data, sobre o "Apontamento", no site literário http://www.luso-poemas.net/index.php:

    Belíssimo seu poema.
    Bem vindo ao Luso-poemas.

    Gratíssimo, Conceição!

    ResponderExcluir