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terça-feira, 18 de outubro de 2011

PARADOXO





Por mais dolorosas as nossas vidas,
todos amamos viver.
Mas, via de regra, somos suicidas
sem a pressa de morrer.

Matamo-nos a cada gole,
a cada louca noitada,
a cada sonho desfeito.
Matamo-nos por qualquer coisa,
no mais das vezes, por nada.
E achamos que está direito.

Matamo-nos simplesmente
por amar, por odiar, por ter ciúme,
por medo de não prosperar.
Em nós percutem chibatas,
clamores, gritos de guerra.
Os trafares do avatar.

Suicidas, quase todos,
na louca lufa-lufa de viver,
assusta-nos tanto o futuro
que enclausuramos os sonhos
no sótão do desquerer. 
E, embora nos mostremos
aos outros sempre felizes,
temos ânsia, temos tédio,
temos pressa de viver...

Um dia, senhores do mundo,
os homens dominaremos
todo o sistema solar. 
Mas se não nos dominarmos,
                                       a Terra, a nau que nos leva,
                                       por causa dos nossos conflitos,
pode vir a  soçobrar.



(Do livro "Estado de Espírito" de Sergio de Sersank)

2 comentários:

  1. Sobre o poema “ PARADOXO”


    De Rosa Maria J.Fagotti
    rj.fagotti@yahoo.com.br

    Boa noite, Sérgio.
    Amei tua poesia.
    Repetindo estes tão profundos versos, deixo o meu grande abraço à vc.


    E, embora nos mostremos
    aos outros sempre felizes,
    temos ânsia, temos tédio,
    temos pressa de viver...

    Um dia, senhores do mundo,
    os homens dominaremos
    todo o sistema solar.
    Mas se não nos dominarmos,
    a Terra, a nau que nos leva,
    por causa dos nossos conflitos,
    pode vir a soçobrar.

    Nicéia Fagotti
    13-¬¬11-¬2011

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