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sábado, 19 de junho de 2010

HAICAIS





Holocausto
Jamais uma rês
Suspeite o custo do pasto.
Sacie-se em paz!...

Definição
Amar não está
No prender-se o que se quer.
Amar é se dar.

Sonho de um novo milênio
Ensarilham armas.
Erguem pontes, rompem muros.
Elevam-se os homens.

Presságio
Um bruxo há na espreita
dos dias, infenso e belo:
o abutre no azul.


Intuição
Porque dos astros egressos,
os astros nos lembram
os que nos deixaram.


      Vandalismo
                 Duendes co’a brisa
          passam, desfolham as rosas

                                                              e, a rir, vão-se embora... 

Sensatez
É apenas detalhe
o abutre no campanário.
O céu está azul. 

Gravura
Senhor do seu poderio,
na tarde de estio,
o sol se banha no mar.

(Do livro "Estado de Espírito", de Sersank)

Imagem:
http://www.yoursoul.blogger.com.br/2002_12_01_archive.html

9 comentários:

  1. Sobre “HaiKais”

    JULIO SARAIVA
    Publicado: 27/12/2010 23:50 Atualizado: 27/12/2010 23:50
    Colaborador


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    Re: HAIKAIS

    Os haikais são ótimos. Mas não se preocupe com a regra imposta por Guilherme de Almeida: 5/7/5. Leminski, que conhecia a língua japonesa, quebrou com isso.

    Julio Saraiva


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  2. Publicado: 28/12/2010 00:09 Atualizado: 28/12/2010 00:09
    Muito Participativo


    Usuário desde: 13/1/2010
    Localidade: Londrina-PR BRasil
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    Re: HAIKAIS

    Obrigado, Júlio.
    Vou me lembrar.
    Abração,
    Sergio


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  3. JULIO SARAIVA
    Publicado: 28/12/2010 00:29 Atualizado: 28/12/2010 00:29
    Colaborador


    Usuário desde: 13/10/2007
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    Re: HAIKAIS p/SERSANK

    As traduções dos primeiros haikais que nos chegaram vieram do francês. Daí que obedeciam métrica e rima.
    Leminski me disse que era impossível metrificar ideogramas.
    Ele estava certo.
    O louco curitibano tinha razão.


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  4. ERSANK
    Publicado: 28/12/2010 00:46 Atualizado: 28/12/2010 00:46
    Muito Participativo


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    Localidade: Londrina-PR BRasil
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    Re: HAIKAIS

    Leminski respirava a poesia que é - como a música - uma linguagem universal. Eu não tenho dúvidas de que apesar dos anos transcorridos, ele continua atual e sempre tem muito a ensinar.
    Gosto muito, por exemplo, deste haicai dele, nada fiel aos rígidos cânones franceses e à velha escola de Guilherme de Almeida:

    "Acordei e me olhei no espelho (8)
    ainda a tempo de ver (7)
    meu sonho virar pesadelo(8)

    Paulo Leminski


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  5. JULIO SARAIVA
    Publicado: 28/12/2010 00:53 Atualizado: 28/12/2010 00:53
    Colaborador


    Usuário desde:13/10/2007
    Localidade: São Paulo- Brasil
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    Re: HAIKAISp/sersank
    Eu fui muito amigo do Paulo. Estudamos juntos no São Bento, aqui em são paulo. Ele tinha um ano na frente. A inteligência dele já se destacava dos demais. Passava horas enfiado na biblioteca. Aprendeu grego clássico sozinho. E sânscrito também. Ele sabia mesmo. Foi expulso do colégio quando descobriram que ele levava revistas de sacanagem no dormitório. Fomos nos encontrar anos depois na tv bandeirantes. Eu contribuí pela morte dele por cirrose. Paulo não tinha nem carteira de identidade. A alice recebia por ele. O enterro foi por conta do Jaime Lerner, que adorava ele. E fez até a pedreira.


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  6. Usuário desde:02/6/2008
    Localidade: Lisboa e arredores
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    Re: HAIKAIS

    Deliciei-me com estes haikais, são ricos em verdadeiras metáforas, têm humor, fortes em imagens e um pouco de fábulas encantatórias e gostei dos diálogos dos comentários...Andei a matar a cabeça com a métrica dos haikus e achei que era impossível mas a métrica para mim serve-me de base para não descarrilar e o kaiku deixar de o ser (o que também não é problema) também eu gosto de Leminski, um dos poetas brasileiros que me fascinam, ainda bem que vão aparecendo uns e-books por aí e net permite ler o poeta porque livros, nem um, não há em português de Portugal...
    Os haikais ou haikus são respeitados e escritos com mestria muito no Brasil, por aqui poucos poetas pegam neles, muito poucos e não é muito valorizado, penso que preferem a grandiloquência ou a tentativa disso e detraiem a simplicidade e a lentidão do tempo dos haikus, o que é pena, e numa geração mais nova então não há ninguém que os edite, mas por aqui aparecem bons escitores de haikais, gostei dos seus, por ex. do: Sensatez, etc...
    Vou estar com mais atenção.

    Um abraço.
    Carlos Manuel Teixeira Luis, de Lisboa- Portugal



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  7. Prezado Poeta Carlos Teixeira,
    Obrigado por suas abalizadas considerações.
    Paulo Leminski, (Curitiba,1944~Curitiba,1989) tem lugar de destaque na história da Poesia Brasileira. Embora tenha vivido menos de meio século, deixou para a posteridade obras de grande valor como o “Catatau” prosa experimental (1975) e “Ex-Estranho”, poesia. Ed. Iliminuras, SP (1996), entre outras não menos importantes obras.
    Nosso amigo poeta Júlio Saraiva o conheceu pessoalmente. Ele menciona no seu comentário, aqui, o ex-Governador do Estado do Paraná, no Brasil, Senhor Jaime Lerner, que inaugurou em Curitiba, em 1990, a Pedreira Paulo Leminski, ao lado da qual se erigiu depois, a Ópera do Arame, tradiconal Casa de Espetáculos e um dos princiapais pontos turísticos de Curitiba. Sua biografia pode ser acessada no site:
    www.biografia.inf.br/paulo-leminski-poeta-biografia.html

    Recentemente, a 16 de abril de 2010, inaugurou-se, também na capital paranaense, a CASA DA LEITURA PAULO LEMINSKI, unidade da Fundação Cultural de Curitiba, que além de possuir completo acervo de livros e periódicos para pesquisa, realiza oficinas literárias, ciclos de leitura e de contação de histórias, e vai-se tornando mais um importante espaço voltado à cultura, no sul do Brasil.

    Quanto aos Haikais, chamo sua atenção para um movimento paralelo que vem tomando força no Brasil, iniciado pelo poeta carioca, Goulart Gomes, a partir de 2002, o qual estabelece um terceto menos ortodoxo.
    Sugiro uma pesquisa aos sítios:

    http://www.palavreiros.org/poetrix/poetrix.html

    http://www.movimentopoetrix.com/visualizar.php?idt=300339

    Tenha um venturoso e próspero ANO NOVO junto de seus familiares!
    Grande abraço,
    Sergio Sersank

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  8. Nem sempre consigo interpreta-los com clareza, mas quando consigo fico encantada com a inteligência da criação.

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  9. E eu sempre encantado com a espontaneidade e pertinência dos teus comentários, minha querida amiga poeta, Enide Santos.

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