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segunda-feira, 1 de março de 2010

SOBRE O GOSTO DE VIVER

























 Os anos passam e, via de regra,
percebemos que lá no íntimo
vivem em nós os infantes que fomos.
Quando menos se espera,
ei-los que surgem e acenam para nos lembrar
que por nada temos nos aborrecido,
que não valeu a pena termos depressa perdido
a vontade de brincar.

Continuamos crianças.
A diferença é que
habituamo-nos a aceitar,
sem a mesma relutância,
as coisas acres, as coisas
estranhas que a vida tem ...

E, assim como terminamos
por gostar de gilós, de cebolas
e de pimenta, à mesa,
cedo nos destemperamos:
ora deitamos amargos,
ora acordamos azedos.
Cedo aprendemos a não confiar em estranhos.
Mas ficamos estranhos também.




Poema do livro "Estado de Espírito", de Sersank Kojn

(Direitos autorais protegidos por lei)


Imagens:


http://www.glimboo.com/imagens_tristeza.php
http://acobox.com/image/tid/231684?page=1

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