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terça-feira, 30 de março de 2010

O RESTAURADOR










Na tela sempre fresca da janela
que o prende a um tempo e lugar,
há colibris nos canteiros
e flores que, findo o dia,
agrada-lhe cultivar.

Quase nunca queda a vê-los.
Nem sente o tempo a passar.
Move-se a crer que haja coisas
que se possa eternizar...

Como ao baú de Pandora
pudesse as depositar,
restaura, serenamente,
uma e outra, obra sem par:
restos de vidas dispersas,
suas fragrâncias no ar.

Paciente, serenamente,
ouve do tempo o rumor.
Só ele sabe o que sente,
no enlevo de seu labor,
o que lobriga, ao curvar-se,
no jardim, emurchecida,
sua mais recente flor.


 
(Do livro "Estado de espírito", de Sersank)
(Os direitos autorais do livro "Estado de espírito" estão registrados na Fundação Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro (Ministério da Cultura), sob o nº 366.196, Livro 677, Folha 356)
(Proibida a reprodução de qualquer fragmento, sem citação da fonte e autorização do autor)

4 comentários:

  1. De minha prezada amiga Dora Dimolitsas, transcrevo essas gentís palavras que postou em 31/03/2010, em meu orkut:

    Boa tarde, meu amigo Sersank.
    Sim, realmente seu trabalho no Blog
    é muito bom.
    Os poemas são de grande qualidade.
    Considero que o poeta tem um compromisso com o social e falar do seu trabalho é uma forma de reconhecimento e incentivo.
    Obrigado por seus depoimentos, quando vem em meu orkut
    comentar sobre meu trabalho e falar do seu.
    Não consegui deixar depoimento no seu blog.
    um abraço,
    Dora

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  2. De mia kara samideano VAGNERO

    (http://twitter.com/vagnero_tero)

    mi transsbribas siajn simpatiajn, jenajn vortojn:

    "Gratulon! Via Blogo estas tre bona!" Vagnero.

    Koran dankon, amigo!

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  3. É o meu preferido, já o li por varias vezes, já li várias vezes procurando palavras para comentar, lindo de mais FASCÍNIO o que posso dizer.

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  4. Obrigado, Enide.

    Retribuo a gentileza do seu comentário com estes versos do nosso inesquecível Drummond de Andrade:

    Memória

    Amar o perdido
    deixa confundido
    este coração.

    Nada pode o olvido
    contra o sem sentido
    apelo do Não.

    As coisas tangíveis
    tornam-se insensíveis
    à palma da mão

    Mas as coisas findas
    muito mais que lindas,
    essas ficarão.

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