Não há, poeta, estancar
a geratriz do poema.
Não há falseá-la no ópio,
enclausurá-la em doutrina,
submetê-la a sistema.
Atemporal, surterrena,
a realidade é seu tema.
Sonhá-la, subvertê-la,
recriá-la a todo instante:
a isso serve o poema.
Nele, pois, haja verdade,
por mais odiosa, obscena.
Seja um cântico de guerra
ou mera cantata, amena;
narre uma nobre façanha,
evoque um voraz dilema,
louve a esperança mais alta,
grite a vergonha suprema... Não há, poeta, estancar
a geratriz do poema.
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