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sábado, 13 de março de 2010

NÊNIA DA MORTE DAS CRENÇAS










Hora do ângelus...
Vésper, distante,
no céu tremeluz.
Dobram os sinos
nos campanários
por nossos destinos
tão temerários...

Com eles, em harmonia,
morre a tarde... e para muitos
morre o que é o último dia..

Meu Deus, mas aquele
abutre pousado
no alto da cruz!...

... Hospeda a alma do Tempo
que vem, vencedor, e espreita
a irreverência dos homens
ante o estandarte da luz?

Ei-lo que voa e revoa
e gruda as garras na cruz!
- Por certo que se deleita
a ouvir a oblação funérea
dos sinos a que faz jus...



(Do livro "Estado de espírito")


DIREITOS AUTORAIS PROTEGIDOS POR LEI


Imagem do abutre:
http://privilegiosdesisifo.blogspot.com/2008_01_01_archive.html
Imagem do campanário: http://images.uncyc.org/pt/e/e4/Campanario.jpg




2 comentários:

  1. Do site
    www.luso-poemas.net


    Re: NÊNIA DA MORTE DAS CRENÇAS - p/ poeta SERSANK

    Olá!
    Não sou de comentar, mas o teu poema
    merece um destaque especial.
    Um canto triste, sombrio...
    E talvez o abutre espreitador rapine além de um simples corpo... talvez ele busque algo mais:
    algo invisível que se vai perdendo, que se vai renegando a segundo plano, que vem à tona
    não no agradecimento, mas no momento do desespero.

    É, amigo, a morte das crenças... Até na indústria da religião e suas filiais... É o fim
    do ciclo... É o abutre incitando as almas, esfregando as mãos, ou melhor, as garras.

    Muito bom o poema. Assim o interpretei.

    Um abraço do

    Rehgge.


    Ler mais: http://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=178594#ixzz1G3claH1u
    Under Creative Commons License: Attribution Non-Commercial No Derivatives

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  2. Prezado Regghe,
    Alegra-me saber que gostaste do poema. Também me esquivo, quase sempre, de tecer comentários sobre o que os colegas escrevem por aqui.
    A crítica, por mais sucinta, exige uma análise quanto possível demorada e disponho de pouquíssimo tempo para me expressar.
    Nota-se, à propósito, que a maioria dos participantes limitam-se, aqui, no luso-poemas, a “rasgar sedas” do tipo: “gostei”, “ maravilhoso”, “que bonito!” Mas, não exercem a crítica leal, descompromissada, sincera. Isso em nada contribui para o aprimoramento do autor. O comentário fundamentado, mesmo que apontando deficiências de estilo ou erros gramaticiais, a meu ver, contribui para a efetiva valoração do trabalho apresentado.
    Sua análise, embora sucinta, tocou em pontos importantes que estão implícitos no meu poema.
    Vivemos um tempo de definição. Nele, as coisas acontecem de forma súbita e muitas vezes alteram substancialmente as coisas a que estávamos habituados.
    O fato é que nem todos estamos preparados pra isso.
    O poema , embora imperfeitamente, expressa essa iinevitável, e talvez trágica, hora de transição que vive a humanidade.
    Desculpe o ter me alongado.
    Meu abraço,
    Sersank
    08mar2011

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