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sábado, 16 de janeiro de 2010

Que farás tu, meu Deus, se eu perecer?

Que farás tu, meu Deus, se eu perecer? Eu sou o teu vaso - e se me quebro? Eu sou tua água - e se apodreço? Sou tua roupa e teu trabalho Comigo perdes tu o teu sentido. Depois de mim não terás um lugar Onde as palavras ardentes te saúdem. Dos teus pés cansados cairão As sandálias que sou. Perderás tua ampla túnica. Teu olhar que em minhas pálpebras, Como num travesseiro, Ardentemente recebo, Virá me procurar por largo tempo E se deitará, na hora do crepúsculo, No duro chão de pedra. Que farás tu, meu Deus? O medo me domina. Rainer Maria Rilke
(Tradução de Paulo Plínio Abreu)
Rainer Maria Rilke nasceu em Praga em 4 de dezembro de 1875. É considerado como um dos mais importantes poetas modernos da literatura e língua alemã, por sua obra inovadora e seu incomparável estilo lírico. "Poeta fundamental, Rilke é a voz de uma época em transição. Talvez seja a última voz do seu tempo, aquela que anunciou o "fim dos tempos modernos", como quer Romano Guardini, e ao mesmo tempo a primeira voz e o primeiro poeta dessa nova era que estamos começando a viver." (Paulo Plínio Abreu - parte de uma introdução sobre a obra de Rilke publicado no jornal paraense: "Folha do Norte" entre os anos de 1946 e 1948)

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