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quinta-feira, 5 de dezembro de 2024

Poema do banco vazio

 

Art by Autumn-walpap er1. jpg (do Google)



... E para concluir:


Quando eu tiver definitivamente partido

as coisas todas que ilusoriamente tive

 fugirão de mãos em mãos.

 

Meus sapatos restarão vazios

à espera de outros pés que os calçarão.

As velhas roupas penduradas

durante meses falarão de mim.

Depois talvez sejam vestidas

por gente que nunca vimos.

 

Meus discos nunca mais serão rodados.

O tabuleiro de xadrez dormirá a um canto do quarto.

Os livros de Esperanto

encaixotados

serão vendidos

a baixo preço, num “Sebo Literário”.

 

As coisas todas que juntava:

 cartas, coleções, fotografias e quadros

em dias tristes engavetadas

por questão de espaço -

sem mais nem menos,

serão banidas.

 

Da mesma forma

devidamente encaixotado

 raramente lembrado

serei excluído.

 

Para bem longe

de mim e das minhas lembranças

nas vagas

do mar nebuloso que é o tempo

as almas lindas que amo tanto

e tive e quero ter

sempre ligadas ao meu pobre coração

certamente se irão.

 

Os dias vão se suceder moldando um novo mundo

e as estrelas refulgirão

multiplicando-se

na vastidão do que chamamos - Céu.

 

Sersank, 15set2024


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