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quinta-feira, 10 de agosto de 2023

EM DEFESA DE URIHI - (Poema de Sersank pelo Dia Internacional dos Povos Indígenas)

 


Indígenas do Brasil


EM DEFESA DE URIHI (1)

(Pelo transcurso do Dia Internacional dos Povos Indígenas)

 

De mui antigas aldeias
vem este múrmur de rios outrora límpidos,
entrecortado aos uivos e rugidos da selva assustada.
 
O branco invasor
entrou com suas armas e bandeiras,
 falsos presentes,
coisas estranhas
como a aguardente,
guloseimas, explosivos.
 
O branco invasor
chegou com seus padres,
escapulários, rosários
e a douda cultura bíblica.
Seus falsos presentes
os confundiram.
Muitos deles, iludidos,
perderam-se em florestas
para além do grande mar.
Bem mais tarde, vieram
Rondon, (2) pacificador,
os irmãos Villas-Boas, (3)
e outros assim, de alma branca:
Don Phillips e Bruno Pereira.
Vieram e conheceram 
tardes de jogos, de caça e banho, 
celebrações de amor à liberdade e à vida  
sob o luar nas aldeias.
Como grandes pássaros,
agora, em uníssono cantam
ao redor das fogueiras.
Cantam e dançam, mas seu canto é triste.

Das brasas vivas
evolam-se e dançam
 almas de ancestrais guerreiros. 
Araribóia
Filipe Poti Camarão
Ajuricaba
Sepé Tiaraju...
 
Cantam e dançam
vermelhos do sangue da Terra.
São seus defensores.
Erguem as mãos a Tupã.
 
Não ao marco temporal! 

Pintados à guerra, pacificamente, lutam por Urihi.
 
Raoni Metuktire
Davi Kopenawa
Sonia Guajajara
Ailton Krenac
Daniel Munduruku
e outros tantos.
 
Não ao marco temporal!

Rufam tambores
como trovões.
 
Lembram I-Juca Pirama(4):
 
“Não temas, meu filho,
não temas que a vida
é luta renhida,
viver é lutar!
Se o duro combate
aos fracos abate,
aos fortes, aos bravos,
só pode exaltar!”
 
O branco invasor cobiça 
suas virgens moçoilas,
árvores, rios, minérios e céus.
Polui os seus rios, tabas e céus.
 
Porque tem maior número
e é muito mais forte,
o branco invasor
os mata, em tocaias covardes.
Mata-lhes filhos,
crianças, mulheres e velhos.
O branco invasor
já lhes roubou demais.

Que os ouçam, neste dia, o mundo inteiro!
 
NÃO AO MARCO TEMPORAL!
 
Caingangues
Ianomâmis
Charruas
Tremembés
Tupinambás
Tupiniquins
Timbiras
Caraíbas
Kaiowás
Ashanincas
Goitacazes
Ticunas
Picarrãs
Xetás
Carajós
Jaexaa porá
Terenas
Bororós
Xavantes
Macuxis
Tupis
Caiapós
Guajajaras
Potiguaras
Guaranis
e muitos mais.
 
(Poema de Sergio de Sersank, 09/08/2023)


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Desconheço a autoria da imagem

 

(1) URIHI - Nossa Terra-Floresta (Kami Yamaki Urihipë)

Para os Yanomami, ''Urihi'', a terra-floresta, não é um mero espaço inerte de exploração econômica (o que chamamos de “Natureza”) Trata-se de uma entidade viva, inserida numa complexa dinâmica cosmológica de intercâmbios entre humanos e não-humanos. Como tal, se encontra hoje ameaçada pela predação cega dos brancos. Na visão do líder Davi Kopenawa Yanomami:

 

A terra-floresta só pode morrer se for destruída pelos brancos. Então, os riachos sumirão, a terra ficará friável, as árvores secarão e as pedras das montanhas racharão com o calor. Os espíritos xapiripë, que moram nas serras e ficam brincando na floresta, acabarão fugindo. Seus pais, os xamãs, não poderão mais chamá-los para nos proteger. A terra-floresta se tornará seca e vazia. Os xamãs não poderão mais deter as fumaças-epidemias e os seres maléficos que nos adoecem. Assim, todos morrerão."

 

Fontes:

https://pib.socioambiental.org/pt/Povo:Yanomami

http://domtotal.com/periscopio/2022/2017/04/grito-da-guerra-essa-terra-e-minha/

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(2) marechal Cândido Mariano da Silva Rondon, conhecido como Marechal Rondon (Santo Antônio de Leverger5 de maio de 1865 – Rio de Janeiro19 de janeiro de 1958), foi um engenheiro militar e sertanista brasileiro, famoso por sua exploração de Mato Grosso e da Bacia Amazônica Ocidental e por seu apoio vitalício às populações indígenas brasileiras. Foi o primeiro diretor do Serviço de Proteção ao Índio (SPI) e estimulou a criação do Parque Nacional do Xingu. O estado brasileiro de Rondônia recebeu esse nome em sua homenagem. É o patrono da arma de Comunicações do Exército Brasileiro.

Fonte:

https://www.wikiwand.com/pt/C%C3%A2ndido_Rondon

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(3) “(...) os Villas-Boas dedicaram suas vidas a conduzir os índios xinguanos do isolamento original em que os encontraram até o choque com as fronteiras da civilização. Aprenderam a respeitá-los e perceberam a necessidade imperiosa de lhes assegurar algum isolamento para que sobrevivessem. Tinham uma consciência aguda de que, se os fazendeiros penetrassem naquele imenso território, isolando os grupos indígenas uns dos outros, acabariam com eles em pouco tempo. Não só matando, mas liquidando as suas condições ecológicas de sobrevivência.” (RIBEIRO, Darcy. Confissões. São Paulo: Companhia das Letras, 1997, p. 194)

Artigo de jornal da década de 1970

No aspecto dos índios, os irmãos Villas-Bôas implantaram uma nova política indigenista, que, basicamente, consiste na defesa dos valores culturais dos índios, como único meio de evitar a marginalização e o desaparecimento dos grupos tribais. A partir da máxima segundo a qual “O índio só sobrevive na sua própria cultura”, os irmãos Villas-Bôas conseguiram implantar uma nova forma de relacionamento entre nossa sociedade e as comunidades indígenas brasileiras. Essa política vem sendo esposada por etnólogos e entidades científicas não só nacionais, como estrangeiras.

Os Villas-Boas mostraram que a antiga visão que a sociedade nacional tinha acerca do índio era absolutamente equivocada. Não se tratava, portanto, de sociedades selvagens, sem regras e sem estrutura social como se narrava na época do Descobrimento do Brasil. A nova imagem do índio, trazida pelos Villas-Bôas à nossa sociedade, era a de uma sociedade equilibrada, estável, erguida sobre sólidos princípios morais e donos de um comportamento ético que sustentava uma organização tribal harmônica. A esse respeito Cláudio Villas-Bôas teria dito certa feita:

(...) “Se achamos que nosso objetivo aqui, na nossa rápida passagem pela Terra, é acumular riquezas, então não temos nada a aprender com os indígenas. Mas se acreditamos que o ideal é o equilíbrio do homem dentro de sua família e dentro de sua comunidade, então os indígenas têm lições extraordinárias para nos dar.” Cláudio Villas-Bôas

https://www.youtube.com/watch?v=IVcz34egKYQ

https://www.youtube.com/watch?v=rr_tyGdscio


(4) Poema de Gonçalves Dias, poeta indigenista brasileiro.


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Fila de índios se apresentando para a cerimônia do Kuarup


Fonte: https://www.wikiwand.com/pt/Irm%C3%A3os_Villas-B%C3%B4as

 

Outros povos indígenas:

 

Aikanã

Aikewara

Akuntsu

Amanayé

Amondawa

Anacé

Anambé

Aparai

Apiaká

Apinayé

Apurinã

Aranã

Arapaso

Arapium

Arara

Arara da Volta Grande do Xingu

Arara do Rio Amônia

Arara do Rio Branco

Arara Shawãdawa

Araweté

Arikapú

Aruá

Ashaninka

Asurini do Tocantins

Asurini do Xingu

Atikum

Avá-Canoeiro

Awá Guajá

Aweti

Bakairi

Banawá

Baniwa

Bará

Barasana

Baré

Borari

Bororo

Canela Apanyekrá

Canela Ramkokamekrá

Chamacoco

Chiquitano

Cinta larga

Deni

Desana

Djeoromitxí

DowEnawenê-nawêFulni-ôGalibi do Oiapoque

Galibi-Marworno

Gamela

Gavião Akrãtikatêjê

Gavião Kykatejê

Gavião Parkatêjê

Gavião Pykopjê

Guajajara Guarani

GuatóHixkaryana

Huni Kuin

HupdaIkolenIkpengIngarikó

Iny Karajá

Iranxe Manoki

JamamadiJaraquiJarawaraJavaé

Jenipapo-Kanindé

JiahuiJiripancó

JumaKa'aporKadiwéu

Kaimbé

Kaixana

Kalankó

Kalapalo

Kamaiurá

Kambeba

Kambiwá

Kanamari

Kanoê

Kantaruré

Kapinawa

Karajá do Norte

Karapanã

Karapotó

Karipuna de Rondônia

Karipuna do Amapá

Kariri-Xokó

Karitiana

Karo

Kassupá

Katuenayana

Katukina do Rio Biá

Katukina Pano

Katxuyana

Kawaiwete

Kaxarari

Kaxixó

Kinikinau

KiririKisêdjê

Kokama

Koripako

Korubo

Kotiria

Krahô

Krahô-Kanela

Krenak

Krenyê

Krikatí

Kubeo

Kuikuro

Kujubim

Kulina

Pano

Kuruaya

Kwazá

Makuna

Makurap

Manchineri

Marubo

Matipu

Matis

Matsés

Maxakali

Mbya

Mehinako

Menky Manoki

Migueleno

Miranha

Mirity-tapuya

MuraMundurukura

Nadob

Nahukuá

Nambikwara

Ñandeva

Naruvotu

Nawa

Nukini

Ofaié

Oro WinPalikur

Panará

Pankaiuká

Pankará

Pankararé

Pankararu

Pankaru

Parakanã

Paresí

Parintintin

Patamona

Pataxó Hã-Hã-Hãe

Paumari

Pipipã

Pira-tapuya

Pirahã

Pitaguary

Puruborá

Puyanawa

Rikbaktsa

Sakurabiat

Sateré Mawé

Shanenawa

Siriano

Surui Paiter

Suruwaha

Tabajara

Tapayuna

Tapeba

Tapirapé

Tapuia

Tariana

Taurepang

Tembé

Tenharim

Tingui Botó

Tiriyó

Torá

Tremembé

Truká

Trumai

Tsohom-dyapa

Tukano

Tumbalalá

Tunayana

Tupari

Turiwara

Tuxá

Tuyuka

Umutina

Uru-Eu-Wau-Wau

Waimiri Atroari

Waiwai

Wajãpi

Wajuru

Wapichana

Warekena

Wari'

Wassu

Wauja

Wayana

Witoto

Xakriabá

Xavante

Xerente

Xikrin (Mebengôkre)

Xipaya

Xokleng

Xokó

Xukuru

Xukuru-Kariri

Yaminawá

Yawalapiti

Yawanawá

Ye'kwana

Yudja

Yuhupde

Zo'é 

https://www.youtube.com/watch?v=5R3u4Oo1jyc 

https://www.youtube.com/watch?v=5R3u4Oo1jyc


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