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domingo, 31 de dezembro de 2017

NO APAGAR DAS LUZES



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ANO-NOVO
Meia-noite. Fim
de um ano, início
de outro. Olho o céu:
nenhum indício.
Olho o céu;
o abismo vence o 
olhar. O mesmo
espantoso silêncio
da Via-Láctea feito
um ectoplasma
sobre a minha cabeça:
nada ali indica
que um ano novo começa.
E não começa
nem no céu nem no chão
do planeta:
começa no coração.
Começa como a esperança
de vida melhor
que entre os astros
não se escuta
nem se vê
nem pode haver:
que isso é coisa de homem
esse bicho 
estelar
que sonha
(e luta).


Ferreira Gullar
In Barulhos

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