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segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

PARA OS QUE VIRÃO



Tela de Pierre Edouard Frere




Thiago de Mello

Como sei pouco, e sou pouco,
faço o pouco que me cabe
me dando inteiro.
Sabendo que não vou ver
o homem que quero ser.

Já sofri o suficiente
para não enganar a ninguém:
principalmente aos que sofrem
na própria vida, a garra
da opressão, e nem sabem.

Não tenho o sol escondido
no meu bolso de palavras.
Sou simplesmente um homem
para quem já a primeira
e desolada pessoa
do singular - foi deixando,
devagar, sofridamente
de ser, para transformar-se
- muito mais sofridamente - 
na primeira e profunda pessoa
do plural.

Não importa que doa: é tempo
de avançar de mão dada
com quem vai no mesmo rumo,
mesmo que longe ainda esteja
de aprender a conjugar
o verbo amar.

É tempo sobretudo
de deixar de ser apenas
a solitária vanguarda
de nós mesmos.
Se trata de ir ao encontro.
( Dura no peito, arde a límpida
verdade dos nossos erros. )
Se trata de abrir o rumo.

Os que virão, serão povo,
e saber serão, lutando.

2 comentários:

  1. Acho que letras, são o alimento das palavras, que alimentam as frases que me deixam com fome de ler então leio uma, duas, três vezes uma mesma frase a mesma poesia esperando me satisfazer, mas fico com dó de deixa-las mesmo sabendo que tenho outras para ler.

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  2. Ler poesia é um ato especial, diferenciado da leitura comum. Há que se captar o espírito das letras.

    "Se os líderes lessem poesia, seriam mais sábios. " Octavio Paz (México,1914-1998)- Premio Nobel de Litreratura em 1990.

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