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quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Poema All The World Will Smile Again de Basilio Fernández



All the world will smile again

(Todo o mundo vai voltar a sorrir)

(Tradução de Sergio de Sersank)

 
O que medita à sombra de uma torre,
como o que canta no cume do Everest coberto de neve,
pode ver como o mundo volta para trás os olhos
e esquece os cabelos levados pela história.
 
 Pode observar também como nas profundezas
há lagos por descobrir, selvas branquíssimas
e todo um reino de bondade nativa
que iguais perante a lei faz pássaros e homens.
 
Vê que o vento leve levanta um sussurro de folhas na Manchúria,
como move uma palmeira tropical
e que tudo está bem. 
Há sempre um suor frio que alaga a fronte do tirano,
que molha o peito do coolí adormecido entre bambus
e cai sobre a humanidade como chuva serena
de democracia, de traição e mão branca.
 
Toda esta frondosa vista deixa em poça de sangue a memória,
e ela sangra como ao beijar os lábios da mulher 
se vê  que são miragem,
destino de desejar as dunas desse peito
como montes de nostalgia,
de adormecer nesse país que ninguém ama. 
 
O mundo, porém, vai voltar a sorrir.
Talvez amanhã  se ofereçam a Deus  árvores ternas
e dourados dólares.
Talvez as armaduras  e os fuzis reluzentes
enferrujem nos desvãos  da aurora
em ressequidos sacos ou velhos latões.
 
Talvez o que medita ou canta vislumbre -
 faces sem cicatrizes -
 insólitas bandeiras
desfraldadas para os astros vivos
e uma  claridade plena no Ocidente,
imóvel sobre o caos.
 
 (Poema de Basílio Fernández)
 
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VERSÃO ORIGINAL

All the world will smile again 

Basílio Fernández


El que medita a la sombra de una torre,
o el que canta
en la cima de ese Everest moldeado de nieve,
puede ver cómo el mundo vuelve hacia atrás sus
ojos
y olvida sus cabellos caídos por la historia,
puede observar también cómo allá en lo
profundo
quedan lagos por descubrir, selvas
blanquísimas
y todo un reino de bondad nativa
que iguala ante la ley aves y hombres.
Ve cómo el viento suave levanta un murmullo
de hojas en Manchuria,
o mueve una palmera tropical,
y todo es así;
hay siempre un sudor frío que anega la frente
del tirano,
que moja el pecho del coolí dormido entre
bambúes
y cae sobre la humanidad como lluvia cándida
de democracia, de traición y mano blanca.
Toda esta frondosa vista deja un pozo de sangre
en la memoria,
sangre al besar los labios de esa mujer
y ver que son de humo,
destino de desear las dunas de ese pecho
como montones de nostalgia:
y de adormecerse entre las brumas de ese país
que nadie ama.
Pero el mundo volverá a sonreír,
tal vez mañana se ofrezcan a Dios árboles
tiernos
y dólares de oro,
tal vez las armaduras, los fusiles que fulgen
se oxidarán en los desvanes de la aurora
con sequedad de latones o sacos de herrumbre
Tal vez el que medita o canta
observa ya mejillas sin cicatrices,
insólitas banderas
desplegadas hacia los astros vivos
y una claridad pura
por occidente, inmóvil sobre el caos.



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Basilio Fernández
 
fue un poeta español nacido en Valverdín, provincia de León, en el año 1909 y fallecido en Gijón en 1987. Cursó sus estudios secundarios en el Instituto Jovellanos y se instruyó en Derecho en la Universidad de Oviedo. Probablemente, su vida dio el giro más importante tras el fallecimiento de su padre; a partir de entonces, dirigió el negocio familiar de vinos y pescados. Asumió esta responsabilidad muy a disgusto, e incluso la comparó con "la muerte en vida"; sin embargo, cumplió con este mandato hasta su jubilación.

Mantuvo una fructífera relación literaria con el famoso poeta español Gerardo Diego Cendoya, perteneciente a la Generación del 27, quien publicó tres de sus poemas en la revista Carmen, de la cual era director, y le dedico la "Fábula de Equis y Zelda". Si bien no se implicó en el mundo de la poesía como tantos otros, haberse hecho cargo de la economía familiar no le impidió continuar escribiendo. Por otro lado, resulta lamentable y curioso a la vez que no se acercara a los círculos literarios de la época, rechazando la riqueza del contacto con otros escritores en pos de respetar una herencia que nunca quiso.


Gracias a su sobrino, toda su obra fue publicada casi cinco años después de su muerte bajo el título de "Poemas de 1927-1987".

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

FELICITAÇÕES A TODOS NESTE NATAL




Meus votos de FELIZ NATAL e venturoso ANO NOVO a todos os amigos e amigas que enriquecem o meu universo existencial, dão-lhe sentido e o tornam cada dia melhor. 
Ofereço-lhes, neste fim de ano, já livres das previsões de mau agouro, esta singela trova , da minha coletânea de versos:

“Dotado de arte e engenho,
eu fiz na vida o que quis. 
Mas os amigos que tenho
é que a fizeram feliz.”

(Trova de Sergio de Sersank)

Kristnaskon kaj prosperan Novjaron al ĉiuj geamikoj, kiuj riĉigas mian personan universon, donas ĝin sencon, kaj ĉiutage plibonigas ĝin. Vian amikecon estas valora trezoro por mi.

Mi vin oferas en tiu finiĝanta jaro - jam liberaj de la malbonaj antauvidoj, tiun ĉi simplan trovon, de mia persona poemaro:

“Havante l’arton kaj scion,
ĉion mi faris vivante.
Tamen, devas al geamikoj
feliĉon ĝui konstante.”

(Trobo de Sergio de Sersank)

sábado, 15 de dezembro de 2012

O CÂNTICO NEGRO







O decantado poema de José Régio (Poeta português) interpretado pelo grande e saudoso ator brasileiro, PAULO GRACINDO.




FONTE:
http://www.youtube.com/watch?v=LkYkp3ZsmJQ&feature=share

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

DR. WALDO VIEIRA - Konscienciologio (Conscienciologia)



D-ro Waldo Viejra



Naskiĝis li en la 12ª de Aprilo 1932, en la urbo nomata Monto Karmelo, Ŝtato Minas Ĝerajs, Brazilo. Waldo Viejra diplomiĝis em Medicino kaj Odontologio kaj  postgradiĝis en Plastio kaj Kosmetikologio em Tokio, Japanujo.

Konscia projekcianto ekde kiam li estis 9-jara, antaŭ pli ol kvindek jaroj li esploras la homan konscion kaj liajn ekterkorpajn manifestaĵojn.

Li partoprenis en la fondo de la jenaj Institucioj:

INTERNACIA INSTITUTO PRI PROJEKCIOLOGIO KAJ KONSCIENCIOLOGIO – IIPC
CENTRO DE ALTAJ STUDOJ PRI KONSCIENCIOLOGIO – CEAEC
INTERNATIONAL ACADEMY OF THE CONSCIOUSNESS – IAC
INTERNACIA ASOCIO POR LA KONSCIENCA EVOLUIGO  -ARACÊ 
INTERNACIA ORGANIZO PRI KONSCIENCO-TERAPIO – OIC kaj
INTERNACIA ORGANIZO PRI EKZISTENCIALA INVERSIGO - ASSINVÉXIS

D-ro Vieira estis referencita en la angla verko WHO'S WHO IN THE 21ST CENTURY, eldonita de International Biographical Center – IBC.
Li estas proponinto de la sciencaj fakoj PROJEKCIOLOGIO kaj KONSCIENCIOLOGIO, kiuj estis sistematikigitaj en du traktatoj: 

Projekciologio: Panoramo de la Eksperimentoj pri la Konscienco Ekster la Homa Korpo (1986) kaj
700 Eksperimentoj de la Konscienciologio(1994).

Li verkis dekojn da libroj kaj centojn da artikoloj rilate la esploron  de la Homa Konscienco.

Nune, li disvolvigas tiajn esplorojn ĉe CEAEC - CENTRO DE ALTAJ STUDOJ PRI KONSCIENCIOLOGIO kiu sidiĝas en la urbo Foz do Iguaçu, Ŝtato Paraná, Brazilo.

Li donacis al CEAEC sian propran bibliotekon. Tio ebligis al la institucio organizi la HOLOTEKOn, kiu disponas je unu el la plej grandaj mondaj
kolektoj rilate al la temoj Konscienco kaj eksterkorpaj eksperimentoj.

Tie, en la Holociklo, specialiga sekcio de la Holoteko pri Leksikografio, D-ro Waldo Viejra  kunordigas  grupojn de esploristoj, kaj ili kune disvolvigas la ENCIKLOPEDION DE LA KONSCIENCIOLOGIO, verko kiu kunigos milojn da difinitaj vortoj rilataj al la ampleksa universo de la Konscienco.

Tradukis: Sergio de Sersank


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Dr. Waldo Vieira


Nascido em 12 de abril de 1932, em Monte Carmelo, Minas Gerais, Brasil, Waldo Vieira é formado em Medicina e Odontologia. Pós-graduado em Plástica e Cosmética em Tóquio, Japão.

É projetor consciente desde os 9 anos de idade e pesquisa a consciência e suas manifestações fora do corpo há meio século.
Participou na fundação do Instituto Internacional de Projeciologia e Conscienciologia - IIPC, Centro de Altos Estudos da Conscienciologia - CEAEC, International Academy of the Consciousness - IAC, Associação Internacional para Evolução da Consciência - ARACÊ, Organização Internacional de Consciencioterapia - OIC, e Associação Internacional de Inversão Existencial - ASSINVÉXIS.
Dr. Vieira foi citado pela publicação inglesa Who's Who in the 21st Century, editada pela IBC - International Biographical Center.
Propôs as ciências Projeciologia e Conscienciologia, sistematizadas nos tratados Projeciologia:Panorama das Experiências da Consciência Fora do Corpo Humano (1986) e 700 Experimentos da Conscienciologia (1994). Escreveu dezenas de livros e centenas de artigos relacionados à pesquisa da consciência.
Atualmente, desenvolve pesquisas no Centro de Altos Estudos da Conscienciologia - CEAEC, Foz do Iguaçu, Paraná, Brasil. Com a doação de sua biblioteca particular ao CEAEC, foi possível estruturar a Holoteca, que dispõe de um dos maiores acervos do mundo relacionado ao tema consciência e experiências fora do corpo.
No Holociclo, setor da Holoteca, especializado em Lexicografia, Waldo Vieira coordena equipes de pesquisadores no desenvolvimento da Enciclopédia da Conscienciologia, que reunirá milhares de verbetes referentes ao amplo universo da consciência.

Fonte:


sábado, 1 de dezembro de 2012

LANÇAMENTO DE LIVRO


Nesta sexta-feira, 30/11, à convite da querida amiga Sonia Rodrigues, estive na concorrida noite de autógrafos do belíssimo livro "GREGORY, O REI DOS GNOMOS" de Jorge Leal - um conto mágico, que apesar de destinado ao público infanto-juvenil, certamente agradará também aos jovens e adultos interessados nessa literatura. O livro, além de bem escrito foi ilustrado pelas habilíssimas mãos do jovem artista londrinense Lucas Gibim Rodrigues. Primoroso trabalho, como se pode ver pela capa.
O evento ocorreu no salão nobre da Biblioteca Pública Municipal de Londrina e foi enriquecido com a participação de uma jovem contadora de histórias e excelente atriz.
Também teve a presença do ilustre Deputado Federal André Vargas (PT-PR) e Família.
Não poderia deixar de registar, por fim, que esteve prestigiando o evento, minha querida amiga Célia Xavier de Camargo, de Rolândia - PR, ela que está lançando sua vigésima obra psicografada.
Os interessados podem solicitar o livro do Jorge Leal através do site www.viena.ind.br






Bom fim de semana!

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Lançamento da Revista HELENA


Estive presente 
na noite desta  quinta-feira, 29, na Biblioteca Pública Municipal de Londrina,  no evento que marcou o lançamento pela  Secretaria de Estado da Cultura da Revista HELENA (o título homenageia  Helena Kolody, nossa poeta maior). Foi muito bom rever, entre os presentes e usando também da palavra, o nosso querido escritor  “pé vermelho”, Domingos Pellegrini Junior. Esta foi a nota  divulgada na imprensa:
Governador Beto Richa lança segunda edição da revista Helena em Londrina
A publicação trata de urbanismo, imprensa, arte e costumes do Norte paranaense. A distribuição é gratuita e dirigida para bibliotecas e instituições culturais de todo o Brasil


O lançamento do segundo número da revista Helena - publicação da Secretaria de Estado da Cultura do Paraná (SEEC) - será nesta quinta-feira, 29 de novembro, às 19h30, na Biblioteca Pública Municipal de Londrina. Além do governador Beto Richa, o evento terá a presença do secretário de Estado da Cultura, Paulino Viapiana.

Este novo número busca contar um pouco da saga dos homens e mulheres que colonizaram e desenvolveram a região Norte do Estado. Uma civilização recente, formada por pessoas vindas de todos os lugares, que rapidamente entrou no mapa econômico, político e cultural do País. A distribuição é gratuita e dirigida a bibliotecas e instituições culturais de todo o Brasil.

O tema foi escolhido pelo Conselho Editorial deste número, formado pelo escritor Domingos Pellegrini, o jornalista Nilson Monteiro e o pesquisador Miguel Fernando. Nomes como Laurentino Gomes, Miguel Sanches Neto, Paulo Briguet, Letícia Marquez, Nelson Capucho, João Urban, Sossella, Haruo Ohara e Rodrigo Garcia Lopes, formam o time de 27 colaboradores – entre outros escritores, acadêmicos, jornalistas, fotógrafos e artistas gráficos – que participaram desta edição. Reunidos, seus trabalhos compõem um mosaico diversificado, que contempla os mais variados aspectos da região Norte. Da História propriamente dita aos traços comportamentais daqueles que passaram a ser conhecidos como “pés-vermelhos”.

A segunda edição de Helena traz narrativas sobre a importância do transporte ferroviário para o desenvolvimento regional e a onda de prosperidade proporcionada pelo ciclo do café, ameaçada pelas geadas que a marcaram como cicatrizes. Também resgata a inquietação política e cultural dos primeiros tempos, determinantes para a compreensão de fenômenos atuais.

A publicação ainda investiga as mais de 30 etnias que constituíram uma Torre de Babel no sertão paranaense, compartilha o olhar de quem testemunhou momentos fundadores ou cruciais, e não deixa de lado as memórias afetivas de grandes nomes da literatura paranaense ligados à terra vermelha.

Multimídia
Os leitores podem conferir todo o conteúdo, inclusive a edição anterior da revista, na internet, no endereço http://issuu.com/revistahelena
A versão para tablets também pode ser baixada gratuitamente. O facebook da revista www.facebook.com/revistahelena traz conteúdo exclusivo, como fotos e vídeos.

Ficha técnica
A revista Helena é uma publicação da Secretaria de Estado da Cultura do Paraná. O nome é uma homenagem à Helena Kolody, uma das principais poetas da nossa terra, e também à civilização helênica, berço da produção cultural ocidental.

A segunda edição contou com a consultoria do escritor Ernani Buchmann e coordenação editorial de Rogério Pereira, diretor da Biblioteca Pública do Paraná. A edição executiva fica por conta do jornalista Omar Godoy e da coordenadora de comunicação da Secretaria de Estado da Cultura do Paraná, Thaísa Teixeira Sade, edição de Luiz Rebinski Jr e Márcio Renato dos Santos e revisão de Marjure Kosugi. O projeto gráfico é assinado pelas designers Rita Brandt, coordenadora de Desenho Gráfico da SEEC, e Adriana Salmazo. A versão digital para tablets é do designer Maico Amorim.



quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Do poeta MANOEL DE BARROS






Imagem do Facebook - Ellen De Moraes




“Temos os meios de que precisamos para transitar com verdadeiro êxito ante os percalços da vida. Mas, para obtê-los, nem sempre valerão os títulos e a posição social. Haverá situações em que será preciso buscá-los nos domínios do espírito, portanto acima das convenções humanas; acima do rotineiro, instável e fastidioso nível de densidade em que, acomodados, esquecemos muitas vezes fragilizado o nosso ser.” Sergio de Sersank



quarta-feira, 14 de novembro de 2012

SAUDAÇÃO A FLORESTÓPOLIS




Imagem disponível no Google



SAUDAÇÃO A FLORESTÓPOLIS
(No transcurso de seu 61º aniversário)


Sergio de Sersank (*)




Na gleba ainda em floresta,
como novos bandeirantes,
unem-se e erguem, confiantes,
os heróicos pioneiros,
a princípio, algumas casas,
pequena venda e  pensão
e o  “Patrimônio São João”
começa a acolher tropeiros.

Desponta, assim, promissora,
a década de cinquenta.
O mundo, então, se orienta
para a pacificação.
Nasce um novo Município.
Traz no nome a sua origem.
Sobre seu solo  se erigem
o templo, a escola, a estação.

Surgem as oficinas,
a primeira serraria,
as casas de alvenaria,
o estádio, o clube, o cinema.
Consolida-se o comércio.
E, ante o fascínio do “novo”,
confraterniza-se o povo.
Progredir será seu lema.

Às margens da rodovia
entre os verdes cafezais
das grandes áreas rurais,
ridente, cresce a cidade.
Planta-se a cana-de-açúcar,
o milho, o trigo, o algodão,
o arroz, o soja e o feijão.
E faz-se a prosperidade.

Florestópolis é o berço
da Pastoral da Criança.
Com esse título avança
sua  gente varonil.
É terra de bandeirantes,
e, na medida em que cresce,
dignifica e engrandece
o nosso amado Brasil.


Londrina, 14 de novembro de 2012



(*) O poeta Sergio de Sersank, hoje residente em Londrina, é natural de Florestópolis. 

sábado, 10 de novembro de 2012

NUNCA MAIS - Poema de Helena Frontini




UM POUCO DE HELENA FRONTINI



Helena Frontini - Nasci em Santos, litoral Sul de São Paulo, mas vim para a capital ainda pequena e não guardo muitas recordações de minha terra natal. A não ser, o mar... Inesquecível em sua imensidão.
Em Sampa, desenrolou-se minha vida, a faculdade de Letras, meu casamento, o nascimento de meus filhos e a vinda dos netinhos que me trazem tantas alegrias.
Sempre fui encantada pela literatura e a música. Anos de estudos não me tornaram uma sumidade no piano e no órgão eletrônico, mas mesmo assim consigo tocar belas melodias nestes instrumentos.
Sou uma devoradora de livros e não consigo dormir antes de ler por algum tempo. A leitura é e sempre será minha maior fonte de informações e reduto das fantasias e sonhos desta sagitariana eternamente romântica e idealista.
A poesia é minha companheira desde a adolescência. Caminhamos de mãos dadas como amigas íntimas e inseparáveis.


sexta-feira, 12 de outubro de 2012

A CRIANÇA ABANDONADA





Sem lar, que sonha a criança
nos véus da noite que avança
ao cintilar dos néons?
Há fantasmas, ao relento,
uivando, uivando no vento,
não pode ter sonhos bons... 

Ecoam nos seus ouvidos 
os tétricos estampidos 
da noite da Candelária. 
E sofre – não há contê-los - 
os suplícios – pesadelos 
da convivência diária. 


Mal sabe seu sobrenome
e, arrostando frio e fome,
com outras iguais, ao léu, 
já não se ilude: a aventura
do seu viver será dura,
sem fada ou Papai Noel.

Sem um tutor que a estime
descamba às raias do crime,
toma gosto ao que é ruim.
Fuma o crack, cheira cola,
bebe, briga, se estiola,
desumaniza-se, enfim.

Por certo, revel, rejeite
afagos de mão piedosa.
Só sabe a mão asquerosa,
que, de outros olhos oculta,
o submundo comanda
e em horrífica ciranda
bem cedo lhe faz adulta.

Assim, no escoar dos dias,
sepultando fantasias,
o que esperar do amanhã?
Nega-lhe o fado que a isola
o seu direito a uma escola,
ao lar, a uma vida sã... 

Quantas vezes lhe negamos
um gesto de cortesia,
o agasalho em noite fria,
a cédula para o pão.
E se namora, esfaimada,
guloseimas na vitrine,
não é raro que termine
enxotada como um cão.

É inconcebível que clame
diante de nossos ouvidos
e nós – seus irmãos crescidos -
não lhe queiramos ouvir.
E assim viva expatriada,
sob o céu de seu país,
sem chances de ser feliz,
sem ter para onde ir.

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Sem lar, que sonha a criança
nos véus da noite que avança
ao cintilar dos néons?
Há fantasmas, ao relento,
uivando, uivando no vento,
não pode ter sonhos bons...

Sergio de Sersank

(Do livro "Estado de Espírito", Editora Ithala, Curitiba (PR), no prelo)





segunda-feira, 1 de outubro de 2012

TROVAS DE SERSANK



Arte by Ben Goossens



TROBO


PRI LA TEMPO

“Regi l’ tempon – ha, defio
la homojn loĝanta ĉiam!
La tempo - ĥolera Dio –
saŭdadon sentis neniam.”

                                (El la krestomatio de Sersank)

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TROVA


SOBRE O TEMPO

Deter o tempo é impossível,
desafiá-lo, quem há-de?
O Tempo é um deus irascível
que jamais sentiu saudade...

                                  (Da coletânea de Sersank)




domingo, 30 de setembro de 2012

TROVA




Resim & Fotograf -Murside & OZER 


Natureza

Do livro da natureza,
grande parte não foi lida,
e nela o Autor, com certeza,
conta o segredo da vida.


(da coletânea de Sersank)

terça-feira, 25 de setembro de 2012

PRI LA ASPEKTOJ DE L’ DOLOR’







TROBOJ EN ESPERANTO
(Veja a versão em português, publicada aqui  na data de 19/08/2012)




Kvankam stridaj, abstraktaj
estas l’ aliulaj doloroj.              
Ili nure vundas, akraj,
se ene de niaj koroj.

Ofte, bone konstatitaj
malpliiĝas la doloroj.
Zorgu ni, ke ekscititaj,
vekiĝas la aligatoroj!
  
Neniu el ni volas ĝin.
Antaŭ ĝi ni fuĝas for.
Ha, dia  il’ de l’ destin’,
ni nur ĝin nomas - dolor’!

Doloron  la plej kruelan,
nur, aflikte, sentas ĝin,
kiu en la mort’, senestelan,
la nokton vidas, sen fin’.

(El la krestomatio de Sergio de Sersank)




domingo, 16 de setembro de 2012

O GRITO DA TERRA





Ahinsa!

Ahinsa!


Sergio de Sersank


Desde as eras primitivas
a Terra se nutre
do fluido cósmico
que abre-lhe entranhas,
percorre-lhe inteira.
Na etérea poeira
de luz das estrelas
o fluido lhe vem.
Inunda-a de vida
esse mágico bem.
O sangue dos seres
que surgem e passam
noutros que, em ciclo
ascendente, sustém.

O espírito de Gaia
canta na Natureza
a música do Infinito.
Em culto à beleza,
exalta essa Fonte
da Vida que a anima.
e que  ela sublima
ao multiplicá-la
no espaço irrestrito.

Mas traz no seu canto
uma ária bem triste.
Sofre os excessos
dos filhos ingratos.
Está no limite.
Dá mostras de seus
sucessivos maus tratos.
Lamentavelmente,
comovem a poucos,
por certo, aos melhores
os duros apelos que emite.

Gaia está farta de sangue,
farta dos homens, talvez,
porque não cessa a ganância,
porque não cessa a violência ,
esses cancros resultantes
da insensatez.

Ciclônico éolo a bramir,
convulsiona o oceano,
rebenta do solo, feroz. 
Sofrem-lhe muitos a fúria.
Ouvem-lhe muitos a voz.

 Há os que riem e bebem e comem,
com as mãos manchadas de  sangue.
Sabem que a Terra prescinde do homem.
Nenhuma voz os confrange.

   
(Da coletânea “ESTADO DE ESPÍRITO”)

Serĝjo de Sersank

De la primitivaj tempoj -
kia profunda mister’! -
el kosma emanaĵo,
kiu  plene ĉirkaŭas
kaj ĝin trapenetras, 
nutriĝas  la Ter’.

Simile al l’etera pulvo,
devenas tiu ĉi fluido                       
el la senfina stelar’
kaj ĝi alportas la vivon -
miraklo ja sen kompar’. 
                                
La sango de ĉiu estaĵo,
tuj naskita jam  pasanta,
transfuzas Gaja en aliaj,
tio ĉi en ciklo kreskanta.

Tial, la animo de Gaja
aŭdigas en la Naturo
la muzikon de l’ Senlim’.
Tiele, ŝi laŭdas la dian belecon
de l’ Vivofonto kiu vigligas ŝîn
kaj kiu sublimigas ŝî per disdonad’
en ritmo intensa,
eble sen fin’.
                                                   
Tamen, la kanto de Gaia
nune fariĝas ia tristega ario.
Pro tio ke agresojn de nedankaj filoj
jam multe suferas,
nun ŝi kantadas en frua agonio.                          
                                                 
Ve, bedaŭrinde, nur kelkajn homojn
la plibonajn, certe, kortuŝas  la petoj,
kiujn, averte, elĵetadas  ŝi .
                                                               
Jam Gaja satiĝis je sango.
Eble je la homoj ankaŭ  satiĝas,         
ĉar  ne ĉesiĝas la homa perforto,
eĉ la homa ambici’ ne ĉesiĝas.
Ho, furnaj ŝankroj de l’ homa nesci’!

Ciklona Eolo, blekante feroca,
diskrevas el  la subgrundo,
agitas la maron, subite.       
Multaj suferas sian furozecon,
multaj aŭdiĝas  sian voĉon, aflikte.

Ja multaj malgraŭe
ridegas kaj drinkas kaj manĝas,
je sango malpurajn havante la manojn .
Tiuj sciadas: la Ter’  sin aranĝas:
neniel bezonas la homojn.
Tamen, nenia voĉ’ ilin tuŝas.
Nenia far’ ilin ŝanĝas.
  
(El la poemaro “SPIRITOSTATO”)