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domingo, 29 de abril de 2012

GRAVURA






(De um antigo prato de porcelana chinês, ilustrado)





Ecos de antigas tragédias
presos nos ermos penhascos,
na melodia dos cascos,
a noite os cala, encantada....

Na melodia dos cascos,
o carro outros sonhos leva.
Outras mãos prendem as rédeas.
E a lua ainda banha a estrada...



(Da coletânea "Estado de Espírito")







domingo, 22 de abril de 2012

APOCALIPSE (O Poema Indesejável)




Imagem do Google, disponível em 


“... E  vi  um  novo  céu  e  uma  nova terra. Porque  já
o primeiro  céu  e a  primeira  terra  passaram,  e  o  mar  já  não  existia.”
(Apocalipse, XXI : 1)


... Ainda há pouco ouviram
 (os que se debatiam, agonizantes
em meio aos escombros),
grande explosão nas nuvens.

Depois, a sucessão interminável
De estrépitos menores
no solo em estertores.
     
Da mais temida tempestade
as derradeiras luzes
vergastam, vigorosamente,
a  crosta  planetária.

Exibem para os sóis na Imensidade
o horror do grande ocaso,
o imenso caos.

Por fim, instaura-se, lenta,  
a mais negra e pesada das noites.
Frio terrível.
Estranhos odores
alastram-se aos uivos do vento da morte.

Assim, a interstícios,
domina o silêncio. 
Absoluto.

Não mais o pulsar do tempo.
Nem uma luz peregrina
no imenso e profundo abismo
que os mais aptos filhos da vida 
chamavam de Terra...    

22 de abril de 2012 (DIA MUNDIAL DA TERRA)

(Da coletânea "Estado de Espírito")


domingo, 15 de abril de 2012

CANTIGA DO AMOR EFÊMERO










Um crime, se me permites,
leitor, revelar-te-ei:
a mais linda das mulheres
eu, insensato, magoei.
Por breves, diáfanos dias,
foi-me ela a Sherazade
que, em sonhos de mil e uma noites,
corporifiquei.
Amou-me. Também a amei.

Mas sem desculpa plausível,
fleumático, inacessível,
ontem a noite, (que noite!)
assim, sem mais e sem menos,
a diva, a lívida Vênus,
eu para sempre deixei.

Por certo que chora, ela,
como estrela de novela,
no cenário em que atuei.
O “script” não trazia
tão abrupta cisão.

Este velho coração
já, por fim, petrificou-se,
desiludiu-se, não sei...
Já, por fim, pesa-me, imensa,
essa aonírica noite
na qual, mesmo à luz dos dias,
para sempre me embrenhei...


(Da coletânea "Estado de Espírito", de Sersank)









sábado, 7 de abril de 2012

O POEMA DA INQUIETAÇÃO









O que é a vida de um homem
nesta imensa e bela Argos
que os potentados celestes
puseram a navegar?


Que haverá além das ilhas
e terras, que não sabemos?
Perde-se o mar no horizonte.
Onde nos leva esta nau?

Quem há de ler nossa história?
São apenas arabescos
em livros inacabados,
nos porões do Panteão.

Giram nas volutas da galáxia,
aos milhões, mundos e sóis.
Perdem-se pra sempre no infinito.
Então, que será de nós?

(Da coletânea "Estado de Espírito")


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LA PREMANTA POEMO


Kio estas homa vivo
ĉi granda kaj bela Argo, 
kiu la ĉielaj suverenoj
aranĝis nin por navigo?


Kio estos trans la insuloj
kaj landoj, kiu povas scii?
La maro perdiĝas en la horizonto.
Kien ni sendas la ŝip’?


Ĉu la homajn historiojn legos iu?
Li vidos nur arabeskojn
en libroj ja nefinataj,
subtere de la Panteon’.


Ene de l’volutoj de l’galakci
miljonoj da mondoj kaj sunoj ruliĝas.
Sub tiaj ondoj por ĉiam perdiĝas.
Kio do fariĝos el ni?


Versão en Esperanto / Esperanta versio
(El la krestomatio "Stato de la Spirito") 


sexta-feira, 6 de abril de 2012

ROGATIVA

















Imagem:
(disponível no Banco de Imagens do Google)



Senhor Jesus, fonte de amor, verdade e vida,
Por dádivas me deste uma senda a seguir
E a cruz menor que me compete conduzir
Adiante, por mais íngreme a subida.

Devo olhar para a frente, lembrar-Te, ao cair,
Sofrer sem murmurar.  Sob as farpas da lida
Calar-me e persistir, manter a fronte erguida...
Nada me turve os horizontes do porvir!

Preciso humildemente devotar-me ao bem       
Sentir-me agraciado ao ajudar alguém
E ver somente irmãos, jamais um inimigo...


Aprimorar-me - seja o lema dos meus dias.
E por mais nada eu troque as doces alegrias
De estar somado aos últimos que tens Contigo!...


(Do Opúsculo  "Oásis de Luz", de Sersank)