Genivaldo dos Andaimes –
pouco mais de trinta anos,
cinco meses de instrução.
Egresso das caatingas
do nordestino sertão.
(Num dos barracos do morro
sete bocas se nutriam
dos calos de suas mãos).
Operário diligente
dos prédios em construção.
Artista, nas horas vagas,
como todo bom peão.
Aficionado à viola
e à "causos" de assombração.
Presença certa nas rinhas,
rodas de "truco" e rodeios;
festeiro por vocação.
Certa feita, após uns goles
de conhaque de alcatrão,
ouviu estranha proposta,
à meia-voz, num balcão,
de um facínora que vinha
agindo na região.
Tornou à casa, sombrio,
tomado de compunção.
Mas, vendo a mulher, a um canto,
resmungar-lhe um palavrão,
os filhos debilitados
pela subnutrição;
eles todos da indigência
resvalando à condição,
sentiu que o vulcão do peito
entrara em erupção.
Acostumado à dureza,
fez-se outro, desde então:
tomou a estrada do crime
sumiu-se na escuridão.
.............................................................
Numa tarde, ele e o comparsa
adentram, a mão armada,
magnífica mansão.
São, no entanto, surpreendidos,
pela polícia, na ação.
No cerco, que toma a quadra,
fazem reféns. Só se entregam
pós árdua negociação.
A imprensa, cobrindo o fato,
lhe amplia a repercussão.
Toda a cidade quer vê-los.
A polícia, ao removê-los,
Vacila. É o caos. Convulsão.
Acabam submetidos
à fúria da multidão...
..................................................
Genivaldo dos Andaimes
cinco filhos na penúria;
o lar em dissolução
e o comparsa, um ex-detento,
sem direito a julgamento,
são linchados, sem perdão...
Poema de Sersank
Do site
ResponderExcluirluso-poemas.net
Re: ESTÓRIA URBANA
Real e triste como a vida dos Pobres que são candidatos a marginais, por falta de opção, no nosso Brasil
Jacy de Belém
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Re: ESTÓRIA URBANA p/ JacydeNatal
ResponderExcluirÉ isso, Jacy. No outro lado da poesia está a realidade que, às vezes se nos revela de forma nua e crua, denunciando até que ponto chega a maldade humana.
Meu abraço,
Sersank
Do site:
ResponderExcluirluso-poemas.net
Re: ESTÓRIA URBANA
Assim os versos chegaram aqui, como se cantados num 'repente', imagens se misturando na cantoria, passando lentamente aos meus olhos, mas sem se perderem, pois a mensagem fala de realidades brasilis, tristes.
Um abraço carioca, poeta.
Zé Silveira
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Re: ESTÓRIA URBANA p/ ZÉ DA SILVEIRA
ResponderExcluirPrezado Zé,
Você que é um exímio cantor das cousas e causas populares não deixaria de perceber nas entrelinhas desses singelos versos os conceitos sociológicos que procuram evidenciar:
- A violência gera a violência;
- A pena de morte é um absurdo jurídico;
- Ninguém pode fazer justiça pelas próprias mãos:
- A ausência do Estado gera a desigualdade social, a insatisfação e a revolta popular.
- Etc.
Meu abraço,
Sergio Sersank
Re: ESTÓRIA URBANA
ResponderExcluirUMA REALIDADE AINDA EM PLENO SECULO 21. É UMA VERGONHA, O PRÓPRIO SER HUMANO É QUE DESENVOLVE ESSAS DIVERSIDADES.
UM TEXTO MARAVILHOSO.
DEIXO MEU ABRAÇO.
MARTISNS.
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Obrigado, Martisns.
ResponderExcluirGrande abraço!
Sergio S.