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sábado, 6 de fevereiro de 2010

ACÉDIA

“Não sou nada
Nunca serei nada.
À parte isso, tenho em mim
todos os sonhos do mundo...”
FERNANDO PESSOA (“Tabacaria”)


Queria, esta noite,
embrenhar-me na bruma
que envolve as cidades
longe, a luzir...

Como o urutau, mãe-da-lua,
monarca indigente,
à cata de estrelas
ou de vaga-lumes;
razão mais nenhuma,
alçar-me... sumir...

Queria romper
a cortina da noite,
de vez adentrar-me,
na bruma longínqua
do incerto porvir...

Como a ave impoluta,
senhora da noite,
alçar-me, expandir-me
e, p’ra sempre, sumir...



(Foto do banco de imagens de Hélio Vega de Vasconcelos)

Um comentário:

  1. Do Poeta Helder Duarte, de Portugal, registro, lisonjeado, o comentário que fez no site http://www.luso-poemas.net/index.php
    13/02/2010 13:49 Localidade: ALFEIZERÃO (Portugal) Re: ACÉDIA
    Sem dúvida. Lindo e total...
    HELDER DUARTE
    Ler mais: http://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=118548#ixzz0jxZQYX2K

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