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sábado, 27 de fevereiro de 2010

CENA COMUM DE DECESSO




Agonizando, a um canto, rememora
o enfermo, já sem algo a que se escude,
Extratos de episódios que, amiúde,
Deixaram cicatrizes. E os deplora...

Enfrenta o medo, um grande medo, agora,
Extintos os prazeres da saúde.
Os rostos de um cortejo e um ataúde,
Por cena afasta e atrai. É a extrema hora...

E, cônscio de que o tempo escoou em vão,
Reluta, enfim, à desencarnação,
Maldiz a enfermidade, grita e chora...
............................................................................
Como outros tantos!... Se tendesse à prece
Entreveria a luz que resplandece
Além da morte, em permanente aurora...


(Do opúsculo "OÁSIS DE LUZ" - Sonetos de Sersank Kojn)





(DIREITOS AUTORAIS REGISTRADOS E PROTEGIDOS POR LEI)


Imagem:
http://www.free2use-it.com/gallery/photo/l3/2183/Pôr_do_Sol

2 comentários:

  1. Bom sabes que sou sua fã! Adorei a sensibilidade em seu poema e fiquei pensando:O pensamento permanece
    Mesmo com a vida se esvaindo.
    De tudo que temos
    De tudo que tanto desejamos
    No ultimo momento só resta o pensamento.
    E ele só termina, quando em fim finda a vida.
    Foi assim que senti quando li seu poema

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  2. Grato pelo comentário, Enide. Andam avançados os estudos científicos no campo metafísico e são inúmeras e bastante consistentes as evidências de que a alma humana sobrevive à degeneração do corpo. A faculdade de pensar, pelo que se depreende, é atributo do espírito, portanto não cessa nunca. "Não somos seres humanos vivendo uma experiência espiritual, somos seres espirituais vivendo uma experiência humana."
    Teilhard de Chardin
    Abraço!

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