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sábado, 26 de janeiro de 2013

UM LIVRO A VOAR



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A história dos homens
é um rio que adentra
planícies do Eterno.
Distende suas águas
do vento a canção.
 Espelha o infinito:
luares, estrelas,
sol, aves, nuvens,
árvores, campos  
em transmutação.

O homem-arcanjo,
um livro que voa
sobre esse rio,
com asas de Ícaro
anseia as estrelas,
afronta o destino.
Leva a esperança
de um jovem planeta
repleto de vida
e quase divino.

No espelho das coisas
à volta, contempla
o seu próprio ego
em transmutação.
Num átimo, as torres
das Alexandrias
são ruinas no chão.

Das comunidades
impressas nos morros
aos altos andares
dos arranha-céus,
mil atrocidades,
assaz repetidas,
se apagam sem réus.

A luz do Calvário
refulge, isolada,
goteja no sangue
da faca afiada.
Terrível tragédia
ocorre no sul.
Bombas explodem
por toda Istambul.
As rolinhas voam,
no céu sempre azul.

O pássaro-homem
se vê labareda
mas sabe que pode
ser bolha de ar.
Que a pedra mais bruta
encerra em si mesma
a obra de arte
por se lapidar.

Ensina a ciência
de antigos pedreiros
que a mágica é simples:
o “abracadabra”
é apenas - ousar.

Serenos, refletem
e esperam os sábios
que - sempre aprendizes -
anseiam ser bons.
Mas cerram seus lábios
ao que desconhece
com que ferramentas
 desbasta-se a rocha,
desperta-se os dons.

Não temem as forças
que atuam na sombra,
que espreitam suas luzes
                                                   descendo telhados.                                                                                                                                                     
Mantém-se irmanados
 por elos profundos.
E ensinam-me agora
que o quadro lá fora
é um riso do Eterno,
Supremo Arquiteto
de todos os mundos.

A luz do Calvário
goteja no sangue
da faca afiada.
Refulge, entretanto,
nas flores que nascem
à beira da estrada.
Londrina, 25 de janeiro de 2013.

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Com muita alegria venho informar a todos  os  meus amigos e amigas que por estes dias estarei lançando em Londrina, pela Editora  Ithala, de Curitiba,  a  primeira  edição do livro ESTADO DE ESPÍIRITO.  Terei imenso prazer em poder autografá-lo para vocês. 
Aguardem,  só mais alguns dias... Estarei divulgando tudo sobre o lançamento. E espero que gostem!








sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

FRUSTRAÇÃO






FRUSTRAÇÃO

Estive a caminho de um sonho. Por mais breve fosse – e assim o sabia – ao fim, aquela viagem deixar-me-ia, se não de todo feliz, em posse de certa sensação de vitória. Teria, de resto, comigo a saudade, ou seja, as lembranças gostosas que sempre conferem às nossas histórias pessoais algum significado.
Ademais, um sonho desses, da juventude, talvez se fizesse epicentro de todas as grandes eclosões de minha vida, no futuro. Viajava, portanto, com certa euforia. Mas, no íntimo, por causa da ansiedade, alfinetava-me alguma apreensão.
Fazia a observação de tipos, leituras de superfície, ligeiras anotações. Compus uns dois ou três poemas de circunstância, os versos lembrando roseiras em flor.
Na bagagem, com a roupa, livros, cédulas e fotografias, o decorado estojo azul das alianças de ouro. Levava, pois, minha vida. Tudo o que tinha, até então.
Em certa parada, comprei à pressa alguns “recuerdos”. Lanchei, depois subi. Sentei-me na poltrona vaga e fiquei a olhar, da janela, os verdes campos, as matas, aquele vastíssimo céu. De repente, notei algo estranho. O número coincidia com o do bilhete, mas outra era a poltrona. Embora semelhante, aquele, logo vi, não era  o ônibus meu. Tristeza, frustração. Humor de poeta alterado. A obrigatoriedade de seguir até outra estação.
Que fiasco. Nunca mais pude reaver os meus pertences. Perdi também a noiva que não me esperou. Mas, logo convenci me: o que sentia, não era, nunca fora, nem seria, exatamente, com certeza, o que hoje entendo como um grande amor. Porque são inconstantes e surpreendentes os caminhos do coração uma viagem de amor não pode sempre ter destino certo.

Sergio de Sersank/ANOTAÇÕES

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

UM POUCO DA POESIA DE HERMANN HESSE





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POEMA

Hermann Hesse

Estranho é caminhar na densa névoa:
Solitária está cada planta ou pedra,
Nenhum arbusto enxerga o seu vizinho,
Cada um está só.

Cheio de amigos era para mim o mundo
Quando luminosa‘inda era minha vida;
Agora, que a névoa caiu,
Ninguém mais é visível.

Não é, deveras, um sábio
Quem não conhece a escuridão
Que, suavemente, nos separa
De tudo, inexorável.

Estranho é caminhar na densa névoa:
 Viver é estar solitário
Entre gente que se ignora.
Todos estamos sós.

(“Este Lado da Vida”, contos – Civilização brasileira, 1971 –Trad.de Álvaro Cabral)


Hermann Hesse
(02jul1887 - 09ago1962)




quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

UM SONETO DE ARTHUR RIMBAULD






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'LE DORMEUR DU VAL'

Arthur Rimbaud (1845-1891)



C'est un trou de verdure où chante une rivière,
Accrochant follement aux herbes des haillons
D'argent; où le soleil, de la montagne fière,
Luit: c'est un petit val qui mousse de rayons.

Un soldat jeune, bouche ouverte, tête nue,
Et la nuque baignant dans le frais cresson bleu,
Dort; il est étendu dans l'herbe, sous la nue,
Pâle dans son lit vert où la lumière pleut.

Les pieds dans les glaïeuls, il dort. Souriant comme
Sourirait un enfant malade, il fait un somme:
Nature, berce-le chaudement: il a froid.

Les parfums ne font pas frissonner sa narine;
Il dort dans le soleil, la main sur sa poitrine,
Tranquille. Il a deux trous rouges au côté droit.


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Dormindo no Vale

Arthur Rimbaud (Poeta francês,1845-1891)


É um prado verdejante onde, a cantar, um rio 
arrasta alegremente as ervas desprendidas,
prateadas pelo sol que a montanha no estio
espraia, à espuma de suas vagas repetidas.

Jovem soldado, à boca um sussurro contido,
descoberta a cabeça na relva molhada,
de olhos abertos, dorme. Seu corpo estendido
expõe-se como um tronco à abóbada azulada.

Agasalham-lhe os pés roxos lírios de outono.
Parece que sorri – frágil infante em sono.
Aquece-o, Natureza, no seu frio leito!

Não mais pode aspirar do vale os bons olores.
Dorme. E a dextra no peito, já livre das dores,
cobre dois rubros furos do lado direito. 

Tradução de Sergio de Sersank

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OUTRAS TRADUÇÕES


Adormecido no Vale

Arthur Rimbaud (Poeta francês – 1845-1891)

É uma clareira verde, onde canta um riacho
prendendo alegremente às ervas seus farrapos
prateados; onde o sol da orgulhosa montanha
brilha. É um valezinho a espumar claridades.

Um jovem soldado, a boca aberta e a cabeça
descoberta a molhar-se na erva fresca, azul,
dorme; está estirado ao chão, a céu aberto,
pálido, no seu leito verde, à luz que chora.

Os pés nos lírios roxos, dorme. E sorri como
sorriria uma criança enferma, em sono leve.
Natureza, aconhega-o bem: ele tem frio!

Os perfumes não mais lhe excitam as narinas;
dorme ao sol; tem a mão abandonada ao peito;
dois rubros orifícios sangram-lhe à direita...


Tradução de J.G. de Araújo Jorge

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'ADORMECIDO NO VALE'


É um vão de verdura onde um riacho canta
A espalhar pelas ervas farrapos de prata
Como se delirasse, e o sol da montanha
Num espumar de raios seu clarão desata.

Jovem soldado, boca aberta, a testa nua,
Banhando a nuca em frescas águas azuis,
Dorme estendido e ali sobre a relva flutua,
Frágil, no leito verde onde chove luz.

Com os pés entre os lírios, sorri mansamente
Como sorri no sono um menino doente.
Embala-o, natureza, aquece-o, ele tem frio.

E já não sente o odor das flores, o macio
Da relva. Adormecido, a mão sobre o peito,
tem dois furos vermelhos do lado direito.


Tradução de Ferreira Gullar






segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

UM SONETO MEMORÁVEL







O SINO
(Salvador Rueda)

Quisera ser um sino ressonante
 Para dizer, quando rompesse o Dia:
Ao que vive entre lágrimas: - “Confia!”
E ao sorridente e valoroso: - “Adiante!”

Para lançar meu cântico vibrante,
Que desperta venturas e energia,
E afugentar a lúgubre agonia
Que entenebrece o coração do amante.

Para à Mulher ir segredar: - “Redime”;
Ao Pecador: - “Vai reparar teu crime”;
Ao velho: - “Pensa na passada história”;

Para, afinal, reconfortar o Atleta,
E, ébrio de sons, quando morresse um Poeta,
Rachar meu bronze repicando à Glória!

(Trad. de Humberto de Campos)

Salvador Rueda Santos (Macharaviaya (caserío de Benaque), Málaga, 3 de diciembre de 1857- Málaga, 1 de abril de 1933), fue periodista y poeta español. Se le considera precursor español del Modernismo.



terça-feira, 1 de janeiro de 2013

VEM





"Vem. Conversemos através da alma. Revelemos o que é secreto aos olhos e ouvidos. Sem exibir os dentes, sorri comigo, como um botão de rosa. Entendamos-nos pelos pensamentos, sem língua, sem lábios. Sem abrir a boca, contemo-nos todos os segredos do mundo, como faria o intelecto divino. Fujamos dos incrédulos que só são capazes de entender se escutam palavras e veêm rostos. Ninguém fala para si mesmo em voz alta. Já que todos somos um, falemos desse outro modo. Como podes dizer à tua mão : "toca", se todas as mãos são uma? Vem, conversemos assim. Os pés e as mãos conhecem o desejo da alma. Fechemos pois a boca e conversemos através da alma. Só a alma conhece o destino de tudo, passo a passo. Vem, se te interessas, posso mostrar-te" ...

"Na verdade, somos uma só alma, tu e eu. Nos mostramos e nos escondemos tu em mim, eu em ti. Eis aqui o sentido profundo da minha relação contigo. Porque não existe, entre tu e eu, nem eu, nem tu..." 
(Jalal ud-Din RUMI)

Sobre o autor


Jalal ad-Din Muhammad Rumi

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Jalal ad-Din Muhammad Rumi

Nascimento: 30 de setembro de 1207
Morte: 17 de setembro de1273 (65 anos)
Ocupação: Poetajuristateólogo

Mawlānā Jalāl-ad-Dīn Muhammad Rūmī (مولانا جلال الدین محمد رومی), também conhecido como Mawlānā Jalāl-ad-Dīn Muhammad Balkhī (محمد بلخى), ou ainda apenas Rumi ou Mevlana, (30 de setembro de 1207 — 17 de setembro de 1273), foi um poetajurista e teólogo sufi persa[1] doséculo XIII. Seu nome significa literalmente "Majestade da Religião"Jalal significa "majestade" e Din significa "religião".[2] Rumi é, também, um nome descritivo cujo significado é "o romano", pois ele viveu grande parte da sua vida na Anatólia, que era parte do Império Bizantino dois séculos antes.[3]
Ele nasceu na então província persa de Balkh, na aldeia de Wakhsh, atualmente na província deKhatlon do Tadjiquistão. A região estava, nessa época, sob a esfera de influência da região de Khorasan e era parte do Império Khwarezmio.
Ele viveu a maior parte de sua vida sob o Sultanato de Rum, no que é hoje a Turquia, onde produziu a maior parte de seus trabalhos[4] e morreu em 1273 CE. Foi enterrado em Konya e seu túmulo tornou-se um lugar de peregrinação. Após sua morte, seus seguidores e seu filho Sultan Walad fundaram a Ordem Sufi Mawlawīyah, também conhecida como ordem dos dervishes girantes, famosos por sua dança sufi conhecida como cerimônia sema.
Os trabalhos de Rumi foram escritos em novo persa. Uma renascença literária persa (século VIII/IX) começou nas regiões de Sistan, Khorāsān eTransoxiana[5] e por volta do século X/XI, ela substituiu o árabe como língua literária e cultural no mundo islâmico persa. Embora os trabalhos de Rumi houvessem sido escritos em persa, a importância de Rumi transcendeu fronteiras étnicas e nacionais. Seus trabalhos originais são extensamente lidos em sua língua original em toda a região de fala persa. Traduções de seus trabalhos são bastante populares no sul da Ásia, em turco, árabe e nos países ocidentais. Sua poesia também tem influenciado a literatura persa bem como a literatura em urdubengaliárabe e turco. Seus poemas foram extensivamente traduzidos em várias das línguas do mundo e transpostos em vários formatos; A BBC o descreveu como o "poeta mais popular na América".[6]
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(Imagem do blog que recomendo: http://conscienciaeusou.blogspot.com.br/)