quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Poema All The World Will Smile Again de Basilio Fernández



All the world will smile again

(Todo o mundo vai voltar a sorrir)

(Tradução de Sergio de Sersank)

 
O que medita à sombra de uma torre,
como o que canta no cume do Everest coberto de neve,
pode ver como o mundo volta para trás os olhos
e esquece os cabelos levados pela história.
 
 Pode observar também como nas profundezas
há lagos por descobrir, selvas branquíssimas
e todo um reino de bondade nativa
que iguais perante a lei faz pássaros e homens.
 
Vê que o vento leve levanta um sussurro de folhas na Manchúria,
como move uma palmeira tropical
e que tudo está bem. 
Há sempre um suor frio que alaga a fronte do tirano,
que molha o peito do coolí adormecido entre bambus
e cai sobre a humanidade como chuva serena
de democracia, de traição e mão branca.
 
Toda esta frondosa vista deixa em poça de sangue a memória,
e ela sangra como ao beijar os lábios da mulher 
se vê  que são miragem,
destino de desejar as dunas desse peito
como montes de nostalgia,
de adormecer nesse país que ninguém ama. 
 
O mundo, porém, vai voltar a sorrir.
Talvez amanhã  se ofereçam a Deus  árvores ternas
e dourados dólares.
Talvez as armaduras  e os fuzis reluzentes
enferrujem nos desvãos  da aurora
em ressequidos sacos ou velhos latões.
 
Talvez o que medita ou canta vislumbre -
 faces sem cicatrizes -
 insólitas bandeiras
desfraldadas para os astros vivos
e uma  claridade plena no Ocidente,
imóvel sobre o caos.
 
 (Poema de Basílio Fernández)
 
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VERSÃO ORIGINAL

All the world will smile again 

Basílio Fernández


El que medita a la sombra de una torre,
o el que canta
en la cima de ese Everest moldeado de nieve,
puede ver cómo el mundo vuelve hacia atrás sus
ojos
y olvida sus cabellos caídos por la historia,
puede observar también cómo allá en lo
profundo
quedan lagos por descubrir, selvas
blanquísimas
y todo un reino de bondad nativa
que iguala ante la ley aves y hombres.
Ve cómo el viento suave levanta un murmullo
de hojas en Manchuria,
o mueve una palmera tropical,
y todo es así;
hay siempre un sudor frío que anega la frente
del tirano,
que moja el pecho del coolí dormido entre
bambúes
y cae sobre la humanidad como lluvia cándida
de democracia, de traición y mano blanca.
Toda esta frondosa vista deja un pozo de sangre
en la memoria,
sangre al besar los labios de esa mujer
y ver que son de humo,
destino de desear las dunas de ese pecho
como montones de nostalgia:
y de adormecerse entre las brumas de ese país
que nadie ama.
Pero el mundo volverá a sonreír,
tal vez mañana se ofrezcan a Dios árboles
tiernos
y dólares de oro,
tal vez las armaduras, los fusiles que fulgen
se oxidarán en los desvanes de la aurora
con sequedad de latones o sacos de herrumbre
Tal vez el que medita o canta
observa ya mejillas sin cicatrices,
insólitas banderas
desplegadas hacia los astros vivos
y una claridad pura
por occidente, inmóvil sobre el caos.



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Basilio Fernández
 
fue un poeta español nacido en Valverdín, provincia de León, en el año 1909 y fallecido en Gijón en 1987. Cursó sus estudios secundarios en el Instituto Jovellanos y se instruyó en Derecho en la Universidad de Oviedo. Probablemente, su vida dio el giro más importante tras el fallecimiento de su padre; a partir de entonces, dirigió el negocio familiar de vinos y pescados. Asumió esta responsabilidad muy a disgusto, e incluso la comparó con "la muerte en vida"; sin embargo, cumplió con este mandato hasta su jubilación.

Mantuvo una fructífera relación literaria con el famoso poeta español Gerardo Diego Cendoya, perteneciente a la Generación del 27, quien publicó tres de sus poemas en la revista Carmen, de la cual era director, y le dedico la "Fábula de Equis y Zelda". Si bien no se implicó en el mundo de la poesía como tantos otros, haberse hecho cargo de la economía familiar no le impidió continuar escribiendo. Por otro lado, resulta lamentable y curioso a la vez que no se acercara a los círculos literarios de la época, rechazando la riqueza del contacto con otros escritores en pos de respetar una herencia que nunca quiso.


Gracias a su sobrino, toda su obra fue publicada casi cinco años después de su muerte bajo el título de "Poemas de 1927-1987".

2 comentários:

Enide Santos disse...

Eu morro um pouco e (re)nasço um outro tanto e nesta transição renovo-me e revolto-me fico feliz mas sinto-me triste com medo de que minha coragem não seja o bastante para seguir onde quero parar.parece complicado até mesmo pra mim que sinto mas é assim que fico quando tento cravar letras em mim.

Sergio de Sersank disse...

Grato pelo comentário, Enide. Vc expressa um sentimento comum a todos que ouvem o chamado interior para a arte literária. É difícil resistir. E mesmo atendendo-o percebemos que não será fácil a luta com as palavras. Mesmo Drummond passava por isso. Mas é preciso lutar se queremos vencer.
"Lutar com as palavras
é a luta mais vã.
No entanto, lutamos
mal rompe a manhã."
(C. Drummond de Andrade)

Chegará sempre o momento em que a poesia "pousa no tempo":

"Cada verso com sua música
e sua paixão, livre de dono,
respira em flor, expande-se
na luz amorosa."

"A circulação do poema
sem poeta: forma autônoma
de toda circunstância,
magia em si, prima letra
escrita no ar, sem intermédio,
faiscando,
na ausência definitiva
do corpo desintegrado."

É da vida.

Abraço e feliz 2013 para vc e seus familiares.




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